Com este artigo corro o risco de dar a impressão de preferir o “estrangeiro” ao “nacional”.
Antes dos ataques me defendo rapidinho. Está longe, no passado, a época dominada pela ingenuidade da adolescência quando criava ilusões à respeito do longínquo.
Após o artigo sobre o presunto italiano e ibérico, onde disse que o presunto brasileiro era vergonhoso, discuti com amigos dos dois lados do Atlântico. Chegamos à conclusão que de uma maneira geral a qualidade dos produtos alimentares na França é superior que no Brasil.
Nos açougues brasileiros, nunca encontrei um pato como os franceses, um magret de canard espesso, um coelho fresco com bela côr, um chapon fresco. Sem falar do que aqui se chama gibier: javalis, veados, lebres, faisão.
E os peixes? Por que um país como o nosso, com rios e rios e não sei quantos mil quilômetros de costa, não consegue vender peixes frescos? A primeira vez que desembarquei no Nordeste com minha cara metade francesa, ele foi logo procurando as cidades onde se pesca lagostas. Ele conta, não me lembro, que o Brasil e a França andaram brigando por causa da lagosta. Pois bem, lá estavam os barcos de pesca e os pescadores. E a lagosta? Congelada! E somente a cauda. Nem uma lagosta inteira fora do congelador. Ele insistiu, dizendo que queria lagosta fresca! Mas ela é fresquinha, disseram. Foi congelada hoje de manhã.
Quanto aos queijos, antes de dizer que os franceses são melhores, assinalo com prazer que o nosso percurso está sendo exemplar nesta área. Quando fui para o outro lado do Atlântico, encontrávamos somente os nossos deliciosos, mas pouco numerosos, queijos regionais. Hoje temos uma grande variedade e eles estão cada vez melhores. Ao ponto da minha cara metade – expert em queijos – perguntar outro dia se o queijo servido era importado.
Mas os cremes de leite e iogurtes são incomparavelmente melhores no país Bleu/Blanc/Rouge.
E o chocolate? Se somos exportadores da matéria prima, por que cargas d’água nosso chocolate não possue a mesma qualidade?
Quanto aos vinhos, uma amiga enóloga me disse que um dia chegamos lá.
Leiam este artigo aqui publicado em abri/2008.
Fotos: César Braga de Oliveira
Resolva sua viagem:
Compre seus ingressos para museus, monumentos e atrações em Paris, na França e na Europa no site Tiqets. Use o código CONEXAOPARIS e ganhe 5% de desconto.
No site Booking você reserva hotéis e hostels com segurança e tranquilidade e tem a possibilidade de cancelamento sem cobrança de taxas.
Guia brasileiro para visitas guiadas aos museus e passeios em Paris, clique aqui para saber mais informações ou envie um e-mail para visiteparisape@gmail.com
No site Seguros Promo você compara os preços e contrata online o seu seguro viagem. Use o código CONEXAO5 e ganhe 5% de desconto.
Compre no Brasil o chip para celular e já chegue à Europa com a internet funcionando. Saiba mais informações no site da Viaje Conectado.
Pesquise preços de passagens e horários de trens e ônibus e compre a sua passagem com antecedência para garantir os melhores preços.
Obtenha o orçamento das principais locadoras de carro na França e faça sua reserva para garantir seu carro no Rent Cars.
Encontre passagens aéreas baratas no site Skyscanner.
86 Comentários
Luciana R.
Me desculpem pelos erros de ortografia. Escrevi na pressa!
Luciana R.
Sem falar que os italianos se gabam de ter o melhor café do mundo! Sim, café comprado do Brasil e a torrefação é feita aqui. Eles dizem que os brasileiros não sabem fazer torrefação, e devo dizer que é verdade! Muito me entristece, tb, ver outros países que se gabam de ter o melhor chocolate do mundo, quando não lhes nasce nem uma planta de cacau sequer. Por que o nosso café parece feito com água de latrina? Aquele “chafé”!
Por que nossos bombons tem uma quantidade de açúcar enorme, sem falar de certos recheios duvidosos que impedem de degustar o sabor do produto principal: o cacau. Cansei desses bombons recheados com coco, e que no final ficam com gosto de sabão de coco.
Por outro lado, me dói ver bistrôs brasileiros querendo vender um engodo: muitos restaurantes colocam “presunto de Parma”, quando na verdade é um presunto cru qualquer. Isso se sente no gosto e na textura do presunto, mas quem não é acostumado acha que está comendo Parma e não está!
Me lembro que estava de férias no Rio. Fui com amigos a um baladado bistrô que nos trouxe um macarrão cru. Quando meu amigo reclamou, o garçon foi atè a cozinha, voltou com o mesmo prato e disse que “como manda a tradição italiana, a massa estav al dente”. Eu retruquei e disse morando na Itália sei o que é uma massa al dente e uma massa crua! Aquele estava crua. Trocaram nosso prato, mas apesar de sermos poucos clientes, parece que de vingança demoraram muito para trazer um novo prato, dessa vez, sim, cozinhado como se deve.
Pra que fazer de conta que é um bistrô com inspiração italiana, quando não se sabe o que é uma massa al dente?
Para quem falou de preços: fazemos muitas viagens gastronômicas. Muitas vezes com 35-40 euros comemos do amuse bouche ao café, incluindo uma boa garrafa de vinho. Com cozinha espetacular, serviço impecável. Em Ipanema e Leblon já paguei 140 euros para comer filé com fritas, salada, uma bebidinha e sobremesa. E isso há 5-6 anos.
Rita Fonseca
Gente, não tem como comparar. Como muito bem disse Eymard, “não é falta de patriotismo. É REALIDADE”. Infelizmente o que se produz de melhor aqui no Brasil é exportado sim. Quando queremos algo de melhor qualidade, seja em mercados ou em restaurantes, pagamos bem mais caro. Quem conhece os supermecados de Paris, eu conheço bem, tem vontade de chorar quando vai a um supermercado aqui no Brasil. Claro que temos os Empórios onde encontramos produtos excelentes, mas com preços que poucos podem pagar. Temos também restaurantes maravilhosos, principalmente aqui em São Paulo onde moro, mas vocês tem idéia de quanto custa uma refeição em um deles? Para mim chega ser abusivo.
Por essas e outras Lina,acho que você tem toda razão. Não temos como negar: muitas coisas na França são bem melhores que aqui. Infelizmente, pois temos tudo para sermos tão bom quanto.
Helena Bäuerlein
Maria das Graças e Jane Curiosa,
Neide é fantástica mesmo.
Vejam abaixo o seu comentário, quando soube que estava sendo citada aqui.
