A França chega atrasada na história da liberação do casamento aos homossexuais. A Holanda iniciou o movimento em 2000, seguida pela Bélgica em 2002, Espanha e Canadá em 2005, Africa do Sul em 2006, do México, Suécia e Noruega em 2009, Portugal, Irlanda e Argentina em 2010, Dinamarca em 2012. Sem contar vários estados americanos: Massachusetts, Connecticut, Iowa, Washington DC, Vermont, New Hampshire e New York.
Chegou a hora francesa e o projeto da lei será discutido agora no final de janeiro. Enquanto isso, o debate na sociedade está feroz entre dois campos adversos. A direita, a extrema direita e as igrejas, sejam quais forem, são os opositores mais visíveis. Os partidos de esquerda aprovam a medida.
De uma maneira geral, o casamento entre pessoas do mesmo sexo é aceito por parte da sociedade (60% dos franceses são à favor do casamento). A discussão pega fogo quando as consequências inevitáveis deste casamento entram em jogo e entre elas a adoção, as técnicas de procriação e a mudança da terminologia nos papéis de identidade. A lei estuda a eliminação de referências como “nome do pai“ e “nome da mãe”, referências estas consideradas obsoletas diante da realidade de dois pais ou duas mães.
Dia 16 de dezembro 2012 os que defendem o projeto invadiram as ruas de Paris para uma grande manifestação pela igualdade de direitos.
Dia 13 de janeiro 2013 a manifestação será comandada por todos aqueles que são contra o casamento, a adoção e o acesso às técnicas de procriação.
Tenho discutido com amigos brasileiros sobre as similitudes e diferenças entre brasileiros e franceses nesta questão. Parece que as igrejas no Brasil adotam a mesma posição das igrejas francesas. Tanto aí como aqui, elas são contra. A proposta na França é uma iniciativa do Partido socialista e uma promessa da campanha eleitoral de Hollande. No Brasil, ela não seria uma proposta do PT e sim de uma pessoa, Marta Suplicy. Na França a discussão está feroz ocupando espaço na mídia e nas ruas das grandes cidades. A sociedade brasileira não está tão mobilizada ou o assunto não é prioritário. A França, ao contrário do Brasil, engloba na mesma bandeira casamento homossexual, adoção, técnicas de procriação. Tal atitude é justificada com o argumento: “a realidade é esta aí”. Milhões de casais homossexuais adotam crianças ou procuram técnicas de procriação em países mais liberais. E como a lei não reconhece dois responsáveis do mesmo sexo, muitas crianças se encontram desamparadas diante do falecimento de um dos pais ou uma das mães.
Face às pressões vindas de todos os lados, François Hollande hesita, cede à direita, acode à esquerda. E hoje, um grande político da direita, Alain Juppé, pediu um plebiscito.
Atualização: vários leitores publicaram comentários que explicam e ilustram a questão no Brasil. Não deixem de ler estas apreciações bem documentadas e inteligentes.
Foto: Kátia Becho
Resolva sua viagem:
Compre seus ingressos para museus, monumentos e atrações em Paris, na França e na Europa no site Tiqets. Use o código CONEXAOPARIS e ganhe 5% de desconto.
No site Booking você reserva hotéis e hostels com segurança e tranquilidade e tem a possibilidade de cancelamento sem cobrança de taxas.
Guia brasileiro para visitas guiadas aos museus e passeios em Paris, clique aqui para saber mais informações ou envie um e-mail para visiteparisape@gmail.com
No site Seguros Promo você compara os preços e contrata online o seu seguro viagem. Use o código CONEXAO5 e ganhe 5% de desconto.
Compre no Brasil o chip para celular e já chegue à Europa com a internet funcionando. Saiba mais informações no site da Viaje Conectado.
Pesquise preços de passagens e horários de trens e ônibus e compre a sua passagem com antecedência para garantir os melhores preços.
Obtenha o orçamento das principais locadoras de carro na França e faça sua reserva para garantir seu carro no Rent Cars.
Encontre passagens aéreas baratas no site Skyscanner.
