Fico surpresa diante destas pichações inscritas em um muro do Jardin des Tuileries. Os funcionários do jardim estão sempre atentos ao menor deslize dos frequentadores! Como ou autores conseguiram esta façanha?
Me afasto do muro e consigo ler a inscrição: Être etonné c’est un bonheur. O que quer dizer “ficar surpreso ou ser surpreendido é uma felicidade”
Percebo, então, que não se trata de uma pichação, mas de uma obra de arte e que ela faz parte do Festival de Arte Contemporânea de Paris.
Penso na discussão, entre os leitores do blog, sobre arte contemporânea e esta será a minha contribuição para a discussão. Uma das funções da ARTE seria exatamente étonner, surpreender. Quando algo consegue, nos dias de hoje, captar nossa atenção, nos distrair, que felicidade! A arte contemporânea não é bela, ela é, quase sempre, agressiva e longe dos padrões estéticos dos séculos passados. Mas ela surpreende e distrai e être etonnée c’est un bonheur.
A frase inscrita no muro é de Edgar Allan Poe.
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22 Comentários
ieda dias
Muito legal esse trabalho. Adorei. Me lembro da primeira esposição que vi do Yann Bertrand no Jardin de Luxembourg, com as fotos da Terra vista do Céu. Estes franceses sabem fazer muuuita coisa. Muita coisa legal. Minha visão de arte, meu paladar, minha audição, tudo tudo deu um pulo enorme depois q conheci essa terra, que convivi com esse povo. Sou muito agradecida.
To gostando muito de perseguir esse blog.
bjins
ieda
http://www.oquevivipelomundo.blogspot.com
suely
A arte das ruas GRAFITI muitas vezes é tida como vandalismo.
O movimento da arte contemporânea surgiu na década de 70 como uma arte conceitual usando os recursos,técnicas e materias variados para nos fazer refletir,é um unstrumento para se meditar sobre os conteúdos impressos no cotidiano,O artista tem total liberdade para criar.Diferente da Arte Moderna que veio como oposição as formas clássicas anteriores,usando novas formas de espressão como por exemplo cores vivas ,figuras geométricas e destorcidas ,como as de Tarsila do Amaral e Lasar Segal.
A Arte Contemporânea visa justamente chamar a atenção e criar polêmica como essa que aconteceu aqui no blog que a Lina com toda sabedoria nos colocou.
Beijos a todos
Cris
Eymard,
Descobri Paris a pouco tempo, mas me apaixonei de cara (acho que com todo mundo é assim!).
Obrigada pelas dicas!
Eymard
Quanto ao tema do post, confesso que tambem eu nao gosto do que se chama de arte contemporanea conceitural. Entrar no Pompidou e ver um iglu branco com uma portinha. Abaixar-se para entrar e, la dentro, encontrar um aparelhinho de som com uma musiquinha bem baixinha??? No entanto, procuro me “permitir” olhar o novo e, se possivel, me deixar “surpreender”. Arte ‘e emocao. Ou ela te diz alguma coisa de cara ou nao diz nada e pronto.
As grandes caretas nas tuilheries, passei por eles, e confesso que me diverti. Nao me choram! Nao achei de mal gosto. Ja quando ‘e algo muito conceitural. Que precisam te explicar…isso ja acho mesmo um lixo. Escritos como se fossem pixacao, tambem me incomodam.
Imaginar, por exemplo, Picasso ao seu tempo. Gaudi ao seu tempo. E mesmo os nossos modernistas….Algumas pinturas do Portinari, certamente, causaram “aflicao” ao seu tempo. A distancia nos permite olhar a arte de forma diferente. O que nos e contemporaneo, que ainda nao compreendemos bem, ‘e que nos deixa mais desconfortaveis.
Isso nao tem nada a ver com a qualidade especifica do que esta aqui retratado. Neste caso, estou de acordo. O meu senso estetico nao me permite gostar.
Eymard
Cris,
quem me dera morar em Paris!! Moro em Brasilia (tambem gosto de morar aqui). Mas adoro Paris. Sempre que possivel nao tenho muita “criatividade”. Marco logo Paris. Para mim nao tem Europa sem Paris e nem EUA sem Nova York. Mas essa ja e outra conexao…..(risos)
Sueli OVB
Robson
Assino embaixo. Você atingiu o alvo. É isso mesmo. Arte não pode ser uma coisa seletiva, muito menos feita para poucos entendedores.
