As análises históricas sobre o vestuário mostram que as roupas listadas tiveram no passado uma conotação negativa. Durante milênios as estrias representaram o excluído, o diabólico.

As listas atraem os olhares e as pessoas com roupas listadas chamam a atenção e são percebidas com facilidade.

Por isso, desde a Idade Média, aqueles que deveriam ser evitados ou vigiados foram assim vestidos: prostitutas, condenados, heréticos, leprosos. A vestimenta listada simbolizou, durante longo tempo, a infâmia e os excluídos da norma cristã.

O mundo era povoado por pessoas normais cobertas por tecidos com uma única cor e os outros, os excluídos, identificados por duas cores superpostas.

No renascimento, as listas adquiriram uma outra conotação. Elas continuaram marginais, mas se tornaram símbolo de uma marginalidade positiva e romântica. Os hedonistas e aventureiros passaram a usar tecidos listados que os associavam à idéia de liberdade, fuga e prazer.

Créditos: Vergue

Créditos: Vergue

As listas também foram utilizadas em outros contextos. A camisa estriada dos marinheiros tinha o objetivo de os tornarem mais visíveis e facilitar a busca dos homens caídos no mar. Mais tarde, no final do século 19 e início do século 20, as listas se tornaram símbolo de países exóticos com o lançamento de roupas listadas para banho de mar e prática de esportes. De repente elas se tornaram alegres, positivas, inocentes e dinâmicas.

Apesar de algumas situações específicas, de uma maneira geral o tecido listado fez parte de um arquétipo ligado às situações de exclusão até meados do século 20.

Nestes últimos anos, e graças à estilistas contemporâneos como Jean Paul Gaultier, aqueles que adotam os tecidos estriados continuam chamando a atenção, desta vez, por uma elegância descontraída.

L"Étoffe du Diable

LӃtoffe du Diable

Me lembrei do livro L’Étoffe du Diable : Une histoire des rayures et des tissus rayés ( A Roupa do Diabo: uma história das listas e dos tecidos listados ), de Michel Pastoureau.

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