Sabia que o Guia Michelin, o mais famoso guia gastronômico do mundo, na verdade nasceu para fazer você dirigir mais, e gastar mais pneus? Sim, é isso mesmo. E ele foi criado especialmente para a Exposição Universal de 1900, em Paris. Saiba tudo no nosso artigo!

ONDE FICAR EM PARIS – DICAS DOS MELHORES BAIRROS E HOTÉIS

 

Índice ‘Guia Michelin’

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O o Guia Michelin, mais famoso guia gastronômico do mundo

Guia Michelin: a origem surpreendente de um ícone gastronômico

Quando se fala em Michelin, a maioria das pessoas pensa em restaurantes extraordinários, chefs lendários e estrelas que mudam carreiras. Mas a raiz dessa história passa longe da cozinha.

No final do século XIX, a França vivia a euforia do progresso e se preparava para a grande Exposição Universal de 1900, um evento que celebrava tecnologia, ciência e mobilidade. A indústria automobilística ainda era incipiente: havia apenas 2.400 motoristas registrados no país.

Foi neste contexto que os irmãos André e Édouard Michelin, fundadores da empresa de pneus Michelin, tiveram uma ideia ousada e visionária: criar um pequeno guia que ajudasse os novos motoristas a viajar com mais autonomia e, ao mesmo tempo, incentivasse o uso do automóvel. Afinal, se as pessoas viajassem mais, trocariam mais vezes de pneus.

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André e Édouard Michelin, criadores do Guia Michelin

Assim nasceu o primeiro Guia Michelin.

Ele já era vermelho desde a primeira edição e completamente gratuito, distribuído aos motoristas que compravam pneus Michelin. Seu conteúdo estava longe da gastronomia, incluía mapas, oficinas mecânicas, instruções de manutenção, locais para abastecer, endereços de médicos, hotéis, restaurantes simples e até explicações sobre como trocar um pneu.

Naquela época, viajar era quase uma aventura épica. Estradas eram mal sinalizadas, cidades desconhecidas, e qualquer deslocamento exigia preparo e coragem.

O Guia Michelin queria facilitar essa jornada  e transformar o ato de viajar em um hábito. Isso aumentaria, claro, o número de carros na estrada… e o consumo de pneus.

A gênese do guia é, portanto, pura estratégia de marketing, mas um marketing tão brilhante que acabou gerando um dos sistemas de reconhecimento gastronômico mais importantes do mundo.

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A primeira edição do Guia Michelin

Do guia gratuito ao produto respeitado: uma virada decisiva

Por duas décadas, o Guia Michelin foi distribuído gratuitamente. Porém, em 1920, André Michelin protagonizou a curiosidade mais famosa da história do guia. Durante uma visita a um revendedor, ele encontrou uma pilha de guias sendo usada como apoio para uma bancada. Indignado, concluiu que “o homem só respeita aquilo que ele paga”.

No ano seguinte, o guia passou a ser vendido por 7 francos. A mudança teve impacto imediato: além de ganhar valor simbólico, o conteúdo se tornou mais rigoroso. Toda publicidade foi removida para garantir credibilidade e independência, e os hotéis e restaurantes passaram a receber classificações específicas. A gastronomia começava a ganhar destaque.

O nascimento das famosas Estrelas Michelin

Em 1926, o Guia Michelin introduziu a primeira estrela, premiando restaurantes que ofereciam “boa mesa”. O sucesso foi tanto que, em 1931, surgiu o sistema que conhecemos hoje, com uma, duas e três estrelas:

  • 1 Estrela Michelin: Uma cozinha de grande nível – Vale a pena parar.
  • 2 Estrelas Michelin: Uma cozinha excepcional – Vale um desvio.
  • 3 Estrelas Michelin: Uma cozinha única – Justifica a viagem.

Poucos anos depois, a Michelin fez outra invenção revolucionária ao criar, em 1933, a profissão de inspetor Michelin. Esses inspetores, até hoje, são funcionários da empresa, anônimos e independentes, formados na área de hotelaria e gastronomia. Eles percorrem o mundo de forma discreta, pagam suas contas e avaliam cada restaurante sem aviso prévio. Uma estrela nunca é dada por uma única visita: vários inspetores devem chegar a um consenso.

