Há muitos meses atrás, Figaroscope perguntou à vários estrangeiros por que eles tinham adotado a Ville Lumière. Selecionei algumas respostas.
1 – Zoé Valdés, escritora cubana:
O que te agrada: Tudo, o outono, o inverno, as estações, a história artística, a vida, os instantes. Paris é uma cidade literária, como à dado momento la Havane foi também.
O que te irrita: A solidão das mulheres.
O que te falta: O mar…mas eu fico feliz com o Sena.
Endereço preferido: Place des Vosges.
2 – Lou Mollgaard, diretora de comunicação da Editora Taschen, dinamarquesa:
O que te agrada: Em Paris, tudo me parece possível. Podemos tudo ver e tudo experimentar.
O que te irrita: O que me irrita, o que eu detesto? Eu eliminei esta palavra do meu vocabulário. Eu o reservo para os grandes problemas da história como guerra e racismo.
O que te falta: O mar, o perfume de rosas selvagens e da areia molhada, os lagos, a Dinamarca na primavera.
Endereço preferido, fetiche: Beber uma taça no Cafe Flore, olhar os jornais no Buci News, fazer um coque rápido com Stéphane no 52 rue Saint André des Arts.
3 – Thaddaeus Ropac, galerista, austríaco:
O que te agrada: Gosto de descobrir o que se esconde atrás das fachadas: uma grande sofisticação que o turista de passagem não verá nunca. Basta procurar um pouco, somos surpreendidos pelo gosto refinado dos parisienses pela arte e a literatura.
O que te irrita: A lentidão da burocracia e a resistência contra as reformas necessárias.
O que te falta: A neve!
Seu endereço fetiche: O Jardim de Luxembourg, onde eu faço meu jogging todas as manhãs.
4 – Blanca Li, coreógrafa, espanhola:
O que te agrada: Gosto da riqueza cultural de Paris. Tem sempre algo para ver, para descobrir, às vezes me sinto frustada de não poder fazer tudo. O tamanho da cidade é ideal, podemos circular de um ponto a outro, sobretudo de bicicleta. Gosto dos mercados parisienses e a qualidade dos produtos. Paris é um local de encontros privilegiados. Muitas culturas se cruzam.
O que te irrita: Gostaria que as coisas fossem mais rápidas. A burocracia francesa é terrível, precisamos de um tempo enorme para finalizar os projetos.
O que te falta: A energia alegre e o espírito festivo dos espanhóis, mesmo em tempo de crise. E o sol!
Seu endereço fetiche: O Théatre de l’Oeuvre, pequeno e charmoso. Um lindo imóvel do final do século XIX, escondido no fundo de um impasse.
5 – Axel Huynh, diretor artístico chinês. Sua agência organiza os mais bonitos eventos da moda e do luxo:
O que te agrada: Gosto da gastronomia, da atmosfera, de uma agradável maneira de viver indescritível.
O que te irrita: Gazer fila nos correios.
O que te falta: O sol
Seu endereço fetiche: O restaurante Pierre Sang. (Já citado pelo Conexão Paris).
6 – Juliana Carneiro da Cunha, atriz, brasileira. Ela trabalha no Théâtre du Soleil:
O que te agrada: A cultura, a arquitetura, a beleza da cidade, as paisagens.
O que te irrita: A falta de paciência dos parisienses com os estrangeiros.
O que te falta: O calor imediato dos brasileiros, a facilidade com a qual nos falamos, mesmo sem nos conhecermos.
Seu endereço fetiche: O Bosque de Vincennes. Tenho a sorte de trabalhar na Cartoucherie e de acompanhar todas as estações do ano.
7 – Douglas Kennedy, escritor, americano:
O que te agrada: Aprecio a vida cultural e Paris é uma cidade moderna.
O que te irrita: Os carros e os engarrafamentos. Eu sou fã do metrô.
O que te falta: Nada.
Seu endereço fetiche: O restaurante Philou, uma cozinha tradicional francesa no 12 avenue Richerand, 75010.
8 – Jacqueline von Hammerstein, colecionadora, alemã:
O que te agrada: gosto de flanar por Paris, olhar em torno de mim, tenho a impressão que estou em um museu. À noite, no meu carro conversível, escutando Beethoven, na praça Concorde iluminada… eu adoro.
O que te irrita: a dificuldade para encontrar o táxi.
O que te falta: um sistema educativo voltado para o internacional. Paris deveria dar mais importância às escolas bilingues.
Seu endereço fetiche: La Pagode, 48 rue de Courcelles.
9 – Marie Lund, galerista, dinamarquesa:
O que te agrada: os parisienses, nascidos ou adotados, possuem uma consciência do dever de estar à altura de uma certa idéia de grandeza da cidade.
O que te irrita: no final de setembro, os parisienses perderam a amabilidade readquirida durante as férias de verão. A agressividade se instala até o verão seguinte.
O que te falta: a capacidade de criar em comum, um espírito mais coletivo e uma menor desconfiança em relação ao outro.
Seu endereço fetiche: o Café des Musées, 49 rue de Turenne, pela qualidade, pelo preço e pelo sorriso.
À medida que lia o artigo me identificava, a cada vez, com a resposta dada. Cheguei à conclusão que estamos quase todos no mesmo barco e que os sentimentos são semelhantes. Sintetizando as respostas acima, temos uma descrição geral como:
10 – Eu, blogueira, brasileira:
O que me agrada: Paris é pequena, bela, culta, gastronômica. A cidade é cosmopolita, seus habitantes são oriundos de culturas diversas e a exigência permanente em “fazer bem feito” estimulante.
O que me irrita: os táxis, a burocracia, a impossibilidade de por em prática mudanças, a falta de paciência dos parisienses, o rígido e rude sistema educativo francês.
O que me falta (para todos, detalhes da cultura de origem): as noites quentes de verão, a alegria brasileira e a farofa.
Meu endereço fetiche: o jardim Tuileries, um verdadeiro museu aberto.
30 Comentários
Graça Tobias
Caro Rodrigo.
É um prazer falar contigo e agradecer todas as dicas que me dás quando aí estou. Tento ser objetiva pois sei que muitos aguardam suas indicações. No Brasil terei a maior satisfação em ajudá-lo assim com fazes comigo quando estou por aí.
Abraços,
Graça Tobias
Rodrigo Lavalle
Graça, estamos sempre à disposição. Abraços.