Histórico de conversa
Helena Gesteira Bäuerlein
18 de junho de 2011 10:31
Neide, sou leitora assídua do Blog Conexão Paris. No post Nacional X importado, uma leitora falou do seu Blog. Achei que vc gostaria de saber.
Neide Rigo
Helena, putz, fiquei sem-graça agora. Obrigada por me contar. Acho que hoje é dia de lavar de novo o banquinho da Praça Angelo Rivetti. beijos,
Histórico de conversa
.
Maria das Graças
Jane Curiosa, será que voce está se referindo à praça onde ela e os vizinhos fazem um piquenique mensal? Se for eis o link do post com o nome da praça.
http://come-se.blogspot.com/2010/02/primeiro-domingo-do-mes-cafe-da-manha.html
João
Olá, será que a Maria das Graças poderia, por gentileza, me dar uma receitinha de seus saborosos pãezinhos?
Ainda temos matéria prima boa. No mais, é uma vergonha!
Vânia
Só sei dizer que no Brasil eu comia para suprir as necessidades…enquanto aqui eu como com e por prazer.
Amo minhas azeitonas artesanais temperadas com louro, cumim e pimenta dedo de moça, acompanhada de um bom rouge Cotê Du Rhône!! Oh lálá!!!
Jane Curiosa
Sei não. Eu procuro não ser muito regionalista.Nosso país é tão diverso
que aos desavisados pode até parecer vários.
Jane Curiosa
Beth
Dodô do Fuá, é o bicho! Por mim,está batizado,será Dodô do Fuá forever.
Maria das Graças
Que feliz coincidência.Apesar de gostar muito do blog dela,vou pouco por lá,muito pouco.
Mas tenho vontade de descobrir o endereço da pracinha aonde fica aquele banco que ela teima em tornar sentável e o vizinho marrento teima em ensebar para que ninguém possa nele sentar.Um dia ainda vou lá.
Maria das Graças
Jane Curiosa, da sua lista só consigo encontrar, com qualidade, água de coco (o Rio dá de 10), jaca deliciosa (tem um teimoso que vende e está sempre presente às terças e sextas aqui na minha calçada), melancia nas feiras livres e melão da redinha nos hortifrutis.
Pão de queijo eu não conheço nenhum que valha a pena experimentar aqui no meu bairro. Quando quero comer um bom pão de queijo faço em casa. Receita da minha outra parte de família, a mineira.
Sempre que compro aipim, batata baroa, jiló, cará fico pensando: quanta riqueza, quantas possibilidades de preparação. E a nossa farinha? Branca e rústica como a do meu querido nordeste; d’água, embolotada, amarela e com um cheiro todo especial.
Cocadas, geléias e doces pecam pelo excesso de açúcar que tiram completamente o sabor do ingrediente principal.
Buchada de bode eu adoro mas para o meu gosto não tem qualidade nem em Pernambuco. Temos aqui no Rio a Feira de São Cristovão onde também não vale a pena pedir uma buchada de bode
Temos uma riqueza invejável mas muito, muito mal aproveitada.
Maria das Graças
Jane Curiosa, a Neide Rigo, do Come-se, merece todos os nossos aplausos. O trabalho que ela faz e a forma como faz atinge vários públicos. Através dela eu já voltei várias vezes no tempo e recuperei lembranças dos sabores da infância através de frutas, legumes, verduras e vários outros tipos de alimentos. É um dos meus blogs favoritos.
Beth
Jane Curiosa
O Dodô do Fuá não está em greve, mas sim em fase preparatória (de resguardo) para uma temporada germano/parisiense….
Aguarde!
Risos e abs.
Jane Curiosa
Ô Suely
Ela é danada.Procura por lá a aventura dela com as africanas.
Muito desprendida também.Conhece-se muita coisa no blog dela.
Cará moela.Curry verde(uma árvore imensa).
achovocê bem corajosa de tentar os métodos dela.Fantástico.
Suely
Jane curiosa
Entrei no blog que você indicou,muito bom,vou tentar fazer o pão de queijo.E lá também aparece a nossa maravilhosa castanha do Pará.
Jane Curiosa
Beth
Muito bem lembrado.
Depois de ler tudo por aqui,depreendo que em maior ou menor escala,nós aqui buscamos a autenticidade nos alimentos que escolhemos. E nisso o Brasil é pródigo.Mas cuidado,isso também representa um certo perigo,pois a média da nossa população, como foi bem observado aqui,não aprendeu a ser exigente quanto à qualidade do que consome.
A Europa tem o “fuá”(O Dodô está em greve?);fungos para os mais exigentes paladares; os frutos vermelhos característicos das terras muito frias…
enfim,a Europa tem seus produtos que possuem a característica de suas terras,vide a Itália com seus tomates adocicados por nascerem em terras vulcânicas.
Nós(nóis,né?) temos pãozinho de queijo.(para mim,maravilhoso)
Doce de abóbora
Cocada branca e preta
Rapadura(não gosto de garapa).Tem também a rapadurinha de amendoim.
Água de coco
Jabuticaba(só gosto no pé)
Pitanga
Macarons de farinha de castanha de cajú(um case)
Incríveis doces em calda(benditos alemães)
Caipirinha
Batatada(essa saiu do caldeirão)
Pé de moleque
Jaca-tem sua origem na Índia,mas só no Brasil temos a mulher Jaca que vem a ser prima irmã da mulher Melância,que por sua vez é prima bem próxima da mulher Melão,e por aí vai…!
Depois:a feijoada;o arroz de carreteiro;a buchada de bode(argh!,mas é coisa
nossa e nossos políticos a adoram em época de eleição,rsrs);fejião tropeiro e carne de sol.
Paro por aqui mas deixo um endereço.
Nunca tentei preparar nenhuma das receitas dela.Ela é uma mulher ímpar,plugada,deve ser movida a energia nuclear(isso deve ser um insulto para alguém como ela).
Ela planta,ela colhe,ela transforma,ela divide tudo o que tem e tem conhecimento para dar e vender.Ela faz pães sem trigo.Centenas.
Ela viaja, e trabalha duro para descobrir e utilizar tudo o que pode se tornar
comestível,e o faz ser saboroso.