Esse método rígido e sigiloso se tornou uma das marcas do guia e uma grande diferença em relação a outros sistemas de avaliação. Até hoje, chefs descrevem a visita de um inspetor como um momento quase mítico, invisível, silencioso, mas decisivo.

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A Estrela Michelin

Como os inspetores avaliam os restaurantes?

Os critérios Michelin são universais e valem para todos os países. São cinco:

  1. Qualidade dos produtos
  2. Harmonia e precisão das combinações de sabor
  3. Domínio das técnicas culinárias
  4. Personalidade do chef expressa no prato
  5. Regularidade da cozinha ao longo do tempo

Ao contrário do que se pensa, as Estrelas Michelin são atribuídas apenas com base na qualidade da cozinha oferecida por um restaurante num determinado momento. Não entra em conta, por exemplo, o serviço, as disposições das mesas ou o ambiente/decoração do restaurante; estes aspetos são registados pelos inspetores e inspetoras, mas não fazem parte da decisão de atribuir Estrela a um estabelecimento.

As estrelas são revisadas todos os anos, e nenhum restaurante está garantido na lista: a manutenção das estrelas exige consistência absoluta.

A consolidação de um mito mundial

Com o passar das décadas, o Guia Michelin se expandiu para outros países e especializou cada vez mais suas seleções. Ele passou a incluir pousadas, hotéis de charme, bistrôs, palácios e restaurantes de todos os estilos, sempre com rigor e independência.

Ao mesmo tempo, surgiram novos produtos complementares, como os Guias Verdes, focados em turismo e patrimônio, e os famosos mapas Michelin, sinônimo de precisão cartográfica durante boa parte do século XX.

A partir dos anos 2000, o guia se modernizou com site, aplicativo e navegação digital, sem abandonar a clássica edição impressa. André Michelin havia dito em 1900 que o guia “duraria tanto quanto o século” — e ele não só durou, como se tornou uma instituição global.

Hoje, o Guia Michelin é um dos símbolos mais poderosos da gastronomia. Uma estrela pode transformar um restaurante; três estrelas podem transformá-lo em destino de viagem. Chefs choram ao recebê-las, e às vezes choram ao perdê-las. Não há prêmio gastronômico no mundo que provoque tanta emoção,  ou tanto temor.

E pensar que tudo começou com pneus…

Restaurantes com 3 Estrelas Michelin em Paris (2025)

Paris abriga, em 2025, 123 restaurantes estrelados, reunindo algumas das cozinhas mais exaltadas do mundo, onde cada sabor parece uma obra de arte. Segundo o Guia Michelin, entre os restaurantes três estrelas estão:

  1. Plénitude – Cheval Blanc Paris
  2. L’Ambroisie
  3. Kei
  4. Arpège
  5. Alléno Paris au Pavillon Ledoyen
  6. Le Gabriel – La Réserve Paris
  7. Épicure
  8. Le Cinq
  9. Pierre Gagnaire
  10. Le Pré Catelan

Clique aqui para mais informações sobre cada restaurante

10 Restaurantes com 2 Estrelas Michelin em Paris

A lista completa de duas estrelas é ampla e muda a cada edição, mas exemplos notáveis incluem: 

  1. Guy Savoy
  2. Marsan par Hélène Darroze
  3. Sushi Yoshinaga
  4. Restaurant Le Meurice – Alain Ducasse
  5. Table – Bruno Verjus
  6. L’Abysse Paris
  7. Le Grand Restaurant – Jean-François Piège
  8. Blanc
  9. Le Jules Verne
  10. L’Orangerie

Clique aqui para ver a lista completa e saber mais informações sobre cada restaurante

10 Restaurantes com 1 Estrela Michelin em Paris

Paris tem dezenas de endereços com uma estrela Michelin. Aqui estão 10 para inspirar sua lista de experiências: 