57 Comentários
Santana
Em meu pequeno conhecimento e grande sinceridade, penso o seguinte: se querem consagrar o casamento homossexual, devem também consagrar o casamento incestuoso, o bígamo e o polígamo, para que haja na sociedade “um só peso e uma só medida”. Se ninguém deve dar pitaco numa relação entre pessoas maiores de idade e lúcidas, ninguém deve dar pitaco numa relação incestuosa ou bígama. Acho louvável a luta do grupo GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e transexuais) por respeito e cidadania plena, mas não louvo os incestuosos e os bígamos viverem às escondidas sem haver quem os defenda. É como diz o slogan no movimento em defesa da cidadania homossexual que está bombando atualmente na França: “Casamento para TODOS e adoção”.
Adriana
Seria bom um artigo sobre os professores, sistema educacional frances, problemas e comparacoes com o sistema brasileiro. Sei que e dificil falar de algo tao complexo. Precisaria de um especialista. Que pena que nao pode ser feito. So sei que no ultimo resultado do PISA em 2009, a Franca ficou na 22 posicao no ranking mundial. A lideranca no ranking foi da China. Ate mesmo, a Belgica, Estonia, Polonia, Islandia, Liechenstein e a Irlanda ficaram na frente da Franca.
Lina
Adriana
Se algum amigo francês topar escrever o artigo, eu publico. Vamos aguardar.
eymard
Os comentários complementaram muito bem o já excelente post da Lina. Apenas algumas observaçoes: Sonia S, que bom ver seus comentários de volta.
Me chamou atenção o número de pessoas nas ruas, contra a aprovaçao. Mas também já vi passeatas enormes contra o aborto. Em Paris se vai as ruas para manifestar opinião. O problema, ao meu sentir, é a crescente onda de “intolerancia”. De todos os generos. O ódio manifestado contra as diferenças.
Regina Vasconcelos
Vi que houve Manifs contra recentemente! E a França sempre foi progressista!
Jacqueline
Lina
Obrigada pela resposta. Realmente, é complexo mesmo. Eu que o diga. Lá como cá deve ser igual. Cada um com seus labirintos.
Maurício Christovão
Jaqueline: Sem o professor e a escola valorizados, o Brasil jamais sairá da condição em que se encontra.
Não sou professor, mas tenho vários parentes que o são, trabalhando em escolas públicas e privadas e acompanho a difícil luta deles.
O fato dos homossexuais terem os seus direitos reconhecidos, podendo casar ou colocar o(a) companheiro(a) como dependente no plano de saúde ou de pensão, não atrapalha em nada a luta dos professores, muitos dos quais também podem ser homossexuais. Trabalho numa companhia de grande porte, que há mais de dois anos permitiu que ligações homoafetivas fossem reconhecidas como válidas para colocação do companheiro(a) no plano de saúde da empresa. É assim que as coisas estão indo e não acho que o mundo esteja perdido. Aliás, espero que se torne um lugar melhor para todos nós.
Jacqueline
Pena, pois deve haver muito a ser desvendado, uma vez que a situação com a imigração é conturbada também para os mestres. Já rendeu até filmes. Ao mesmo tempo, levam os alunos ao balé e à ópera. Coisa que não podemos. Aqui somos sindicalizadas, saímos às ruas, lutamos, mas quebram nossa força. Acho que diferenças e semelhanças não faltariam. Pena mesmo não haver possibilidade desse post.
Lina
Jaqueline
Não sou especialista na matéria. Meu foco é mais turismo. De tempos em tempos escrevo sobre comportamento. Mas a questão do ensino público é complexa demais e nunca entendi seus problemas. A situação é tão complicada que o sistema público é chamado de mamouth para passar a idéia de pesado, ultrapassado. Não ouso comentar questões complexas demais.
Jacqueline
Aproveitando a ocasião, que tal um post sobre a situação dos professores em Paris?
Lina
Jacqueline
Não teria muito o que dizer a não ser o fato que eles possuem uma grande força política e impedem toda e qualquer reforma.