Eu tiro o meu chapéu para ela.
http://www.come-se.blogspot.com/
Beth
Pois é…
Enquanto isso o Alex Atala (leia-se D.O.M. SP) teve seu restaurante considerado o 7o. melhor do mundo, o que vem a comprovar que nossa culinária não é tão ruim assim…
Suely
Gente, tem muita coisa boa no nosso país,nossa carne é excelente assim como o nosso café ,a culinária mineira é deliciosa,temos geleias ótimas feitas em Campos do Jordão,o queijo de Minas,mussarela e queijo prato que derretem na boca,compro sempre peixe fresco na beira da praia direto dos pescadores,o problema é que nosso país é muito grande e os impostos maiores ainda,o custo de vida em São Paulo está impraticável.Cada país tem seus costumes,seu clima ,seu solo,mas também temos nossas delícias…
José Maurício
Luciana: Enquanto morador de Nictheroy-sur-mer, adorei os camarões fazendo abdominais no tradicional Mercado São Pedro, onde você pode comprar o pescado e prepará-lo num dos restaurantes do andar de cima por uma módica taxa. Mesmo assim, ali é uma das exceções que confirmam a regra geral: É mesmo difícil encontrar pescado em boas condições, principalmente devido ao clima e às dimensões continentais do Patropi, além da falta de infraestrutura,etc,etc,etc…
Jessica Scaléa
Pessoal, completando o que já se falou sobre os peixes que são mais difíceis de conservar nas altas temperaturas do país, acrescento que apesar de todos os quilômetros de extensão, nosso oceano não possui as melhores condições para a reprodução de peixes e frutos do mar.
Podemos encontrar mais variedade e maior quantidade de peixes e frutos do mar nos nossos vizinhos menores (como o Chile por exemplo) pelo fato do nosso oceano não ter contato com correntes marítimas geladas. Podem observar que os melhores peixes e frutos do mar vêm sempre dos locais banhados por correntes marítimas geladas.
O Chile além de ser banhado por uma corrente marítima gelada possui outra vantagem em relação ao Brasil que é um litoral muito recortado, o que propicia e facilita a pesca.
Ludwig Wallerstein Neto
Tout ce qui est importé est meilleur!!!
Eduarda
Luciana,
Acho que chega mais próximo, ainda é o frescal de cabra.
Maria das Graças
Comprei hoje pela manhã duas “siobas” pequenas que estavam com uma excelente aparência no Supermercado Pão de Açúcar, aqui no Leblon, Rio. Pedi para limpá-los e deixá-las inteiras. Em casa quando abri o pacote para lavá-los e guardá-los para o almoço de amanhã o que encontro. Peixes completamente deformados pela manipulação descuidada. Um deles com a cabeça completamente destruída e o outro esfacelado pelo corte indevido das barbatanas e, ainda, com as vísceras inteiras lá. Reensaquei tudo e no final da tarde vou devolvê-los. Dessa vez farei questão de devolvê-los ao gerente da loja que ainda por cima vai escutar tudo o que tenho para dizer. Não é a 1ª vez nesse mercado mas certamente será a última. Eu não ganho para ter esse trabalho.
Márcia
Quanto aos queijos e iogurtes não tem ter qualidade depois da “soda e água oxigenada”, queremos o quê?
Frutos do mar somente nos estados do litoral, pois sou do Centro- Oeste e quem consome estes produtos por aqui tem que ter muito $$.
Quanto aos peixes de água isso sim não tem comparação, temos os melhores e em abundância .
Frutas temos em abundância, mas as frutas vermelhas da França são uma perdição… morangos, framboesas, cerejas Oh la lá!! Os melões de charrentes o que é aquilo? um sabor especial e muito doce.
Vinhos eles entendem do assunto… um dia chegaremos lá.
Temos muita coisa boa, mas que falta trabalhar a qualidade dos produtos isso não tenho dúvidas.
Luciana
Acabei de chegar na França, tendo morado antes no Rio e em Natal.
Não posso discordar sobre o vinho, sobre os presuntos, as geléias e muitas outras coisas.
Lamento entretanto, que numa terra com mais tipos de queijo do que dias do ano, não exista nada parecido com o nosso queijo minas. Se eu estiver errada, e tomara que esteja, por favor me digam!
Sobre as frutas também discordo. Não temos mirtilos, morangos e damascos como os franceses, mas Paris perde feito em termos de variedade. Qualquer feira do interior do Rio Grande do Norte ou de bairros do Rio tem mais variedades que a feira da Bastilha, por exemplo. Digo isso, mas ressalto que acho um luxo a quantidade de cogumelos que vi ali.
Quanto aos peixes, para mim não tem conversa! O Brasil é tudo de bom! Sempre comprei peixe fresco! Viola respirando ainda no Recreio dos Bandeirantes, camarões fazendo abdominais no mercado de São Pedro em Niterói e robalo, bom, bonito e barato nas peixarias em Ponta Negra. Quer comer ostras frescas? Numa cidade chamada Galinhos, litoral norte do RN, você paga 1 real por cada ostra tirada do mar na hora pra você. Vale a pena a visita pelo lugar lindo e pelas ostras.
Acho que essas comparações acabam no zero a zero. Como cantam no Brasil, “cada um no seu quadrado”.
Juliana Amorim
o iogurte é uma vergonha, né? Sempre penso que puseram agua pra render… Mas iogurte não é feijao ! devia fazer uma musica” Tira essa agua do meu iogurte!!!!” Que tristeza
jorge fortunato
Quando leio certos comentários aqui no CP …. gostaria de ser árvore.
Carla
E outra, aqui você poderá morar no cafundó do judas… que encontrará tudo que tem em Paris, em razão da infra-estrutura. Já no Brasil isso é impossível.
Logistica, transportes e estradas tem uma grande parcela de culpa em nosso país.
Carla
Se o seu marido comeu um bom queijo no Brasil, pode ter certeza que tem uma mãozinha suíssa ou Francesa. Eu encontrei um queijo da região do meu marido (alpes) na serra mineira o “Reblochon”, mas quando fui pesquisar descobri que era Suiço casado com brasileira quem frabricava. É uma saída, quem sabe com a globalização esse “Savoir-faire” se instale em terras verde amarela?
Meu marido é franco-suisso, trabalha com nutrição animal, já moramos no Brasil, e ele garante que quanto ao leite tudo é muito precário, por isso os iogurtes e derivados do mesmo tem as mesmas caracteristicas. Eu não consigo entender porque o nosso iogurte é feito de essencias e corantes quando somos grandes produtores de frutos? Quanto aos frutos do mar eu não entendo por que somos grandes produtores de camarão exportamos para a Europa e no Brasil o preço é mais caro do que aqui na França?? O vinho realmente estamos caminhando (junto com os franceses) é claro. Alguém tem essas respostas??
Eduarda
Maria das Graças,
São uns heróis.
Alene
queridos, como faço para saber todos os guias que vcs possuem? estou indo a Paris para o natal e o ano novo e preciso de todas as informaçoes possiveis e imaginarias!!
Tem algum email que eu possa falar com vcs do blog?
beijos!