  1. Aldehyde
  2. Sola
  3. Hakuba
  4. Le Sergent Recruteur
  5. Le Tout-Paris
  6. Ze Kitchen Galerie
  7. Baieta
  8. Relais Louis XIII
  9. Mallory Gabsi
  10. Neige d’été 

Clique aqui para ver a lista completa e saber mais informações sobre cada restaurante

O Bib Gourmand: boa comida sem preço exorbitante

Nem só de estrelas vive o Guia Michelin. Em 1997, surgiu o Bib Gourmand, uma distinção que recompensa restaurantes de ótimo custo-benefício — lugares onde se come muito bem por um preço acessível.

O nome vem do simpático mascote Michelin, o Bibendum, criado em 1898. É uma homenagem ao prazer de comer bem sem formalidades e sem ter que gastar uma pequena fortuna.

O Bib Gourmand rapidamente se tornou queridinho dos viajantes: muitos parisienses, inclusive, afirmam preferir os “Bibs” aos restaurantes estrelados, sobretudo quando querem explorar restaurantes autênticos.

Clique e veja a lista com os 37 restaurantes que fazem parte do Bib Gourmand.

Os hotéis recomendados pelo Guia Michelin em Paris

O Guia Michelin também indica e premia hotéis!

Dentre os 5.000 hotéis selecionados e recomendados pelo Guia Michelin, foi decidido, em 2024, dar destaque especial àqueles que colocam a arte da hospedagem no mais alto nível e contribuem para a criação de experiências únicas.

Esses foram agraciados com uma, duas ou três Chaves/Clefs pelas equipes de avaliadores do Guia Michelin (tal como um restaurante pode obter uma, duas ou três Estrelas).

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A Chave Michelin (Clef Michelin)

Os significados das Chaves (Clefs, em francês) são:

  • 1 Chave Michelin: uma estadia única.
  • 2 Chaves Michelin: uma estadia excepcional que vale um desvio de roteiro.
  • 3 Chaves Michelin: uma estadia extraordinária que faz do estabelecimento um verdadeiro destino por si só.

Importante salientar que a classificação de hotéis do Guia Michelin (de 1 a 3 Chaves) não tem a ver com a classificação de hotéis por estrelas (de 1 a 5 estrelas) a que estamos acostumados e que é o padrão mundial. Um hotel 1 Chave do Guia Michelin já é um hotel excepcional, selecionado entre os melhores do mundo.

Clique aqui e veja quais são os hotéis agraciados com as Chaves Michelin.

Os novos caminhos do Guia Michelin

Em 2025, às vésperas de completar 125 anos, o Guia Michelin inicia um novo capítulo da sua história, desta vez voltado ao mundo do vinho.

Depois de consagrar restaurantes com estrelas desde 1926 e hotéis com as Clefs Michelin lançadas em 2024, o guia passa agora a reconhecer os vignerons e os terroirs que fazem a alma da viticultura mundial, com a criação da Grappe Michelin, sua mais nova distinção.

Embora o Michelin já destacasse cartas de vinho excepcionais desde 2004 e premiasse sommeliers a partir de 2019, esta é a primeira vez que o guia avalia diretamente os domínios vitícolas, suas práticas, sua identidade e sua consistência ao longo dos anos. 

 

A Grappe Michelin classificará produtores segundo uma escala que vai de “Recomendado” a uma, duas ou três Grappes, um novo farol de excelência para amantes do vinho. Inspeções serão realizadas por especialistas dedicados, independentes e anônimos, à semelhança dos tradicionais inspetores gastronômicos.

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A Grappe Michelin

Em 2026, as primeiras seleções serão reveladas nas regiões icônicas de Bordeaux e Bourgogne, anunciando uma era em que o Michelin passa a celebrar não apenas a arte de cozinhar, mas também a arte de cultivar.

Mais de um século após sua criação, o guia continua fiel ao seu espírito original: acompanhar viajantes, revelar talentos e iluminar, com suas Estrelas e Chaves, e agora com suas Grappes, o caminho de quem busca experiências excepcionais.

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