Jacqueline
Jane Curiosa e Tayana
Não vi nenhum macho recusando a inclusão na Previdência do Estado, que é, mesmo com falhas, a melhor. O que ocorreu foram os juízes caindo fora para não terem desconto nos salários e ficando dependentes das esposas, o que é muitíssimo mais barato sendo elas professoras. Sabe-se das distorções, mas direito é direito e se um homem pode manter a ex-mulher e a atual na previdência, por que a mulher não podia incluir o marido? E por que as professoras lutando por esses direitos o tinham negado enquanto os homossexuais, sem essa luta especificamente, o conseguiram? Bom, bandeiras à parte, eu só digo que na minha família só havia professores federais, estaduais e municipais. Hoje só restou um federal e eu, estadual e até não sei quando. Os outros foram para outras profissões, mesmo amando o magistério. A própria sociedade erguerá bandeiras no futuro pelos direitos dos professores sob pena de não existir futuro. Seremos mais uma minoria injustiçada. Sem dúvida, Tatyana, o discurso é fácil, mas sentir na pele é cruel. Aprovo, sim, a adoção e a previdência para os homossexuais, mas a corrida para apagar a injustiça para determinados grupos não pode atropelar outros sob suposições de que esses estejam alicerçados economicamente em uniões vantajosas ou, como disse uma professora, descendo de um carrão: “Fui burra para escolher a profissão, mas não o marido”.
Desculpem o desvio do assunto.
Lili
Lina (ou qualquer pessoa que queira ajudar),
Você sabe qual seria o trâmite para o casamento religioso em alguma igreja de Paris??
Lina
Lili
Não sei te informar. Talvez a Fabiana Maruno saiba pois ela organiza casamentos em Paris.Email: fotoemparis@hotmail.com
Cláudia
Jane curiosa,
Eu acho que esse processo leva um certo tempo. E acho que o fato de estar economicamente melhor acaba por melhorar outros setores, como cultura e até mesmo na tolerância pela diferença, por exemplo. Não coloco tudo no mesmo saco, nem sou da turma de quanto pior melhor.
Jane Curiosa(muito,muito curiosa...)
Claudia…
Não somos assim tão diferentes:mentiras,bajulação,
cinismo,péssimos critérios de ensino,mérito e justiça,descaso e ineficiência para com a coisa pública…
O que,afinal,quero dizer, é que o Estado tanto lá quanto cá,é permissivo em demasia.Uso um eufemismo,é claro,pois o Estado,tanto lá quanto cá ,é na verdade corrupto,o que acarreta ao povo desses dois lindos países as consequências que já tão bem conhecemos:injustiças,ignorância,pobreza,
doenças,violência…
O fato de estarmos,hoje,em melhores condições econômicas(poderia ser melhor!),não nos alça automaticamente à dignidade cívica e moral.
Dé
Voltando pra casa ontem de metrô, fiquei assustada com a quantidade de jovens nessa manifestação… muito triste perceber que mesmo as pessoas da nova geração ainda não se deram conta de que a humanidade precisa evoluir.
Cláudia
Jane Curiosa,
Parecemos com Portugal? acho que não Jane. Embora nosso país seja desigual, vejo progresso na distribuição de renda. Ao contrário da Europa, o Brasil não fez arrocho salarial e nem social. Pelo contrário.
Qualquer pessoa pode perceber que várias pessoas saíram da extrema pobreza. Existe mazelas e corrupção? claro que sim. Mas, nunca houve tantos julgamentos e investigações.
Hoje portugueses vem para o Brasil em busca de oportunidades. Invertemos a situação.
Não acha uma diferença?
Katia Becho
Pra descontrair: uma das organizadoras da manifestação de hoje é uma loura chamada Frigide Barjot 🙂
Lina
Katia Becho
Nome de guerra. Ela é casada com jornalista conhecido e cunhada de um apresentador de programas TV. Gente poderosa.
Sil
Assustei com o número de “senhoras de Santana” que saiu hoje às ruas. Os jornais falam entre 300 e 800 mil, que vieram de diversas cidades…. Lina, se isso se confirma, podemos pensar em forças conservadoras mais espalhadas pelo interior? Ou não tem nada a ver, e os conservadores estão por todos os lados, em alianças inesperadas, unidos em seu reacionarismo?
Lina
Sil
A França é muito mais conservadora do que imaginamos. O interior da França é completamente diferente de Paris.
Roberta Pires
O casamento, pelo menos no civil, assegura direitos e institui deveres de um para com o outro. O documento que atesta essa união garantirá os direitos em caso de morte ou separação. O que as pessoas que são contra a união homoafetiva não entendem é que o casamento gay não causa dano algum à moral da sociedade já que a vida privada dos outros não diz respeito a ninguém. Portanto, penso que as que são contra têm algo a resolver (dans leurs têtes) e não devem perturbar aqueles que já estão resolvidos a ser felizes.
