Como conhecer Paris? Retornando, neste momento já nos sentimos em casa prontos para conhecermos realmente a cidade.
Às vezes organizamos viagens impulsionados pelo desejo de tudo conhecer. Pela curiosidade de explorarmos todos os cantinhos do mapa-múndi. Agimos, assim, sob o comando do desejo inato pela novidade e pelo desconhecido.
Outro dia li um artigo que fazia a apologia do familiar, daquilo que conhecemos bem. Parece que alguns cientistas provaram que as férias passadas em lugares que já visitamos, ou que frequentamos há anos, são mais gratificantes.
Quando desembarcamos pela primeira vez no destino escolhido nos sentimos na obrigação de tudo conhecer. Listinha dos top 10 nas mãos corremos o dia todo. E o medo de deixar de lado o mais importante?
Uma expressão inglesa explica bem a pressão estranha que sentimos. Somos impulsionados pelo FOMO, fear of missing out. Com o aparecimento das redes sociais, o medo de perder alguma coisa atingiu um grau de intensidade absurdo. A aflição de mostrar aos amigos e followers que estamos “naquele lugar imperdível” faz parte de nosso cotidiano.
Nossas viagens acabam se tornando maratonas e voltamos para casa exaustos. E o pior, contamos aos amigos que fizemos um passeio maravilhoso. Vimos tudo, fotos e vídeos como provas.
Paris. Centre Pompidou
A 2ª vez
Vivemos a situação contrária quando nossa viagem é um retorno. A pressão para sermos produtivos e bem organizados é menor. Estamos mais calmos, seguros que já vimos o essencial.
Saímos pelas ruas sem listinhas e sem roteiros. Objetivos do dia: se perder, descobrir e experimentar; deixar o tempo rolar, degustar com calma, observar e tirar a foto única; acordar tarde, tomar café da manhã com calma; consultar a agenda cultural da cidade, ver exposições e escolher alguns espetáculos. Temos tempo. E aprendemos que o importante é voltar.
Na realidade a única maneira correta de conhecer locais e pessoas é assim. No tempo desacelerado do retorno. Na situação confortável daquilo que é familiar. Já sabemos como funciona o metrô, já conhecemos o café da esquina, já sofremos nas mãos dos garçons. Estamos sobretudo muito mais seguros. E isto muda tudo.
Este artigo é uma tradução livre/adaptação do post publicado por Condé Nast Traveler.
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9 Comentários
Fabio
Estarei em Paris nos dias 05 a 08 de maio. Como é feriado dia 08 de maio, a minha dúvida é se estará tudo muito lotado. Se for o caso, postergaria para o dia 19 de maio. vcs teriam uma sugestão?
Rodrigo Lavalle
Fábio, pelo fato do feriado cair na segunda-feira a cidade fica um pouco mais cheia mas não creio que seja motivo para remarcar a viagem.
Dillemba
Graças a vocês, ao meu amor pela França e à sensata decisão de não ir com agência de viagem pude aproveitar Paris já na primeira vez. Que delícia se perder/se encontrar nas ruazinhas de Montmartre, descer na estação Trocadéro, ficar extasiado com a visão da torre, caminhar pelos arredores, descobrir um cemiteriozinho ali perto, vamos ver? Vamos. E encontrar uma pérola, com mausoléus antiquíssimos, cheio de barons, marquis, Légions d’Honneur. Só indo sem pressa mesmo.
Patthy
Esse texto veio na hora certa. Ainda não é meu retorno e sim a primeira vez indo a Paris, e estou naquela fase de decidir quais lugares visitar. A lista inicial passou de 40 itens (!) e comecei a eliminação porque sei que não poderei visitar todos no tempo que tenho disponível. Tenho vontade de conhecer lugares superturísticos como a Torre Eiffel, mas também ter tempo de andar despretensiosamente pela cidade e descobrir lugares. Esse post me lembrou que, eliminando itens não estou perdendo a chance de conhecer locais, e sim me dando a oportunidade de viver outras coisas também.
Mireille Rodrigues
Perfeito! A sensação de ter intimidade com um lugar é muito boa. Poder passear sem pressa e ser surpreendida é muito bom.
Eduardo Peon
Sem duvida! Como um apaixonado por Paris ,estando ai varias vezes,agora faco isso: Ja fiz viagens a Paris para: conhecer os museus menos badalados, as “passages”,aParis insolite,os pequenos bistros,fora dos guias conhecidos.Uma das melores coisas para mim e acordar sem hora marcada e tomar o cafe da manha na maior calma.
obs : meu pc nao tem til, cedilha e acentos
Heloisa Coutinho von Poser
Você tem toda razão. Quanto mais vezes voltamos a uma cidade, melhor a aproveitamos.
Danielle Joanes
Até agora só pude fazer isso com Lisboa e é exatamente isso. As lojas, os restaurantes, nada muda. Você que passa a ver tudo de um jeito diferente. Consegui passear muito melhor e pude ver o pôr do sol mais maravilhoso da minha vida, sem pressa.
Fernando Tenório
Texto perfeito. É exatamente isso que acontece comigo.