Robson Sabóia
Em arte contemporânea tudo é muito sutil, até o impacto. Pois, o fato de vermos uma parede em Paris pichada ou uma estátua com um pneu é impactante quase como um reflexo, ou seja, é simplesmente visual. Não creio que arte nenhuma possa contentar-se com uma coisa tão banal. Pois se eu pendurasse uma sunga roxa na lança de Joana D’arc seria, também, impactante para o transeunte. Todorov escreveu, recentemente, um pequeno livro notável ” A Literatura em Perigo”, em que acaba por tocar no ponto, que a meu ver, é o mais perigoso das artes contemporâneas: arte para um público formado. Não posso aceitar uma arte assim. Escritos para entendedores, apreciadores… seriam símbolos que nos aproximariam enquanto grupos de “especialistas”. Totalmente absurdo! Tem muita coisa boa (poquíssimas geniais), nas artes contemporâneas. Mas não se pode simplesmente ser cooptado por um “mercado” que vende o contemporâneo. Muitas vezes esses “artistas” só o são por conhecerem as pessoas certas.
Tania Baiao
Para enriquecer ainda mais este debate, indico dois livros muito bons para quem tiver interesse no assunto:
“Desconstruir Duchamp” do nosso maravilhoso Affonso Romano de Sant’Anna e ” Cultura ou lixo?” de James Gardner….
RENATO SAU RIOS
Repararam que o “O” da palavra “bonheur” é a representação de uma bomba ?
Gostaria de fazer uma reflexão neste pequeno ( e bom debate ) sobre a questão manifetação artística x depredação de patrimônio público :
Para quem mora em Paris , talvez a arte estabelecida , consagrada , já faça tamanha parte da rotina que seus habitantes já não têm o mesmo deslumbramento dos turistas e vistantes , como foi o meu caso . Agradeço a Deus por , no dia em que passeei pelas Tuilleries , não ver o parquinho , os monstrinhos nem esta pichação .
Já me bastou o astronauta gigante estirado na Cour Royale de Versailles .
O turista Renato ficou muito chateado coom a quebra do clima “real” , com a esposição de Xavier V. ( com exceção do coche-origami púrpura )
Numa cidade e que respeita tanto seu patrimônio histórico e , por isso mesmo , é admirada em todo o mundo , para quem vem de longe e conferir tudo isso , é um choque ver uma parede pichada num ponto tão central . Como foi ver um pneu de bicleta pendurado numa estátua da República , às margens do Sena .
Claro que Paris tem suas mazelas , como temos , em grau bem maior , infelizmente , nas cidades brasileiras , onde o antigo nem teve tempo de se estabelecer e já foi destruído/deturpado .
Talvez fosse o caso de haver novos locais na cidade onde as pessoas tivessem chance e espaço para se manifetsar culturalmente .
Talvez Paris tenha chegado a um ponto tal de saturação artística e de beleza que parece haver um certo desejo inconsciente , de parte de sua população , de enfeiá-la , de torná-la menos mítica .
É o que penso ……………..
Cláudia Oiticica
Não tem fim mesmo, Marcello. Falando em Marcel Duchamp, ano passado fui à uma exposição dele no MAM, em São Paulo e as reações das pessoas eram as mais contraditórias. Se hoje ele ainda consegue chocar, fico imaginando a revolução que suas “obras” causaram no começo do século passado. Foi uma quebra total de paradigmas. Se tudo se transforma, por que não a arte? A arte evolui e mostra as inquietações de uma época. Os gêmeos grafiteiros Gustavo e Otávio Pandolfo saíram das ruas de SP e chegaram à fachada do Tate Modern. Não podemos esquecer que Manet, Cézanne e outros gênios da pintura chegaram a criar em Paris o Salão dos Recusados e uma das frustrações de Rodin foi ter tentado três vezes ingressar na Escola de Belas Arte de Paris sem nenhum sucesso. Ainda bem que os conceitos mudam.
Juçara
A verdadeira Arte, não uma mera reprodução do real, é plurissignificativa e nos permite várias leituras. Consigo ler essa mensagem grafitada como uma manifestação artística que tem intenção – talvez- de mostrar esse caráter de surpresa estética da Arte, de subversão do estabelecido, do convencional. Nesse sentido, “être etonnee c’est un bonheur”!
Parabéns, Lina, por abrir espaço para a discussão em torno desse tema.
ORLANDO
Especialmente neste caso veio a minha mente o ditado: “muraille, papier de la canaille…”
Òtimo, o blog
abrs
Caroline Ribeiro
Lindo muro! Adoro esse efeito da arte contemporânea! Obriga a maioria das pessoas a refletir sobre a arte, fácil é observar os quadros da Renascença, complicado é tentar entender os “monstrinhos” simpáticos e essa “pichação”. Acho um dialogo importantíssimo, sair do Louvre e dar de cara com essas manifestações artísticas! Pessoalmente não gosto mto das manifestações artísticas modernas, ou devo dizer, dos artistas contemporâneos que fecham suas obras em significações extremamente obscuras. Mas as discussões que saem delas são a meu ver, o coração da arte contemporânea. Obrigada Lina por este post!
regina
Concordo com que todos disseram em relação a Arte Contemporânea. É preciso educar nossos olhos e sentimentos para um novo conceito. Mas como já disse, abre espaço aos pichadores. E foi isso que me entristeceu em Paris , como me entristece em São Paulo, minha cidade . Ver fachadas de prédios históricos, monumentos, propriedades privadas pichadas não é nada agradável. Enfim…
Abraços a todos.