Maria das Graças
Eduarda, temos ilhas de excelência, ainda que de pequeno porte e com pouco significado econômico diante da imensidão do nosso querido Brasil, mas que representam um sinal positivo de mudança. São pequenos produtores de hortifrutigranjeiros da Serra Fluminense que estão nos mostrando que fazem a diferença. Plantam e vendem diretamente em pequenas feiras. Junto vem a queijeira, a padeira e assim vai.
A tragédia que assolou a serra no último mês de janeiro devastou muitas plantações mas a cada semana vemos um produtor retornando às suas atividades.
Maria das Graças
Aurea Costa, mudou a hora da chegada das jangadas ai em Fortaleza? Na minha época era no final da tarde e tinha peixe ainda vivo. Mas todos com vísceras. A última vez que comprei peixe ai foi em nov de 2000.
Eduardo Luz
É por isto que eu planto as minhas coisinhas aqui em casa!
E tem mais: eu prefiro tudo o que é nacional. Especialmente quando estou na França! 🙂
Ainda bem que ninguém citou o foie!!
Lina, desejo boas e gastronômicas férias.
Ah! Beth, mache?? Só no sex shop e olhe lá! rs
Eduarda
O incentivo à agricultura familiar e/ou de pequenos produtores é fundamental para que se possa ter uma verdadeira qualidade nos produtos.Os franceses sabem disso e lutam para manter os subsídios a essa prática que lá é tradicional e ainda predominante.
Nós estamos um passo antes: não há estímulo algum ao pequeno agricultor, só a pecuária e o plantio extensivo dos grandes latifundios tem benefícios. Nisso, devo admitir, os grandes partidos daqui, de direita e de esquerda não tem diferencial algum! Ambos, na sua prática de governo, tem uma visão desenvolvimentista baseada nos grandes produtores e no êxodo do pequeno agricultor do campo.
Jane curiosa, tb sou da roça e aqui na fazenda onde moro só há do melhor! A feirinha do Raspal perde de N a 0 prá nossa!
Aurea Costa
Penso que a explicação para os pescados guardados no gelo está na temperatura mesmo da região: em torno de 30 graus quase o ano todo. Fora supermercados, temos que ir cedinho `a Beira Mar, aqui em Fortaleza e adquiri-los logo que os barcos chegam, ( sendo que muitos passam varios dias no mar e já chegam com os pescados no gelo). Nas cidades litoraneas fora de Fortaleza já fica mais fácil adquiri-los na chegada das jangadas.
Walter Leite
Gostei de quase todos os comentários e as discursões em torno do tema. Pessoal, Natal-RN é lugar bom de peixe fresco.
Celia
Verdade, Lina. Nunca experimentei um iogurte tão gostoso no Brasil quanto os que experimentei na França. E chocolate? A mala voltou abarrotada ( a qualidade, a variedade são sensacionais, e o preço – 1/3 do valor daqui). Só em relação as frutas é que acho que, em algumas coisas (como o mamão papaya) ainda estamos na frente.
Sueli
Lina!
Dá para perceber a diversidade de opiniões por aqui.
Não podemos esquecer a imensidão do nosso País, o clima, a cultura do povo e os impostos caríssimos.
A maioria dos brasileiros nem valoriza muito o produto nacional, dá mais preferència para produtos importados ( China), de má qualidade o que é uma pena.
Quanto a alimentação, temos que aprender a ser mais exigente com a qualidade mas, nao posso deixar de mencionar que temos coisas boas também como já mencionado, as frutas, a cachaça as pizzas e principamente a cordialidade e alegria do nosso povo.
Um dia quem sabe chegamos lá..
Abraços á todos.
silvana
Interessante como um assunto tão comum pode suscitar tantos comentários! Cultura , respeito , tradição e a educação/bom trato com tudo , é o que a meu ver faz a enorme diferença ; não nego minhas origens , mas creio que jamais poderemos estar ao nível da França no lidar com o alimento, entre outras coisas mais . Lamentável , mas quem vai a uma feira na França e aqui no Brasil ( independente do estado ou cidade )sabe do que está sendo falado e discutido ; aproveitemos o que de melhor cada um oferece ,e aceitemos , lastimavelmente p/ alguns , as diferenças ;
Sara Melyssa
Um dia morarei em Paris e este dia não demorará.
Maria das Graças
Jane, quem me inspirou agora foi voce. Tenho feito exatamente isso: tirar proveito do que temos de melhor. E para isso faço como voce procuro a melhor matéria prima para fazer em casa.
Gosto demais de pão. E como não temos pão de qualidade passei a fazer as minhas fornadas. Tenho contado com a ajuda de excelentes vídeos de boulanger(ère) franceses, profissionais e domésticos, que mostram passo a passo como fazer. Já estou na 4ª fornada e o resultado está me surpreendendo. Penso, então, que não é só a matéria prima do pão das padarias que fazem do nosso pão de cada dia a pobreza que é.
Jane
Maria das Graças,seu comentário me inspirou…com raras exceções, acho que a melhor comida é a comida feita em casa.Hoje, por exemplo,comi um bolinho de cará delicioso no almoço e no café da tarde pão fresquinho caseiro,queijo frescal colonial e bolo de laranja.Nada requintado,tudo simples,mas delicioso.A matéria prima é batalhada numa via sacra que se repete rotineiramente,mas vale a pena.Valorizo demais uma boa mesa:farta e de qualidade.Nossos produtos são piores dos que os vendidos na França?É possível!O que nos resta fazer?Exigir…e escolher o que temos de melhor.
Abs
Jane Curiosa
Qui nada,bando de disocupado,tudo ocês.
é qui nem viro os mio aqui do sítio,as galinha poedera com cada ovo qui eu vô contá,ó! Mió de bom ainda é as leitoa lá do Gumercindo.Eu não dexo de cumê uma todo fim di ano,bem assadim,fica ingual um torresmim.
E mais o leite tirado no pé da vaca,sai quentim e fazeno espuma.Despois é só moê o café que a gente prantô e passá na meia do fio do meio que fica que é uma beleza,sô.Inda sobra leite pros quejo que a patroa despois vende pros turista
tudo lá na bera da estrada. mas esse tar de iugurte não é só pras moça fina passá na cara a mó de não invelhecê cedo demais?
VANEZA NARCISO
Excelntes considerações q jah foram feitas!
Acrescnto:
Vi uma reportagem hj, em que a Bahia com o maior litoral do Brasil importa peixes. Um absurdo! Há um maior consumo de peixes na Bolívia onde não tm mar do q no Brasil.
Nossa família consome peixes frescos, mas pra isso temos que ir até cidads pesqueiras onde sabemos os horários em q os pescadores chegam com suas canoas, portanto peixes maravilhosos.Nossas frutas são colhidas do sítio, portanto frutas maravlhosas.