Katia Becho
Lina,
muito bom o seu post e os comentários também são altamente esclarecedores. A manifestação de dezembro passado em Paris foi emocionante e alegre mas, acima de tudo, muito respeitosa – de vez em quando provocavam uma onda sonora para que todos se manifestassem, de tão silenciosa e pacífica. Havia várias ‘frentes’ de manifestantes, cada um com sua bandeira, e muitas famílias hetero e homo, inclusive com as crianças. Foi lindo! Um espetáculo democrático que me fez pensar: as leis na França estão atrasadas em relação à sociedade. Já no Brasil acontece o contrário. Dizem que temos uma das mais modernas legislações do mundo, inclusive ambiental. Mas, infelizmente a sociedade não é tão mobilizada para exigir seus direitos. Em Paris é comum vermos casais homo se beijando ou passeando de mãos-dadas. Ninguém parece ofendido. No Brasil isso pode acabar em violência e morte. Falou-se aqui da Parada Gay. Em Paris também tem a Parada Gay e é uma festa. Já a manifestação de dezembro foi um ato político apoiado por cerca de 150 mil pessoas, segundo os organizadores. Mas também teve humor, como não poderia deixar de ter. Vi cartazes ótimos, como: “melhor duas mães (mèrs) que um pai e uma mãe de ‘merde'”. Ou: “Vocês rezam pela gente, a gente trepa por vocês” (esse arrancava risos e flashs por onde passava). E um de uma jovem feminista: “Uma mulher precisa de um homem do mesmo jeito que um peixe precisa de uma bicicleta”. E por aí foi :).
bjs
Helio Jr
Lina,
Quanta informação esclarecedora e que bela discussão você está proporcionando! Fico orgulhoso com a maioria dos comentários e certo de que a informação ilumina e afasta o preconceito. Que aos poucos essa luz se espalhe pela sociedade!
Quesnay
O casamento homossexual no Brasil já está legalizado, mas ainda impera o proconceito. Contudo, o importante é existir RESPEITO de ambos os lados, pois só assim as preferências sexuais serão aceitas. palavra chave é RESPEITO!!!
Paulo Junior
Olhem so o que acaba de escrever Sylvain Ambrosi so site divulgador da manifestacao contra o casamento para todos: “””””” L homosexualité est une anomalie génétique au meme titre que d autres anomalies autisme trisomie etc ; il faut donc aider ces malheureux homos en organisant un homothon par exemple : les dons seraient reversés à la recherche afin d ‘éradiquer cette tare génétique biologique physiologique ; au lieu de les rejeter , aimons les en essayant de leur faire retrouver le chamin du vrai bonheur de l amour vrai père mère enfant procrée par amour naturel et non chimique et synthétique avec cette diabolique PMA que même les nazis n avaient pas pu mettre au point : uterus artificiels eprouvettes sperme synthetique ventres d e mères porteuses et pondeuses , trafics mafieux en perspectives d organes ,le monde de Frankenstein revisité par les socialos , le meilleur des mondes du lobby , la cruauté sans frontières mercantilisation machiavelique d enfants zombis artificiels ; l HORREUR est pour demain !””””””____ …
Quem estiver em Paris e nao tiver esta visao estupida e homofobica participe da manifestacao clicando aqui:
https://www.facebook.com/events/185968891542715/
Jane Curiosa
Silvia…!
Impossível desconhecer o que se passa hoje em Portugal.Sei também que tudo o que eu disser em nada aliviará a situação atual.No entanto,aqui como aí,nos parecemos,não é?
Para uma trégua neste fim de sábado,veja aí:
http://apodrecetuga.blogspot.com.br/2012/01/fome-e-pobreza-darao-emprego-alguns.html
Silvia
Lina
tudo bem ? ando desaparecida nos comentários mas quase todos os dias passo por aqui, até porque o meu amor por Paris é eterno!
As coisas estão muito dificeis aqui em Portugal, não sei se aquilo que passa para fora através dos media corresponde á realidade… e a realidade é muito dura, estou cansada de ver com os meus olhos tanta pobreza, fome, crianças que desmaiam de fome na escola porque os pais não tem comida para lhes dar. O maior desemprego de todos os tempos. Roubaram-nos a esperança em dias melhores…
A pobreza passou a ser uma constante que cansa e magoa.
