Por Penélope
Um amigo uma vez me disse que 70% de todas as músicas boas do mundo vem da Inglaterra, dos Estados Unidos, do Brasil e da França. Eu não sei se a porcentagem é exatamente essa, mas acho que ele estava certo.
Inclusive, os franceses acreditam que foi uma música francófona que inspirou a Bossa Nova. Henri Salvador, natural da Guiana Francesa, lançou, em 1957, uma música chamada Dans mon Île. E reza a lenda que a canção foi ouvida por Tom Jobim em um filme italiano e inspirou o nosso grande maestro a desacelerar a batida do samba e criar o que chamaram depois de Bossa Nova.
Muita gente questiona esta teoria, inclusive o próprio Henri Salvador, conforme consta nesta entrevista que ele deu à Folha em 2007. Do lado de cá do oceano, a maioria acredita que foi João Gilberto, e não Tom Jobim, o inventor da Bossa Nova. Outros poucos (inclusive eu mesma) atribuem o nascimento do ritmo a Johnny Alf. A discussão é longa e não vale a pena entrar nos méritos mas, de qualquer forma, esta história reflete bem como a nossa canção popular anda lado a lado com a chanson française.
Ficou curioso? Então assiste o videoclipe lindo da música Dans mon Île, de Henri Salvador.
Eu sou fã incondicional de Henri Salvador e o admiro tanto quanto ele admirava o Brasil. Gostaria de falar o francês com a mesma fluência que ele falava português e ter o mesmo bom humor em relação à vida.
Ele morreu em 2008, aos 90 anos, e, para quem for a Paris e estiver interessado em visitar a sua tumba, recomendo que vá ao cemitério de Père Lachaise. Ele está enterrado bem ao lado de Édith Piaf.
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41 Comentários
Viviane Ribeiro
Morando a dois anos na França , confesso que foi bem difícil me desapegar da musica brasileira, venho de descobrir Henri Salvador, estou encantada e surpresa ao saber que por aqui também se fazem musicas/ melodias boas como se deve.
Aproveito pra deixar a dica do cantor francês Nicola Son, que canta em português, com a irreverência , o charme e o swing brasileiro !!!
Fabio Maciel
E eu estava lá!
Um cinzento dia de chuva fraca parisiense… foi lindo repartir com você este momento.
Parabéns pelo texto, querida.
Cláudia Oiticica
Penélope, uma grande homenagem ao Henri Salvador. Algumas semanas atrás assisti na TV5 o documentário “Entre deux liens… sous les tropiques” sobre as influências musicais entre a França e os trópicos. E lógico que Henri Salvador participou, mas tinha outros que nunca tinha ouvido falar.
Dodô, adorei seu comentário!!!
Penélope
Priscila, que história triste! Deve ser estranho descobrir que alguém morreu assim, sem querer.
Eu, que já sabia que o Henri Salvador tinha morrido, também fiquei muito surpresa ao vê-lo enterrado no Père Lachaise, porque não sabia que ele estava lá e muito menos que tinha sido sepultado na tumba vizinha de Édith Piaf.
Achei simpático ver os dois lado a lado.
Priscila
Esse artigo me fez lembrar de uma situação delicada / inusitada da minha vida: No começo de 2008 estava cuidando do meu pai que passava por um câncer terminal, situação muito triste, em revezamento com minha mãe passava as noites no hospital e minha mãe ficava durante o dia, ele faleceu em 24 de fev. de 08; Em 2010 meu marido e eu fomos passar uns dias em Paris e dentre todos os programa “típicamente turisticos”, lá fomos nós ao Père Lachaise, vcs não sabem o tamanho do impacto que tive ao visistar o túmulo da Edith Piaf, constatar que o Henri Salvador tinha morrido … só fiquei sabendo naquele momento, pq ele havia falecido dias antes do meu pai e como eu estava fora do mundo normal nesse período (não assistia a tv nem lia a jornais) levei um susto muito grande, pq quando estudei na França a professora dava aulas utilizando as músicas do Henri, oq fez de mim uma das fãs n° 1 dele !
Ludwig Wallerstein Neto
Errata: Nicola Són
Ludwig Wallerstein Neto
Uma ótima sugestão é Nicola Son, que canta sambas e bossa nova! Ele é francês e fala fluentemente o português.