Mas, qd vamos ao mercado, nós consumidores parte hipossuficiente não temos nossos direitos respeitados.
Acredito q a produção artesanal limita a qtd de produtos ofertados o q os encarece mas não diminui a qualidade dos msmo.
As políticas do governo (cito os impostos) não incentivam a produção e aprimoramento dos produtos nacionais para consumo interno q concorrem (desleamnt) com os estrangeiros.
Abs a tds!
Jane
Beth
Seu comentário é certeiro.O consumidor é pouco exigente, e enganado facilmente.
A C Sanchez
Lina,
Que assunto palpitante!!! Como deu para ver é um assunto que todo mundo gosta de falar, e muito. Cada pitaqueiro abordou as mais diversas visões do assunto. Como agrônomo me sinto um pouco à vontade para falar do mercado de alimentos. Vc. não encontra coelho e pato nos supermercados, a não ser nos de primeira linha e ainda assim congelados, porque a demanda é muito pequena por essas carnes.Não tem tradição de consumo. Por não ter escala de produção acabam se tornando caros. É um círculo vicioso.Por outro lado, como disse a Beth o consumidor brasileiro é muito pouco exigente por questões culturais e nível de conhecimento. É verdade que nossas comidas regionais são muito boas mas é uma coisa artesanal.
Enfim, em termos de mercado de allimentos, temos ainda uma longa estrada pela frente.
abcs.
Sanchez
Ludwig Wallerstein Neto
No Brasil só presta as mulatas e, as vezes, o futebol (apesar de eu não gostar nem um pouco). De resto (resto???!!!) só presta os importados.
cibele
é verdade… acho que não se discute a diferença na qualidade dos produtos franceses. fiz um curso de pães na frança, mas jamais os pães e doces serão os mesmos por uma razão bem simples: nossa manteiga e farinha são de má qualidade. uma pena… : (
Vera M M
Otimo post!
É impossivel nao fazermos comparacoes mesmo que estejamos fartos do assunto! No Brasil, os produtos citados pecam nao só pela qualidade, mas tb pelos preços elevadissimos.
Alias, a estrutura geral dos preços no Brasil – originada pela alta ganancia do setor privado, ineficiencia da infraestrutura brasileira e altos impostos do nosso governo, tornam os precos do Brasil ridicularmente elevados!
Mas vamos ver um lado bom do Brasil: nossas frutas! Quando viajo, morro de saudades das frutas brasileiras naturalmente doces!
Vivian Mara Côrtes Camargo
Lina
Esse seu post me deu saudades das peixarias francesas: me flagrei algumas vezes embevecida com a qualidade e variedade dos peixes e crustáceos, cheguei mesmo a fotografar os arranjos artísticos de uma delas…rsrsrs. E o mais impressionante foi a ausência do odor nada agradável de restos de peixes há muito tempo pescados que caracteriza (com raras exceções) as peixarias na minha cidade.
Robson Sabóia
Bom, sei que a Lina está de férias e também (antes que alguém levante aos berros a dizer que se trata de um blog “turístico”) que aqui já foi abordado assuntos políticos (apesar de que o que vou falar é muito mais cultural que político). Pois bem, quando voltar do merecido descanso, proponho a Lina um post sobre a França conservadora e como esse país perdeu, já há algum tempo, o posto de vanguarda dos direitos humanos, dominado por uma elite alicerçada nos valores religiosos (apesar de dizer que é atéia, talvez para não parecer tão “burra”), completamente diferente do “peixe” que vende. Paris já não é uma cidade de inteligentes, de brilho intelectual, como no final do século 19 e início do 20. Cabe agora a países como Espanha e Portugal este posto. Cidades como Lisboa e Barcelona são muito mais alegres, divertidas, onde gays podem andar à vontade… Quem diria, heim? Logo a França que adora chamar os outros de retrógrados… Os tempos mudaram. E olha que eu adoro a cultura francesa, mas que, pra mim, está se tornando algo como o que acontece quando se lê e admira a Grécia Antiga. É isso: admiro a França Antiga, a que nunca mais. A de hoje é só mais um país cristão conservador, que se acha laico quando quer discriminar os islâmicos, morre de medo de admitir que está se tornando insignificante. Uma pena, não precisa ser assim. Paris continua uma cidade de arquitetura linda, a mais bonita do Ocidente. Mas o que adiante construções se as pessoas que as habitam não sabem disso? Paris não merece, a França (Antiga) também não. Disse tudo isso porque hoje foi rejeitado o casamento gay na França. E o discurso dos conservadores (maioria, o que prova definitivamente que o país também é conservador) foi de casar inveja ao Bolsonaro. Teve até parlamentar comparando a relação entre pessoas do mesmo sexo a de animais não-humanos. Todos somos animais. Inclusive a parlamentar francesa, mas todos sabemos que este animal a que ela se refere é um conceito grotesco de animal, típico de pessoas irracionais e religiosas (uma redundância, é verdade). Mais uma vez: uma pena o que os franceses estão fazendo com a memória da França. No futuro (não tão distante) será como a Grécia, Itália… viverá de Napoleão, dos museus, dos iluministas e com aquele orgulho humilhado de quem sabe que as pessoas olham pra ela diz “pobre coitada, vamos respeitá-la pois lá já houve pensadores”.
Aristóteles
Esse negócio de justificar nossas mazelas graças à relativa pouca idade do Brasil não me convence. E os EUA, Canadá, Austrália etc? Eles têm até menos tempo do que o Brasil e estão à anos luz em desenvolvimento.
O que eu vejo que o nosso subdesenvolvimento é grande em várias áreas, inclusive nos alimentos. As cadeias de produção, à exceção das comodites, são muito amadoras e não primam pela qualidade do produto.
Não obstante isso, pagamos preços superiores aos europeus e americanos em quase tudo, inclusive em restaurantes, supermecados, vinhos etc.
É frustrante, no mínimo.
MônicaSA
Gente,
Não vamos nos esquecer: o Brasil estava sendo descoberto quando a França já fazia castelos. Eles têm mais chão do que a gente.
Calma, nós chegaremos lá.
Beth
Em tempo!
E ainda tem o chocolate da Helena Baüerlein….
Beth
O grande problema do Brasil é que o consumidor não é exigente!
Até para consumir é necessário um certo grau de educação…
Não adianta reclamar, tem que exigir!
Nesse ponto os paulistas estão dando um bom exemplo, é só entrar num bom super-mercado paulista. Tem até mâche!
Sem falar na pizza paulista (né, Zuleica?)