Estou cansada de tanta corrupção, de coisas que fazem á população que nunca me passaria pela cabeça assistir…
Muito triste Lina, das poucas alegrias neste momento é passar por aqui, recordar bons momentos e esperar melhores dias…
Obrigada por estar aí.
bjos
Lina
Silvia
Estamos todos seguindo o que se passa em Portugal. Temos amigos portugueses. Penso muito em você.
Cesar Barroso
Atrasar a marcha da civilização, é o que fazem os que são contra direitos totais para os homossexuais. Poderão adiar a solução por uns poucos anos, mas no final serão atropelados. Só não vê quem não quer.
Lili
Lina,
fugindo um pouco do assunto do post, mas nem tanto, vc sabe se é possível dois brasileiros (um homem e uma mulher) casarem-se no religioso na frança? esse casamento seria válido no Brasil?
Lina
Lili
Não sou especialista, mas juridicamente o casamento não seria válido em lugar nenhum. Mas se a validade foi espiritual, ele é válido sim.
Silvia
Na minha opinião a igreja devia preocupar-se em ajudar os milhões de católicos que passam fome!!
Ajudar mesmo!! Em todos os aspectos, porque é muito triste ver milhões de pessoas a passar fome, como o caso de Portugal e ver a opulencia e dinheiros mal aplicados como no santuario de Fátima em obras que não interessam para nada, a igreja ainda vem ás televisões defender partidos e politicos que nos estão a colocar na miséria! Nós afinal não queremos caridadezinha, queremos sim trabalho para poder viver dignamente… Deixem todos viveram a vida como quiserem, afinal quem somos nós para julgar? existe lugar para todos neste Planeta!bjos
Lina
Silvia
Você está sumida…
Jane Curiosa
Jacqueline:
Labiríntica a constatação ,não é mesmo? Já pensou o quanto essa situação derivou do forte e arraigado sentimento de macho,de provedor do homem gaúcho? Acho mesmo que para determinados grupos,seria como que uma espécie de desonra receber benefícios através dos ganhos de uma mulher.Porém,cultos e inteligentes que são,o povo gaúcho vem dando mostras de excelentes resoluções através de sentenças judiciais,quebrando seus próprios tabus.
Tatyana Mabel Nobre Barbosa
Jacqueline,
Os homossexuais pagaram suas conquistas com a própria vida ao longo de séculos. Acha isso barato?
Sonia S
Lina,
Como você bem disse, as postagens da Maria Amélia e da Maria do Carmo estão absolutamente corretas.
O STF, no dia 5/5/2011, em decisão histórica, deu provimento, por unanimidade a duas ações, ou seja, à Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental – ADPF 132, interposta pelo Estado do Rio de Janeiro, em 2008, a fim de garantir aos funcionários estaduais que mantivessem relações homoafetivas, os mesmos direitos previdenciários, na mesma forma dos concedidos às uniões estáveis heterossexuais.
A seguir, em 2009, a Procuradoria Geral da República interpôs Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI 4277 a fim de obter o ” reconhecimento , no Brasil da união entre pessoas do mesmo sexo, como entidade familiar, desde que atendidos os requisitos da união estável entre homem e mulher, e os mesmos direitos e deveres das uniões estáveis estenderem-se aos companheiros nas uniões entre pessoas dos mesmo sexo.”
O julgamento do STF inteiramente favorável a essas ações é eficaz perante todos e a todas as instâncias do Judiciário, da Administração Pública Direta e Indireta.
Nossos tribunais vêm decidindo favoravelmente aos pedidos de adoção feitos pelos casais homoafetivos.
O legislativo, no entanto, ainda não legislou a respeito; embora haja projetos em andamento.
Até onde sei, não só a senadora, hoje Ministra da Educação Marta Suplicy, mas inúmeros parlamentares de todos os partidos são favoráveis às relações homoafetivas, bem como à adoção pleiteada por esses casais, na forma do que foi decidido pelo STF.
As paradas gays que acontecem anualmente em São Paulo e no Rio de Janeiro são lindas festas concorridas, às quais comparecem milhares de pessoas.
Afinal, é por essas e por outras que tanto “me ufano de meu País.”
Obrigada.
