O filósofo Michel Onfray divide toda viagem em três tempos.
O tempo ascendente do desejo e dos preparativos da viagem, o tempo excitante da descoberta do novo e do desconhecido e o tempo descendente do retorno ao lar.
A viagem não existiria sem o retorno às raízes e ao lugar seguro. A pessoa sem endereço fixo não é viajante, e sim errante. Nós precisamos ter um ponto fixo para, de tempos em tempos, nos tornarmos viajantes. Somos viajantes porque sabemos que temos nesta terra um lugar onde retornar com as malas e as lembranças.
Após a viagem e seu movimento frenético, após o uso máximo das nossas capacidades físicas, intelectuais e emotivas, precisamos do retorno e do repouso para recuperararmos as forças e energias gastas.
Precisamos reencontrar nossa cama, nossos livros, papéis e canetas, nosso cotidiano ritmado e organizado. Após os sobressaltos, alegrias e surpresas do percurso, nossa casa se torna um desejo manifesto.
Mas quando voltamos, já não somos os mesmos. Porque retornar significa voltar de algum lugar, com outro estado de espírito. O tempo excitante da viagem é substituído pelo tempo descendente da assimilação lenta de tudo que vimos, provamos, tocamos, sentimos.
No tempo descendente do retorno, durante o repouso do cansaço da viagem, amadurecemos a experiência. O que descobrimos sobre o estrangeiro? E o mais importante, o que descobrimos sobre nós mesmos?
Nesta hora organizamos nossas lembranças. Qual foi o melhor momento? Qual a pior lembrança? Quais as comparações entre os lugares percorridos e nosso quotidiano familiar? Quais nossas certezas e incertezas.
O retorno, para nós, é a garantia de que daqui a pouco partiremos de novo.
Onfray, Michel. Théorie du voyage. Poétique de la géographie, Le Livre de Poche.
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40 Comentários
Sérgio Egg
É isso ! Sinto na alma o texto maravilhoso !
Sandra
Olá boa noite por gentileza a partir de quando posso fazer reserva para reveillon em paris?
Rodrigo Lavalle
Sandra, depende do local mas geralmente é cerca de 2 meses antes. Você já sabe onde pretende passar o réveillon?
Abraços.
Helga
Adoro o Conexão Paris!! E o texto está muito bom!
Mas me identifiquei com o texto da Ana Raspini, sobre a depressão pós viagem!
Viajar é tudo de bom e voltar é preciso, mesmo porque as férias não são eternas, mas é difícil! E fica mais difícil, a cada viagem que faço!
Jacqueline
Oi, gente! Relendo esse post e voltando a comentar para dizer que acabo de voltar da terceira viagem a Paris. Sempre desejando retornar em breve. Nunca cansa e se deixa tanto para ver da próxima viagem, que deve ser justo para rogar aos céus por uma e mais outra vez de pisar esse solo.
Fátima Paz Almeida
Nunca li nada sobre viagem que me tocasse tanto quanto esse texto. É mesmo verdade que o dinheiro gasto em uma viagem sempre nos deixa mais ricos. Se o destino for Paris, as leituras e dicas da conexão sempre nos fazem pensar que há muito mais por ver e que precisamos voltar sempre. Obrigada!
Ana Raspini
Lindo texto, Lina! E que coincidência que há alguns dias parei para refletir sobre o mesmo tema:
http://diarioliricodeviagem.blogspot.com.br/2015/07/depressao-pos-viagem-dpv.html
inez arnoud
sensacional, apesar de nunca querer voltar de Paris….mas é realmente a perfeita definição, me encontrei completamente!
Renata
Muito bom!!! …” Daqui a pouco partiremos de novo”! Eu amo viajar, mas é sempre bom saber que temos um lugar para voltar e também a possibilidade de partir inúmeras vezes….
Bárbara Silva
Que texto bem escrito! Gostei muito.
Marilia Boos Gomes
O amor pelas viagens, felizmente, é uma virose incurável. Fui contaminada em 1985. Abraço cordial da Marilia.
Adriana Pessoa
Eu também sinto falta deles!
Cristiane Pereira
Madá, poderia mesmo ser um texto de Dodô… aliás, eu estou com saudades dos textos dele! E também tô sentindo falta de Beth por aqui! 🙂
Eliana Barbosa
Falando em Dodô, cadê a Beth? Beth, tô sentindo sua falta! Abs
Madá
Maravilhoso esse post! Achei que era do Evandro Dodô Barreto… Ele ficou ainda melhor com as citações da Adriana Pessoa (Saramago) e Claudia Oiticica (Amir Klink)!
Jane Curiosa
Vocês aí do blog estão me convencendo a terminar minha leitura de Onfray.Post mais inspirado,sô!
E como “é preciso ver o que(ainda) não foi visto”,vou reler todos os comentários novamente.
Lindos demais!
Jane Curiosa
Sil
Não resisto…
Até as pedras de Paris respondem cantando para você:”diz-lhe numa prece/que ela regresse/que eu não posso mais sofrer…”
Sil
Talita, eu fiquei 88 dias e ainda tenho 2 🙂 porque sou bolsista, ou seja, foram três meses de trabalho bom. Esse tempo como turista ou viajante, só se eu nascesse de novo e em outra classe social…
E a tristeza da partida, como escreveram Jobim e Vinicios é a “melancolia que não sai de mim não sai de mim não sai”.
Eliana Barbosa
Jacqueline, também estarei lá no final de maio. Vou de Londres para Estrasburgo-Colmar depois volto pra Paris. Se estiver sozinha e quiser companhia podemos combinar um Bistrô! Estarei com uma amiga flanando pela cidade entre 25 e 31.