E nossa carne á muito boa…
Vera Lúcia
Lina, infelismente o Brasil é um pais muito caro de viver e visita. quando vc quer comprar produto de qualidade é carissimo. aqui nada é barato.
monica amadeo
Acho que nós brasileiros, copiamos muito o modelo americano de vida…infelizmente…..
Andrea
Lina, muito bom seu post!
infelizmente tudo isso é verdade! e olha que nem precisamos ir longe para notar a diferença na qualidade dos produtos, basta ir a Argentina e Chile, provar os doces de leite, iogurtes, chás, carnes, sucos, chocolate.
Também acho que não depende só de dinheiro mas de cultura e conscientização.
Semana que vem chego em Paris e depois curtir a vida na Provence.
Abços e obrigada pelas dicas!
jorge fortunato
O mundo é assim: há o bom e o ruim e sempre existirá. Gosto do que como fora e gosto do que como aqui. É claro que na Europa, principalmente na França há muito rigor em tudo. Quando vou ao mercado e vejo os tomates fico impressionado, vermelhinhos, nenhum estragado… mas o Brasil é o Brasil, a França é a França e a Bahia é a Bahia. O bom é aproveitar o que cada um tem de melhor. Cansei de fazer comparações.
Maria das Graças
Eu simplesmente desisti de fazer comparações e de tentar entender as razões das nossas mazelas na área de alimentação. É mais fácil e prazeiroso viajar e aproveitar o que o mundo tem de bom para me oferecer enquanto é tempo. Sim porque desconfio que em muito pouco tempo não teremos nada de bom em nenhum lugar. A pressa é inimiga da perfeição.
Por que os peixes no Brasil são vendidos com vísceras? Já fiz muitas perguntas a muitas pessoas da área e não tenho ainda uma explicação. Em um clima quente como o nosso as vísceras dos peixes contribuem em muito para a sua deterioração.
Adoro as Trilhas (rouget em francês) mas nunca consegui comprá-las por aqui em bom estado. Tal qual a sardinha, que são vendidas com as vísceras, não é possível consumi-las com todo o seu frescor. Estão moles e sem cor.
Há dois anos atrás passei uma semana em uma pousada renomada no litoral norte de Alagoas e peixe fresco nem pensar. Até o caju da caipirinha era congelado. Aliás, toda a comida era requentada. Desolador!
Em um supermercado do meu bairro (Zona Sul do Rio) os pacotes de funghi porcini italianos são furados para serem pendurados em um gancho. Embalagem exposta às intempéries e ninguém acha isso anormal e pagam preço de ouro.
Os deliciosos produtos do norte do Brasil e do nosso cerrado quando chegam por aqui são caríssimos e eu desconfio da sua qualidade.
Os restaurantes cobram uma fortuna por uma refeição enfeitada. Cadê a nossa comida? Onde se pode comer no dia a dia, em um restaurante no Rio, dobradinha, rabada, carne assada, feijão tropeiro, etc.
Onde em um café no Rio temos um paozinho com manteiga para acompanhar um café? Um bolo de fubá, de coco, de banana?
Ana
complementando os comentários acima: moro no nordeste e aqui encontro bastante peixe fresco. inclusive lagostas lindas, custando 35,00 o quilo. porém, concordo que os preços da maioria dos produtos estão bastante elevados.
Bruno Beltrão
Muito bons os comentários acima, concordo com quase tudo!
Cheguei a trazer quase 4 kg de chocolate( produto que mais gosto) da minha última ida pra Europa( maioria belga).
Mas discordo:
1-Carne vermelha: nosso corte é melhor na minha opinião.
2- Frutas: mesmo exportando as melhores , temos uma diversidade muito maior , claro ,por ser um país tropical…Mas podemos ter uma variedade muito maior em nosso cardápio diário.
3- Peixes: No nordeste ainda é possível comer peixe fresco, bem preparado, mais gostoso que na Europa .Claro, sou de lá, e pra mim facilita o acesso à informação de quais restaurantes valem a pena mesmo…
No resto, infelizmente, tenho que concordar em gênero, número e grau com os comentários anteriores, inclusive em relação ao preço, já não temos essa desculpa.
zuleica
Vou falar aqui na contramão de todos. Já estive na Europa, conheci alguns lugares e, claro, sua comida.
Acho que a cozinha brasileira – especialmente a mineira – não deixa a dever nada à francesa ou à italiana. Alguém já disse aqui, creio que foi a Beth, que não há no mundo pizza igual a que se come em São Paulo. Eu assino embaixo.
Nossa cultura em relação a produtos industrializados, é verdade, ainda está engatinhando. O yogurte, muito citado aqui, é mais jovem que eu no mercado brasileiro. Quando eu era criança comíamos coalhada mesmo, feita em casa com leite talhado, deliciosa.
Temos que considerar, além disso, que temos um país com 500 anos de idade e industrialização recentíssima. Não dá pra comparar com uma Europa de séculos, berço da civilização.
Vinhos, temos que concordar, não é a nossa praia. Será que na França existe cachacinha melhor que a nossa?
Não dá muito pra comparar países com climas diferentes e, sobretudo, com processos civilizatórios completamente diferentes também.
Acho que precisamos levar isso em consideração, sempre.
Maurício Christovão
Cristiane Pereira colocou bem a questão: Mesmo nos alimentos produzidos no Brasil que podem ter uma certa qualidade, essa é prejudicada pelo manejo e/ou conservação ineficientes. Lembrando que não existe peixe “fresco” , mas bem conservado ou mal conservado. Todo peixe de alto mar é capturado e colocado nos porões dos barcos sob refrigeração. Peixe fresco só existe se você tiver uma panela no fogo na praia ou no cais esperando o pescado sair do mar ou do rio… Quanto à lagosta no NE, existe um período de defeso no qual a pesca é proibida, e aí só teremos caudas congeladas mesmo. Concordo integralmente com o tema do post, mas temos um clima (bem) mais quente que a França e nossas distâncias são muito maiores, o que não justifica, mas explica muitas de nossas mazelas…
Cristiane Pereira/ BH
Lina,
concordo integralmente com tudo que vc disse.
Acabo de chegar de viagem com minha família (Itália e Paris) e um dos assuntos que mais comentamos ao longo das férias foi esse que vc abordou. É avassaladora e gritante a diferença de qualidade entre os produtos “nacionais” franceses, italianos e brasileiros e nós, aqui, sempre perdemos. Não consigo lembrar de nada, em termos de alimentação, que no Brasil seja melhor que nesses dois países – talvez a carne de boi, e olhe lá. E nossas frutas tropicais, claro, ficam de fora dessa comparação, assim como as frutas tipicamente próprias do clima europeu.
Minha mãe, cozinheira de mão cheia, sempre foi incomodada com a dificuldade de se encontrar peixe fresco, barato e em variedade, mesmo em cidades à beira-mar (moramos em Belo Horizonte, mas sempre passamos férias de verão no litoral).
