No meu primeiro artigo aqui no Conexão Paris algumas leitoras brasileiras que moram em Paris comentaram de se sentirem deslocadas ao andarem pelas ruas brasileiras usando suas roupas francesas. Ao mesmo tempo algumas leitoras que moram no Brasil indagaram como se vestir em Paris para não parecerem turistas ou para não se destacarem tanto das parisienses. Esse estranhamento no vestir tanto lá quanto cá tem mais a ver com questões culturais e climáticas do que com estilo pessoal.
Quando eu cheguei em Paris percebi que não usaria 30% das roupas que tinha trazido. Elas simplesmente não se encaixavam na cidade. Ao mesmo tempo passei a usar roupas e cores que no Brasil não me sentia bem usando, como por exemplo, paletós e tons de marrom.
Óbvio que Paris, sendo a cidade cosmopolita que é, abriga gente de todo tipo, estilo e lugares do mundo. Algumas dessas pessoas fazem questão de manter os costumes e a cultura do seu país de origem. Outras não ligam a mínima para esse tipo de coisa e vestem o que querem. Mas ao se andar pela cidade percebe-se o estilo geral dominante.
Os blogs escritos por americanos que moram em Paris dão basicamente três conselhos ao seus conterrâneos para que eles não se destaquem tanto da multidão de franceses: não use calça de moletom; não use shorts jeans; não use tênis branco. Apesar disso ser uma piada e uma simplificação, não deixa de ser verdade no caso do turista médio americano. Aquele mesmo que no Brasil veste camisa florida, bermuda e sandálias birkenstock.
Vasculhando pela internet reuni algumas dicas mais adequadas ao turista que quer brincar de se fazer passar por parisiense:
1) Usar cores escuras e neutras. O preto é a cor dominante em Paris, é chique e fácil. Além disso ele esconde manchas, pequenos defeitos e amarrotados;
2) Usar roupas mais clássicas e “comportadas”, menos decotadas;
3) Evitar moletons, tênis de ginástica, roupas esportivas, camisetas. Geralmente só os adolescentes usam casacos de moleton e quando usam tênis são os modelos mais cool tipo Vans ou Adidas básicos. As calças de moletom são o uniforme da juventude de origem argelina usadas com doudoune e boné, que também deve ser evitado;
4) Ao invés de trazer uma mala abarrotada com todos os tipos de roupas procure trazer modelos versáteis que possam se transformar com acessórios tipo cintos, lenços, colares… Esses sim podem ser trazidos em grande quantidade;
5) Jeans é OK desde que sejam modelos simples, de cores escuras, sem detalhes;
6) Relaxe com relação a cabelo, maquiagem, esmalte. As parisienses possuem um look mais natural que as brasileiras. Os cabelos estão sempre meio bagunçados, soltos ou presos em coques tosquinhos. Não precisa estressar com chapinha, se você passar uma escova no cabelo antes de sair do hotel já vai ser suficiente (o que eu acho que nenhum parisiense, homem ou mulher, faz). O clima e a água de Paris ressecam mais os cabelos e a pele do que no Brasil portanto esteja preparada.
Um dos pontos positivos de se “disfarçar” de parisiense é evitar a ação dos trombadinhas e golpistas que estão sempre à espreita dos turistas, seja no metrô ou nos principais pontos da cidade.
Descontos e presentes aos leitores do Conexão Paris
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463 Comentários
birigo
Ótimas dicas Rodrigo, sempre tenho dúvidas quanto o que levar de calçados,para unir o conforto a um bom style.Vou à Paris em março o que levar de calçados? bota ou um tenis pretinho básico?!?!
Jane
Retornando por Lisbôa,vimos duas senhorinhas loiríssimas aguardando suas malas…meu marinho se deu ao trabalho de contá-las.Contabilizou nove malas.Rimos muito.
Jane
LuciaC
Ótimo seu comentário!
Jane Curiosa(quando em Roma,respeito os romanos)
Marcos!!!
…e Jorge Luis Borges;um pouquinho de Mario Quintana…
E Cícero;Sócrates;Nietzsche; Goethe e também se entender com Freud,que é também algo bem elegante de se fazer,não é?
Pati Venturini
Não encontrei o livro da Inès de la Fressange, está saindo a nova edição, só em meados de março nas livrarias!
Marcos
http://chic.ig.com.br/como-usar/noticia/tenis-ganha-novo-status-no-guarda-roupa-feminino-e-aparece-ate-em-producoes-mais-sofisticadas
Marcos
Concordo com a Andreia, não basta ler Inès de La Fressange, tem de ler Tolstói, Dostoiévski, Proust, Flaubert, Zola, Victor Hugo, Dante, Boccaccio, Petrarca, Manzoni, Lampedusa, Calvino, Shakespeare, Dickens, Poe, Joyce, Virginia Woolf, Cervantes, Garcia Márquez, Saramago, Machado de Assis, Guimarães Rosa…
Vera Lucia Roma de Moura
Quando minha filha era adolescente me ensinou a não usar tênis sem ser para fazer ginástica ou outro esporte….( Fora que não é nada higiênico)
Andreia
Poxa Rodrigo amei a sua síntese! É claro que cada um se veste como quer, mas com o ex-moradora de Paris sei como é estranho ver alguém fora do contexto. Disseram por aí que o parisiense não se importa com a forma com que o outro está vestido, é verdade, mas eu acho que a gente deve sim aprender com o parisiense típico, que é o povo mais bem vestido e charmoso do mundo. Por que não? Mas isso é uma questão pessoal, eu morei anos por aí e incorporei mesmo, todo mundo acha que sou francesa por aqui (modesta à parte e segundo os próprios françaises pareço com Audrey, aquela dos diamants sur le canapé hahahah), hoje até sem brinco sai de casa, como disseram tb a atitude conta muito e se vestir como eles é um exercício que requer MUITA prática, não basta ler a Inès de la Fressange, tem que praticar todos os dias e abrir mão de tanto dourado, de unha grande (nunca mais eu acho), de tanta grife aparente (só compro longchamp e lancel), de mèche no cabelo, de tanta pele à mostra e definitivamente de tênis de academia, enfim, ser mais natural e deixar o glamour nos detalhes – bjos adoro seus posts!
Marcos
Um visual completamente bicho-grilo, no melhor estilo “poncho e conga”, também é de amargar!