Jacqueline
Nem todas as pessoas são viajantes. Mas parece que os que o são sofrem de um mal sem cura. Um mal que ataca em surtos e depois dá alguma breve trégua até voltar novamente. No meu caso é mal de gerações. Meu bisavô já tinha dito que se um dia não pudesse mais viajar iria morrer. A filha dele viajou o que pode e minha mãe também. Meu marido não é um viajante. Às vezes eu consigo sua augusta companhia, que, por sinal, é ótima. Mas não gosta. Não sonha com viagens. Não planeja. Não lamenta não ir. Mas como é meu melhor amigo e quer me ver feliz, gosta que eu realize meus sonhos. E lá vou eu de novo pra Paris em maio.
Zoi
Lindo texto, me descreveu…
Ricardo
Voltar para casa também é legal, principalmente se ela ficar em Paris…rs. Parabéns pela escolha da foto!
Talita
Eu sempre sofro de depressão pós viagem e só consigo voltar ao trabalho e a rotina quando defino meu próximo destino e o momento ascendente dos preparativos se reinicia.
Ah, posso ter inveja dessas leitoras que passam 30, 80 dias na França????
Eliana Barbosa
Texto e pitacos maravilhosos! Só tenho a dizer que AMO viajar mas o lugar mais gostoso do mundo é minha home sweet home!
Bruna
Lindo e apropriado! Parte importante da viagem é ter um lugar pra voltar…
Raquel barbosa
Oi, eu de novo. Me recordo agora de um post que fiz, que tem a ver com este texto, quando falei sobre o tempo necessário para descobrirmos se realmente gostamos de um lugar. Se quiserem checar, será um prazer 😉 , abraços, Raquel http://www.saladagrega.blogspot.com.br/2013/01/teoria-sobre-o-amor-pelas-cidades-que.html
Gustavo - Viajar e Pensar
Os laços com o cotidiano e o dia a dia são nossa realidade.
O impulso a buscar novas experiências e as usá-las no dia a dia é um grande motivo para fazer a mala e desplugar e viver uma rotina passageira.
Muito bom!!
Nick
Lindo o texto, adorei. Pra mim, acabei chegando a conclusão que o período que antecede a viagem, é o que me dá mais prazer. Quando estamos no destino, parece que tudo passa tão rápido. Mas tenho o consolo que na volta, já começo a pensar na próxima viagem…e assim a vida fica mais feliz !!!
Sil
86 dias em Paris (com micro escapadas). Mais 4 e me vou. Totalmente dividida entre a saudade de minha vida cotidiana, da minha casa, dos meus, e o coração apertado por deixar esse hiato maravilhoso que foi viver esse tempo nessa cidade. E já sonhando, claro, com a volta. Aí abro o CP e vejo esse post….
Lenna Ranghetti
Amo os “alinhavos” de uma viagem: a realização dos desejos, a busca do novo, a expectativa… Amo muito mais chegar lá, sentir o cheiro da aventura, da novidade ou pisar naquilo que já vi e olhar com outros olhos, ou até com os mesmos, matando a saudade. Mas, a volta, mesmo sabendo que meu aconchego me espera, traz a nostalgia… Essa, no início dolorida, só é superada pela visão do retorno.
Mauricio Christovão
Como disse a menina Dorothy, ao voltar de Oz: ” Não há lugar como o lar”
Raquel barbosa
Perfeito! Também acho que “a casa” é um componente essencial de todo viajante. Abraços, Raquel http://www.saladagrega.blogspot.com
Cristiane Pereira
Que texto lindo! Passados quatro meses que cheguei da viagem mais longa que já fiz, e sozinha – 27 dias entre o interior da França, Paris e Lisboa –, ainda estou assimilando e amadurecendo tudo o que vi, aprendi, senti, experimentei. E já começo a pensar na próxima viagem, cheia de desejos, sonhos e paixões. Amei o post, chegou na hora certa! 🙂
Gilmara
Amei o post!!!
Edtou no momento “ascendente do desejo”.
Embarco sábado e não vejo a hora de estar em Paris!!!
Cláudia Oiticica
A felicidade de viajar e a felicidade de retornar. Sensação sempre maravilhosa.
Adoro a definação do José Saramago que a Adriana postou e também, a do Amyr Klink.
“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”
Regina Vasconcelos
Curto mais os meses que antecedem nossas viagens, mas venho “preenchida” o suficiente para ficar bem aqui até à próxima ida!
Vania Wolf
Sofri de um mal terrível depois que cheguei no Brasil: depressão pós-Paris (das bravas!)!! Foi tenso, mas consegui superar isso com muita paciência e a esperança de um dia retornar.
Maria das Graças
“O tempo excitante da viagem é substituído pelo tempo descendente da assimilação lenta de tudo que vimos, provamos, tocamos, sentimos.
No tempo descendente do retorno, durante o repouso do cansaço da viagem, amadurecemos a experiência . O que descobrimos sobre o estrangeiro? E o mais importante, o que descobrimos sobre nós mesmos?”
No parágrafo anterior eu incluiria o que descobrimos na nossa cidade, no nosso bairro que não víamos antes.
É incrível mas esse tempo descendente em mim é longo o que me impossibilita fazer uma viagem seguida de outra.
Adriana Pessoa
José Saramago também define lindamente a volta de uma viagem.
” O fim de uma viagem é apenas o começo de outra.
É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que já se viu, ver na primavera o que se vira no verão, ver de dia o que se vira de noite,
com o sol primeiramente onde a chuva caía,
ver a seara verde, o fruto maduro,
a pedra que mudou de lugar,
a sombra que aqui não estava.
É preciso voltar aos passos que foram dados,
para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles.
É preciso recomeçar a viagem. Sempre.”