Nessa última viagem, observamos mais atentamente um pouco de tudo: o presunto cozido, para não falar do cru, especialidade italiana, é um escândalo de gostoso, saboroso, macio, denso; as folhas das saladas são mais variadas, crocantes, gostosas, frescas; os legumes, mais bonitos e coloridos, com destaque para o tomate – é até covardia fazer essa comparação! – que é infinitamente mais gostoso e mais adocicado do que o melhor dos nossos tomates; a cenoura, e a ervilha torta, de menor tamanho, crocante, deliciosa.
Apesar de vc afirmar que nossos queijos estão melhorando, ainda acho que não dá pra comparar – me pergunto, por exemplo, porque a mozzarela de búfala, já fabricada no Brasil há anos, é tão ordinária por aqui. O mesmo para iogurtes e cremes de leite. Temos o maior rebanho bovino comercial do mundo, e em 2010 foram produzidos no Brasil 30 bilhões de litros de leite – mas, veja a contradição, essa produção não foi suficiente para atender a população e o país teve de importar leite. Muitos se perde até a mesa do consumidor por problemas de manejo, industrialização etc. Resumindo, nosso problema de não termos o melhor nas nossas mesas vai além da necessidade de exportar para gerar divisas.
Enfim, há um longo caminho a percorrer até colocar a nossa produção de gêneros alimentícios num patamar de qualidade internacional.
Vil Muniz
Lina,fico triste quando leio matérias desse tipo.Nosso Brasil tão bem servido de tuuuudo isso que você falou,mas a qualidade lá embaixo,QUE PENA!!!!!!Quem sabe um dia a gente chega lá…quem sabe!!!!!!
Muito boa a matéria,PARABÉNS!!!!
Beijocas para você e mande outro pra Paris por mim!!!!!
Patrícia V.
Lina
Você está corretíssima. A qualidade dos produtos daí é muito superior. Além do mais, como já foi comentado, aqui no Brasil estamos sofrendo com os altos preços. Cheguei ao ponto de fazer comprinhas no Monoprix e achar barato mesmo. Entre os itens que comprei, suco de laranja, queijos, salmão, iogurte com framboesas, biscoitos (aliás a linha goumet deles é ótima), tudo de excelente qualidade.
Quanto aos queijos, temos alguns muito bons mas falta excelência nos de mofo branco, sem falar no de cabra, que é artigo raro. Vinhos? Aqui no Sul compramos os chilenos, da terra mesmo somente os espumantes valem a pena. Chocolates… esse item não vou nem comentar.
Abraço
Fabio Silva
Ops, agora que vi que cortei sem querer uma parte do meu comentário. Era pra dizer que o Activia que minha esposa adorava aqui no Brasil, de mamão com laranja, eles tiraram de circulação, mesmo sendo o que as pessoas mais gostavam. Isso mostra que a qualidade começa no respeito aos consumidores.
Fabio Silva
Não vou nem entrar no mérito da qualidade, variedade, preparo, porque seria covardia com nossa cozinha nacional. Ela está a anos luz da francesa, infelizmente. Salvo raras exceções, que felizmente existem, mas só reforçam-se como exceções.
Vou comentar no entanto sobre uma coisinha bem trivial, um exemplo bem corriqueiro, de uma comidinha nem muito nobre, mas que ressalta as diferenças.
Minha esposa, como um sem número de mulheres, depende diariamente de uma cota de Yogurte Activia pra que seu intestino lembre-se de acordar e mostre as caras. Pois bem, segundo ela o melhor exemplar desse yougurte ela tomou quando estivemos em Paris, sabor Figo, e após voltarmos da viagem, já tá pensando em importar o acepipe pra essas terras tupiniquins.
Abraços cordiais
Lenna
Lina, estava lendo o teu artigo quando pensei exatamente no que Eymard escreveu. E nem tinha visto o comentário dele…Além dos 500 anos de diferença, há a nossa desinformação e o hábito de aceitar tudo o que oferecem, inclusive os importados. Precisamos caminhar muuuito para chegar aos parâmetros da Europa!!!
Adriana Pessoa
Marcelo, concordo com vc. O custo de vida no Brasil está altíssimo.
Produtos caríssimos, sem a mesma qualidade.
Sobre peixes frescos: a Lina tem toda razão. Mesmo no litoral, tem que procurar muito para encontrar algum que não seja congelado. Passei por essa experiência nas minhas últimas férias.
Na minha última ida a Paris, comprava suco orgânico de cenoura com laranja, no Monop ao lado do meu hotel por dois euros. Maravilhoso.
Em janeiro, suco de laranja em Trancoso: 17 reais.
E o que são os yogurtes franceses? Água na boca só de pensar no meu preferido: o de baunilha.
Alexandre
Concordo com o Marcelo e esse é um dos principais assuntos debatidos na gastronomia brasileira. O Slow Food não é apenas o hábito de preparar uma refeição e degustá-la apropriadamente, envolve, antes de tudo, a produção e processamento do alimento, a manutenção da regionalização da cozinha e, claro, o incentivo à produção de alimentos orgânicos.
O brasileiro está comendo melhor? Sim e não. Ele passou a conhecer outras cozinhas, mas ainda sim não se preocupa em saber a origem, o preparo e as condições desta comida. Um exemplo disso é o sushi. Muita gente adora, mas quantos vão a um bom restaurante comer sushi de qualidade? A maioria só conhece comida japonesa de churrascaria e à quilo. Eu vou praticamente toda semana ao mercado de peixe e há vezes que não há peixe fresco. Isso se deve aos metódos “precários” de pesca no Brasil. Tudo ainda é muito amador, doméstico. Há ainda o fator transporte, e isso se aplica a tudo. Nosso país não tem infra-estrutura. Adoraria comer frutas que vêm do Pará, Amazonas e do cerrado, mas não há produção para atender o mercado e nem transporte que viabilize isso, o jeito é recorrer aos sorvetes e polpas.
Quanto ao leite, o Brasil não produz leite suficiente e nosso leite não é de boa qualidade. Até alguns anos atrás, misturavam soda cáustica para render mais e aumentar o prazo de validade.
Mas a gente está caminhando pra frente. Há uma nova geração de produtores e cozinheiros com cabeça inovadora!
rosiris
Pois é… Qual a razão???? Os sabores, a qualidade, a apresentação… não se compara… E concordo com o Marcelo, é uma questão cultural.
