Por Tom Pavesi
Durante o reinado de Carlos X (1824 – 1830), o vice-rei do Egito, Mehmet Ali, conhecendo a paixão do rei francês pelas antiguidades egípcias achou oportuno fazer uma aliança diplomática e militar com a França contra a ameaçadora Inglaterra.
Para conquistar a simpatia de Carlos X, ofereceu três presentes bem exóticos e originais; uma girafa, chamada Zirafa, (1° girafa da França), dois obeliscos do templo de Luxor (somente um chegaria a Paris) e uma dezena de múmias em seus sarcófagos de granito, para o museu do Louvre.
A girafa Zirafa se tornou famosa, recebeu mais 600.000 visitantes somente no ano de 1827, morreu em 1845 no Jardin des Plantes em Paris.
O Obelisco de Luxor foi instalado em 1836 na Praça da Concordia no reinado de Luis Filipe I, (1830 – 1848).
As múmias foram recebidas em grandes pompas por Carlos X em 1827. Após a abertura dos sarcófagos e exposição das múmias, um cheiro horrível começou a se exalar pelas salas do Louvre. Devido ao forte calor da viagem e ao clima úmido da França, príncipes, generais, um faraó desconhecido e um grande sacerdote de nome “Pentamenou” começaram a se decompor rapidamente em míseros cadáveres ordinários.
Pânico geral entre os conservadores. O rei decepcionado ordena que todas as múmias fossem enterradas rapidamente nos jardins do Louvre.
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Três anos depois, em 1830, Carlos X, tentou através de vários decretos a volta de uma monarquia absoluta. A pequena burguesia, sociedades secretas e o proletariado urbano proclamam uma 2° revolução francesa contra o rei. Nesta revolução, 32 patrióticos combatentes foram mortos e enterrados no mesmo local das múmias.
Essa revolução levou a destituição e banimento do rei Carlos X e tomou posse, no seu lugar, um primo liberal, progressista e constitucionalista chamado Luis Filipe I.
A paz reencontrada, Luis Filipe I, em 1831, comemorando o 1° aniversario deste acontecimento, ordenou que fosse construída no centro da Praça da Bastilha uma sepultura em homenagem a estes mortos.
Uma Coluna de bronze, a Colonne de Juillet, juntamente com uma grande sepultura na sua base se transformaram em moradia definitiva para 504 heróis revolucionários exumados por toda parte de Paris.
Em 1940, a cave é aberta para uma restauração e uma nova contagem dos mortos é feita. Surpresa geral, dois corpos a mais se juntaram ao número oficial. Depois de algumas análises, descobriu-se serem as múmias enterradas nos jardins do Louvre alguns anos antes. Assim sendo, duas múmias de mais de 3.000 anos, recebem até hoje homenagens patrióticas como verdadeiros heróis da liberdade e da democracia francesa.
Quanto às outras múmias, ninguém sabe se foram encontradas.
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32 Comentários
Pedro Troncoso
Doação? Não me faz rir! Franceses são saqueadores e ladrões contumazes, estudem um pouco de historia por favor.
Aníbal Mourão Ferreira.
Só hoje (02/03/2016) fiquei sabendo pelo wikipedia que o obelisco de Paris, foi presente do Egito, e não saque da invasão napoleônica.
Manuel Rodrigues
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Rodrigo Lavalle
Manuel, nós não alugamos imóveis mas indicamos a empresa ‘À la Parisienne’: https://www.conexaoparis.com.br/categoria/lina-indica/aluguel-de-apartamentos/a-la-parisienne/. Eles possuem uma série de apartamentos para locação. Escreva para o Vinícius no email: [email protected].
Abraços.
Armando Soares
Estive várias vezes no Louvre: entre antiguidade clássica e pintura foram várias manhãs / tardes.
No último fim de semana fiz uma visita guiada pelo TOM – guia do Louvre e de Versalhes.
Numa manhã aprendi mais do que nas 4 ou 5 visitas anteriores: foi quando conheci a correcta história do obelisco que afinal não foi roubado por Napoleão!
Recomendo que visitem o Louvre com o TOM: o homem é uma enciclopédia ambulante de história.
Vale o que custa !
Mariana Soares
Otimo texto! Pelos vistos, não sou apenas eu que achava que era relíquia dos saques napoleônicos!
José Rodrigues
Também tinha ouvido as versões de que era um saque napoleônico e que era doação, achei que as versões variavam de acordo com quem contava francês ou estrangeiro.
De qualquer forma é lindo assim como o entorno.
O escriba é um amigo de infância dos livros que tive o gosto de encontrar no Louvre.
Arimar França
Já que o post é de cultura, alguém poderia indicar uns sites onde eu encontro informações sobre cursos de francês na França, especificamente em Paris? Pretendo voltar para lá a partir de abril de 2013.
Lina
Arimar
Publico amanhã artigo sobre curso de francês em Paris.
Vivian Mara Côrtes Camargo
Gostei muito do post! e aprendi um bocado também…o escriba com seus olhos atentos e a incrível história das múmias.
Lenna
Que história interessante esta das múmias! É realmente um mistério com muitos pontos de interrogação…
wallydosantos
Segundo contam as historias no Egipto (contado pelo meu guia em Luxor) o sr Mehmet Ali fez a oferta dos obeliscos mas nunca pensou que os Franceses os fossem buscar. Dai a historia de terem eles que os ir buscar!