Lina
Sonia S
Pensei, no final deste artigo, pedir a opinião dos leitores do CP sobre a questão. Depois cheguei à conclusão que aqueles que quisessem se manifestariam. Eu tenho poucas informações sobre o casamento gay no Brasil e estou feliz com a participação de vocês.Os comentários são excelentes e absolutamente necessários. Coloquei no artigo convite para que todos os leiam. Obrigada.
Sil
Jacqueline, muito do que nós, mulheres, conseguimos foi sim na base da luta, mas será que um grupo social precisa depreciar o outro? Quanto ao seu comentário sobre ser “modismo” um conjunto de questões diferentes como cotas (não é o assunto) e direitos para gays, negros, favelados…nossa, é muito preconceituoso! Até porque nada disso é escolha e é complicado demais vc misturar numa mesma frase um tema racial, outro de orientação sexual, e uma circunstância econômica!
Quanto ao casamento, Evandro, acho mesmo que é um adereço romântico…. talvez pq depois de algumas relações, filho etc., eu continue a ser legalmente solteira.
Jacqueline
No Rio Grande do Sul, até alguns anos atrás, as professoras não podiam incluir os maridos na previdência. Podiam ter 10 filhos, serem legitimamente casadas, dividir todas as agruras, mas previdência, não. Foi muita luta, passeatas e atos públicos para, enfim, conseguirem a inclusão mediante pagamento, bem caro, do PAC (programa de assistência complementar). Não faz muitos anos que a inclusão total foi alcançada. Os homossexuais, no entanto, obtiveram-na sem luta. O RS é um estado muito avançado? Ou tão retrógrado que considera o trabalho da mulher inferior na composição familiar? Nada contra, mas meu pirão também, uma vez que a justiça tem que ser para todos. E, por aqui, ficou a impressão de que os gays conquistarão muito mais e mais depressa do que nós. Parece até ser modismo. Tal como cotas. Chato agora é não ser gay, nem negro, nem favelado. Vão descontar séculos de atraso numa corrida desenfreada atropelando os que ficam à margem desses critérios? Desculpem o desabafo, mas comparando Brasil e França, haverá lá essas incoerências?
Cesar Barroso
Conheci há poucos dias um casal homossexual feminino com dois filhos de 18 e 19 anos que uma delas gerou por inseminação artificial. Era uma festa na sua casa. Os jovens dançavam com garotas, integrados, felizes. Um deles foi admitido recentemente numa das universidades de maior prestígio na Inglaterra.
Acho que a França deveria fazer um plebiscito. Se forem contra, farão Voltaire tentar sair do túmulo de dedo em riste.
Paulo Junior
Participem!!!
https://www.facebook.com/events/185968891542715/
Lenna Ranghetti
Assisti, em Paris no dia 30 de junho passado, a parada gay que passou no Bld. Saint-Germain. Fiquei impressionada com a quantidade de gente, a organização e a mobilização dos participantes. Dentre eles estava uma grande representação de casais gays com seus filhos, outra representação dos pais que apoiam seus filhos gays… Um grande número, mesmo. Daí, fico surpresa ao ver que num país desenvolvido, como a França, ainda estão batalhando pela permissão do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Evandro Barreto
Parabéns pela objetividade informativa e qualidade do texto na abordagem de um tema tão passionalizado e rico em desdobramentos comportamentais, econômicos, jurídicos e filosóficos.
Da forma que eu vejo o casamento homossexual, a palavra que complica tudo não é “homossexual”, é “casamento” – uma forma de associação criada há milênios para atender a interesses patrimoniais e políticos, e que se pretendia durável pela vida inteira. Eficaz no largo período em que o domínio físico do território era o fundamento do poder, foi perdendo sentido com a urbanização, a sofisticação da economia, a mobilidade individual, o advento da interação virtual e a perda do medo do inferno. Atualmente, quando as uniões informais, tanto homoafetivas quanto entre pessoas de sexos diferentes adquirem progressivo respaldo jurídico e aceitação grupal, o ritual do matrimônio torna-se cada vez mais simbolico. Se, na sua origem, o casamento pouco tinha a ver com amor, hoje parece ter-se tornado um adereço romântico a causar ruído na comunicação.
Evandro “Dodô” Barreto
Tania Baiao
Causa espanto a necessidade de uma questão como essa ainda ser “discutida”no século XXI!!!
Como bem o disse Natalia, criança precisa de pais presentes (não importando o sexo deles)
Ouvir a opinião da igreja é que é sim, um contra senso! Com tantos casos de pedofilia, abusos, etc… seria a única que não deveria opinar.