Marcelo
Discordo do Luciano. Hoje em dia paga-se MUITO mais caro no Brasil do que em Paris. Tanto em restaurantes quanto em supermercados, e isso sem termos um décimo da qualidade. Não acredito que isso vá melhorar com o aumento do poder aquisitivo do brasileiro. É uma questão de informação, muito mais uma questão cultural do que uma questão de dinheiro. No Brasi não estamos acostumados a prestar atenção na origem dos alimentos, ingredientes, processo de fabricação, etc… São todos aspectos que um francês leva em conta na hora de comprar alimentos. Basta reparar: nos supermercados mais chiques de SP ou RJ não conseguimos encontrar estas informações para a maior parte dos produtos, enquanto que em qualquer supermercado popular da França vc as encontrará.
Nick
Concordo em tudo que a Lina escreveu…..e fim de papo !!!
Ludwig Wallerstein Neto
Infelizmente o Brasil precisa ser substituído urgente, em “todos os quesitos”… Não digo isto feliz, mas digo com convicção.
Luciano Melo
A resposta para muitos destes questionamentos está respondida nos comentários acima. Somos muito bons na produção de alimentos, porém não desfrutamos deles, pois a maior parte é exportada. Temos que entender que só recentemente observou-se um aumento do poder aquisitivo no Brasil que ainda está a anos luz da europa. Na França come-se muito melhor mas paga-se muito mais caro. Com o aumento do mercado consumidor interno certamente as coisas vão melhorar rapidamente mas isso demora mais do que gostariamos. Uma vez assisti uma entrevista de Olivier Anquier que tinha recebido um prêmio internacional por um jogo de facas para cozinha que ele produziu. Ele comentava que o dia que o brasileiro soubesse da qualidade do que existe no Brasil e tirasse proveito disso o país decolaria. Na frança se produzem os melhores vinhos e queijos mas grande parte do que exportam para nós é de qualidade inferior. Não é difícil alguém que quer impressionar servir um vinho horroroso e um queijo farelento dizendo ser bom porque é francês. Forma-se o circulo vicioso. Exportamos o nosso melhor e ficamos com a impressão que não produzimos nada de qualidade e importamos muitas porcarias embaladas no glamour de ser bom por ser produzido num país com tradição.
Tatyana Mabel
Lina,
Por que será que é verdade o que vc diz?!?!?
Fico tentanto encontrar uma saída mais gloriosa para nós, brasileiros… no caso do peixe, será que o clima quente leva os pescadores a congelar logo tudo?!?!?… As frutas, que deveriam ser LINDAS em função do sol se tornam raridades vendidas a peso de ouro em supermercado chic… Ahhh os iogurtes são imbatíveis na Franca e o tal do fromagge com geléia…hummmm… meu marido diz que no Brasil não há substituto para ele e é verdade.
Eu fico impressionada como em Paris se come com qualidade em todo lugar… não precisa ser rest. de grife… qualquer lugar oferece uma comida fresca, bonita,… ai ai ai
Chris
Lina,
Sobre os peixes no nordeste, vou manifestar minha defesa como boa ludovisense 😉
Sim, muito lugares acabam de pescar e metem o pescado naquela caixa de isopor cheia de gelo, geralmente nas feiras e mercados livres, mas ai depende tb do mercado que vc vai, e a hora que vai. Se vc procura pescado à tarde, vai encontra-lo na tal caixa. Se o mercado for longe da origem do pescado, vc vai acha-lo no gelo tb. Isso pq o pescado se deteriora muito rapido, e isso se agrava à medida que vc vai se aproximlando da linha do equador, onde o calor é maior e as bacterias começam a trabalhar mais cedo nesse caso. As chances de achar o peixe mais fresco é no mercado mais proximo de onde ele é pescado, ou na propria saida da pesca, de preferencia no horario que eles chegam. No meu caso, em São Luis, normalmente é às 6h da manhã e às 5h da tarde, que é o horario que os barcos de pescadores chegam na praia e é onde vc compra peixe mais fresco e barato.
EU nunca comprei peixes aqui em Paris. Os mais frescos que achei encontrei por um preço nada honesto, e nos mercados livres eles não estavam bem condicionados.
Sobre as outras coisas, assino em baixo do que vc disse, so com um comentario: Muita saudade do queijo-qualho que uma das minhas tias faz… hummmmm =p
Désirée
Lina vc tem toda razão, seus questionamentos são também os meus. Acrescento as frutas, que dó, são as que comemos aqui!
Abraço
Eduarda
Pelo menos no café essa política de exportar o ouro e consumir a palha começa a mudar…
Há…e agora defendendo meu rincão, posso garantir que os produtos orgânicos e biodinâmicos daqui do Brasil não fazem feio em comparação com os franceses, aliás, MUITO pelo contrário!
|Bia Nicastro|
Tambem não gostaria de concordar mas, até a melhor carne que comi até hoje foi na França. E isso me dói no coração dizer, visto que moro no sul do Brasil e a carne é abundante aqui. Só queria saber o porquê desse nosso próprio descaso. Exportamos o melhor e nos “deliciamos” com os restos…
eymard
Lina, nesses dias de férias comece por ler Boa Ventura! (rs). Vai entender os motivos pelos quais todos esses produtos industrializados ou nao sao incomparavelmente melhores por lá. E, realmente, nesse quesito, nao ha qualquer falta de patriotismo. Ha realidade! Melhoramos? Muito. Mas ainda temos uns 500 anos de atraso a tirar. Nossos vinhos, hoje, sao muito melhores do que tempos atras. O melhor da nossa carne?? Para exportaçao. O melhor do nosso café? Para exportacao. Provavelmente (essa area nao conheço), o melhor do nosso cacau também dever ser para exportaçao. No entanto, se temos um mercado interno mais exigente e em condiçoes de “comprar”, a tendencia é que tenhamos melhores produtos mais a frente. Depende de todos nós (quem planta; quem consome; quem vende; quem industrializa…) e deles (que regulamentam, fiscalizam…).
Ana Paula Cardoso
Querida, como sempre, seu post é formidável. stou em Paris neste momento. Indo para o D’Orsay e depois passarei na grand epicerie. Eu acordei hoje, comi um pão com manteiga, tomei um iogurte com orango fresco e pensei exatamente isso: porque no Brasil, um país tão rico, somos tão precáios em coisas boas, com sabor mais natural? Seu post foi redentor pra mim, uma pessoa que é alvo de deboch por volar ao país com mala cheia de comida. Compro desde manteiga até iogurte, passando por vinhos e até açúcar. Bjs
Amélia
È isso aì …….
Glorinha Rinaldi
Estavamos com saudades,viemos fazer uma visita,o blog é muito legal.
Glorinha e Rogerio Rinaldi
Criadores do brinco Look do dia
http://sbrincos.blogspot.com
Uma ótima quata feira.