Tania Baiao
Acho genial esta discussão. Concordo com Marcelo e Sueli, entre outros…
Estou justamente fazendo um “curso” sobre arte contemporanea para “aprender” a olhar e entender os conceitos que cada artista tenta passar…
Como em tudo na vida, precisa “acostumar” o olhar e precisa aprender a linguagem para curtir…
Adorei o post. Ahhhhh, como eu gostaria de estar aí para ver tudo isso!!!!!!!!
Sueli OVB
Maravilha, Marcelo! Já dá até para começar a gostar. É isso mesmo, vocês, que são formados para ver e entender o porquê das coisas da arte, têm um olhar diferente do leigo. É assim também em literura, normalmente, quem tem preguiça de pensar, detesta poesia. As coisas que não nos dizem algo imediatamente são taxadas de ruim.
Nós somos mesmo muito mal acostumados!
Marcello Brito
Eu acho que um ponto basico para se apreciar toda a produção contemporanea de arte é :
Com o advento do cinema e da fotografia na virada do sec 19/20, passou a nao fazer o menor sentido estetico que a arte fosse apenas a reprodução do real.
É a partir dai, com todos aqueles maravilhosos ismos, impressionismo, cubismos, surrealismo, expressionismos e etc….que a arte passa a refletir outros aspectos que não apenas o que se vê.
A Arte fica então livre para começar a discutir aspectos fundamentais da propria arte, discussão essa radicalizada por Marcel Duchamp: O papel do artista, de sua produção na sociedade, o que é o objeto, questões puramente pictoricas ou de espaço e por ai vai.
O belo na arte é abandonado em sua plenitude, já la atras, durante o romantismo com o advento do sublime. Mas mesmo no barroco com todo aquele sangue espirrando de um caravaggio a noção do que é belo já era bastante contraditoria.
Alias nao se pode esquecer que para os antigos o belo não era só uma coisa bonita ou de estetica bela e harmoniosa e sim algo moral: para a grecia classica o belo era o bem.
ih…essa discussão nao tem fim….
Giovanna
Meu marido é arquiteto e professor de História da Arte e um entusiasta da Arte Contemporânea. Confesso que tive resistências em captar e curtir a Arte Contemporânea justamente por ela fugir completamente dos padrões de beleza clássicos ou acadêmicos. Só o tempo mesmo para apurar nosso “gosto” e nos fazer captar a essência. Arte Contemporânea é conceitual, sensorial, pode ser sutil, ou não, te faz pensar e não tem limites.
Infelizmente o pichador, que nada mais é que um deliquente, acha que o que faz é “grafitte” ou grafitagem.
Gostei do start que você deu Lina.
Sueli OVB
Oui, bien sûr! être etonnée c’est un bonheur. Mas, como diz o Renato, nem tudo o que nos surpreende, nos causa felicidade.
Nem todos os seres humanos têm talento para criar, muito menos coragem para expressar seus talentos. Então, essas pessoas já fizeram o que a maioria não faz e são diferente . Porém, nem tudo o que é contemporâneo faz real sentido ou chega para ficar. Nem sempre transgredir é preciso.
Não penso que e volução se faça com desconstrução.
O tema é polêmico e acho que sei diferenciar arte, de arte.
Cris
Amigos,
Acho melhor ocuparmos nossos muros com arte do que com pichações sem sentido. Neste caso, o artista causou impacto e fez muitas pessoas (como a Lina), refletirem. Se algo nos faz PENSAR já é bom!
Não sou grande entusiasta da arte contemporânea. Mas gosto de ser “incomodada” por ela de vez em quando.
Eymard, obrigada pela dica do restaurante. Vc mora em Paris?
RENATO SAU RIOS
Bonjour Lina
Concordo com Regina e acrescento que surpresas ( étonements ? ) nem sempre causam felicidade .
Ver um muro pichado é , na minha concepção , ato de vandalismo , mesmo que disfarçado de manifestação artística .
Algo que me chamou a atenção , foi uma estátua da República , perto do Institut de France , no cais esquerdo do Sena , com um pneu de bicicleta ao redor do pescoço , como se fosse um colar , durante dias seguidos ( passei por lá várias vezes , pois era meu caminho pro hotel …… )
regina
Lina, bom dia
Particularmente tenho algumas restrições à Arte Contemporânea. Principalmente em muros e fachadas, porque abre espaço aos pichadores. Aliás, vi muita pichação este ano em Paris e fiquei bem triste. Claro que não é como no Brasil. Mas está caminhando
Abraços