O na minha opiniao o obelisco que esta na Condordia devia ser devolvido a Luxor. Sempre gostei de o ver na praça da Concordia mas quando se esta em luxor a olhar para o pedestal onde ele devia estar ao lado do outro é que se percebe que o lugar dele é ali mesmo!
Tom Guia Louvre e Versalhes
Joe, a resposta é simples… foram 2 presentes de Mehmet Ali, mas na condição que os franceses tinham que ir buscar. Visto o trabalho que se deu para trazer um obelisco, custos altíssimos, 5 anos de viagem, construção de um navio, (“Louxor”) deixaram o 2° obelisco para mais tarde. Com o tempo e muitas controvérsias a França recusou o “presente de grego” quer dizer “do egípcio” ate a devolução oficial por François Mitterrand.
Em 31 de março de 2011, o ex-ministro da Cultura Frédéric Mitterrand, era Sarkozy, (sobrinho do ex-presidente François Mitterrand), em uma visita de cortesia ao Egito, anunciou sobre uma possível devolução também do obelisco da Praça da Concordia.
Joe
Li recentemente sobre o Obelisco de Luxor, onde se diz que foram doados dois obeliscos, mas apenas um chegou a França devido a tecnologia da época, mas li também que em 1990 o presidente François Mitterrand devolveu aos egípcios o outro obelisco. Pergunta: como devolveu se o outro não chegou a França na época da doação?
Tom Guia Louvre e Versalhes
O obelisco, símbolo muito antigo chamado “ben-ben” é uma representação do 1° pedaço de terra surgido do caos no momento da criação do mundo pelo Sol. Portanto era de costume decorar com este símbolo, “Obelisco/Sol”, com alegres babuínos na sua base com a função de guiar e dar assistência todos dias ao sol para entrada do mundo diurno. Então, juntamente com o obelisco da praça da Concordia, foi trazida do outro obelisco que ficou no templo de Luxor, um bloco de pedra de 5,7 toneladas, esculpidos em alto-relevo , 4 babuínos em pé, com as mãos levantadas aplaudindo, cantando e honrando o nascer do sol. Como o sexo deles estavam eretos, (simbolicamente excitados pela nascer do sol), Luis Filipe I, preferiu não coloca-los em praça pública, puro puritanismo da época, e manda-os para o Louvre. Se vocês forem visitar o Louvre, não deixe de passar pelo departamento egípcio, ala Sully, térreo, sala 11.
Abraços a todos.
eymard
Também representa essa época (a queda de Carlos X) a famosa pintura de Delacroix: A liberdade guiando o povo! Esse quadro tem uma história muito interessante e recentemente virou capa do CD do grupo ingles Coldplay.
Beth
Marcio Luis Marques
O obelisco da Concorde foi presente do Egito ao rei Carlos X…
Nada a ver com saques napoleônicos…
Danilo
Sobre o obelisco da concorde. Foram presenteados o que esta na praca e outro pelo governo do egito. Apenas um deles foi entregue. Teve inclusive uma cerimonia em que o presidente frances Mitterrand simbolicamente renunciou ao segundo obelisco. Assim este permanece no egito.
Miriam K R
Estou com a mesma dúvida do Marcio Luís Marques. Já ví até um documentário mostrando como o obelisco foi trazido de navio…
Adriana Pessoa
Lina, sim, é o Escriba Sentado.
Sempre dou uma passadinha por ele porque sou completamente fascinada pelos seus lindos olhos de pedras.
Já pesquisei e ele foi uma doação do governo egípcio ao setor de escavações do Louvre em 1854.
Foi encontrado em 19 de novembro de 1850, em Saqqara, região situada a 14 km ao sul do Cairo. Bjkas
Lina
Adriana
Nossa, quando tiver um tempinho vou trocar a foto. Risos.
Tom Guia Louvre e Versalhes
Maíra e Renato,
O outro obelisco continua onde sempre esteve na entrada principal do Templo de Luxor. Em 1988, François Mitterrand devolveu oficialmente para os egípcios. Abraços.
Maíra
É mesmo. E o outro obelisco? Alguem sabe? Seria aquele que está quebrado perto de Abu Simbel?
Marcia Assis
Conexão Paris também é cultura e informação. Amei a aula de Historia! Quando voltar a Paris -e fico sempre nessa esperança- minha passagem pelo local nunca mais será a mesma. Valeu!!!!!
Renata Monteiro
Onde foi parar o outro obelisco? Abraços
Francinaldo
Gosto muito desses posts com histórias curiosas. Mto bom!
Francy
Muito interessante.Relatos históricos sempre nos instigam a querer sempre saber mais, sem contar que visitar um monumento sabendo sua história ,é outra coisa.
Patrícia
Lina,
Por essas e outras que o conexãoparis é um sucesso! Post maravilhoso.
Um abraço.
Marcio Luís Marques
Ué?! O obelisco de Luxor da Concorde não foi trazido por Napoleão quando da campanha do Egito?
Beth Lima
Ótimo post. Adoro conhecer as histórias de Paris.
Adriana Pessoa
Eu adoro estes posts do Tom que contam histórias curiosas da cidade. algumas já conhecidas, outras inéditas!
Mas, o Escriba Sentado, na primeira foto, com seus incríveis olhos de pedra, também foi doado nessa época?
Abraços.
Lina
Adriana
Nossa, essa foto é do Escriba? Ela estava classifica nos meus arquivos junto com as múmias…