Jane Curiosa
Me desculpem,mas a igreja devia tratar de seus temas internos,esses, sim,bem mais polêmicos.
Cesar Aragão
É de admirar que a França ainda esteja discutindo isso,ela que sempre foi de vanguarda…
Maria Amélia
Embora no Brasil não haja um projeto de lei autorizando o casamento e a união estável entre pessoas do mesmo sexo, vale dizer que o Supremo Tribunal Federal já tomou a frente do assunto, proferindo decisão inédita, autorizando a união. Assim, hoje, no Brasil, os homossexuais podem sim casar e constituir união estável, por força de decisões judiciais, apoiadas inclusive pela OAB, que até já realizou casamentos homoafetivos coletivos em sua sede da cidade de Santos – SP.
Lina
Maria Amélia
Obrigada por essa informação. São sabia deste apoio do STF e da OAB.
Maurício Christovão
Espero que essa discussão um dia seja considerada uma mera curiosidade. Se duas pessoas querem viver juntas, que vivam!!! O que é melhor? Uma criança ser criada por um casal homossexual ou ficar num orfanato até a maioridade?
Maria do Carmo
Acho que há um engano. No Brasil o casamento homoafetivo nao só é permitido como a adoçao de crianças também. Mesmo com a intolerância da igrejas que nem sem[pre se refletem no pensamentos de seus seguidores. A França e outros países é que estao atrasados nessa questao. É claro que há muito para avançar mas na questao homofóbica mas se caminha…
Lina
Maria do Carmo
Estou aprendendo aqui com vocês que o Brasil está na frente de muitos outros países. Obrigada pela participação.
Isabela Almeida
Acho que o Brasil a discussão existe, sim, só que a manifestação dos brasileiros acontece de maneira um pouco diferenciada de outros países. Culturalmente, não temos uma tradição em manifestação “de rua” (embora isso tenha mudado ultimamente). No Brasil, houve – e ainda há – muita discussão e o fato é que nos estados de SP, BA e AL o casamento civil entre homossexuais (ou homoafetivos) é permitido em qualquer cartório. Em outros estados brasileiros as discussões e manifestações continuam…
Natalia Itabayana | Destino Provence
Parte do argumento de direita que se opõe à adoção e reprodução assistida é sustentado pelo discurso das igrejas em torno da concepção de familia, que deve ser constituida por pai e mãe. Ora, na clinica vemos que não é bem por ai, se assim fosse filhos de pais separados ou filhos que perderam pai/mãe na tenra infância e que, portanto, com eles não tiveram pouco ou nenhum contato seriam certamente sujeitos com disturbios psicologicos, o que sabemos não ser o caso (apesar desse discurso ter sido usado contra o divorcio, quando dele foi questão). Não se trata de pai e mãe pra constituir o sujeito, mas de figuras paterna e materna, que podem muito bem ter lugar no seio de um casal homoafetivo.
Acredito que as diferenças entre esse debate na França e no Brasil relevem do tipo de moral que prevalece na sociedade: o que sinto é que por aqui, a moral da igreja tem menor espaço que no Brasil, onde muitos assuntos são ainda vistos como tabu, como a questão do aborto, por exemplo. Mas acredito que progressos tendo sido feitos no Brasil no que diz respeito ao debate dessas questões, inclusive tenho um colega que trabalha diretamente com esses debates em torno de politicas publicas que visam a igualdade em torno do movimento GLBT, mas o caminho é longo e cheio de pedras, e não é sempre facil despertar reflexão quando os temas são tão delicados.
Sil
Eu tropecei com a manifestação do dia 16 de dezembro no Marais e acabei acompanhando um pouco, fui com eles por um tempinho. Uma passeata alegre, calma e propositiva ao mesmo tempo. E com toques inevitáveis de humor. Saí de lá feliz por ter presenciado isso.
Espero que o Hollande não ceda às forças conservadoras…. e que o Brasil também pegue o tema “à unha”.
Juliana W
Pois é… Algumas estações de metrô inclusive estarão fechadas por causa disso – fiquei um pouco assustada com os números que o site da RATP está dando como previsão, mas vejo isso como um reflexo da amplitude desse debate na sociedade francesa – ao contrário do que acontece no Brasil…