Ludwig Wallerstein Neto
Henri Salvador, bossa nova = tudo de bom!
Só não curto visitar cemitérios…
Prefiro homenagear de outras formas.
Julie
Amei! Eu já sigo o CP há muito tempo e recentemente descobri o Sob o céu de Paris, e adoro os dois! Adorei ver a Penélope por aqui também, e estou amando descobrir as músicas do Henri Salvador!
mirelle
Conheci Henri Salvador quando trabalhava de babah e o pai das crianças colocou o CD pra tocar. Ouvi e logo pensei: “olha so, ele esta ouvindo bossa nova… mas perai, em francês???”. Abri os ouvidos, fiquei mais atenta e vi que não era um cantor brasileiro. fui logo perguntar a ele quem era esse cantor que tocava ao som da bossa nova. Fiquei apaixonada pelo CD e quando tive que parar de rabalhar com a familia para retomar os meus estudos, o pai me deu um CD dele de presente de despedida, junto de um livro.
Adorei vir aqui saber que existe essa teoria de que na verdade foi Henri Salvador quem inspirou a bossa nova, mas espero que essa historia não se espalhe muito entre os franceses, seria um saco ter que aguenta-los se gabando de mais essa proeza, rs.
Marcello Brito
Penelope ,
Excelente seu texto! Adorei a lembranca dessa figura genial.
Depois escrevo um pouquinho mais pois sou fa de HS.
Mas de fato Henri morou no Rio por um periodo de mais ou menos 2 anos quando foi atracao permanente do cassino da urca nao so como cantor e compositor mas tb como entertainer, apresentador e comediante nos moldes de grande otelo.
Alias ‘e lendaria a briga que os dois tiveram nos bastidores do cassino, quando chegaram as vias de fato.
Henri nunca mais dirigiu a palavra ‘a Grande Otelo o que estigmatizou a figura do chansonier frances no meio da epoca.
Lelena
Gabi, adorei.
Me lembrei das aulas de françês que tínhamos no Museu. Essa música estava sempre presente. Linda…
Bjs,
Lelena
Penélope
Agradeço a todos pelos comentários.
Como leitora antiga do Conexão Paris, o bom recebimento do meu primeiro post siginifica muito pra mim.
Dodô, adorei seus comentários!
Tida, não sabia que Henri Salvador tinha morado no Rio, mas já o vi em vídeos falando português e era realmente incrível a sua fluência. Tinha até sotaque carioca.
Jane Curiosa
Dodô
E assim fomos caminhando e cantando…ao encontro da MPB…
Tivemos até um presidente tão,mas tão Bossa Nova,que chegou a nos prometer que viveríamos cinquenta anos em cinco.
E o mundo partido em dois…
Dodô
Lina e Jane Curiosa,
Obrigado pela confiança mas não sou especialista. Apenas cheguei àquela fase em que a memória começa a virar história. Concordo que a forma de tocar e de cantar é o que mais fielmente caracteriza a BN. João Gilberto, regendo um coral VIP, do qual participavam Caeano Veoso e Maria Bethania, mostrou isso na versão em português de “All of me”. Por outro lado, o solo de trumpete de Miles Davis em “Aos pés da Santa Cruz”, de Sinhô, chegou quase lá. Mas há outro aspecto importante: a atitude do compositor, no contexto da sua época.
Ary Barroso e Assis Valente valorizaram, com a bênção da ditadura Vargas, a terra e a gente de um país rural e atrasado, com poucas realizações concretas a mostrar. Foi o período do chamado samba-exaltação, do coqueiro que dá coco, da gente bronzeada que esquentava pandeiros e iluminava terreiros.. A arrancada dos anos JK tornou obsoleto esse tipo de compensação. E foi nos apartamentos de um Brasil cada vez mais urbano que jovens cariocas de classe média e nível universitário – não só Tom, mas Roberto Menescal, Carlos Lyra etc. – descobriram que a felicidade não precisa ser épica nem o amor tem que se abrigar na fossa para que se possa fazer música de qualidade.Se o barquinho vai e a tardinha cai, não é preciso muito mais. E assim foi até o samba de apartamento dar lugar à marcha. Da família, com Deus, pela liberdade.
aparecida aragão marques tenorio
Olá Penélope, diz meu marido aqui do lado que o genial Henri Salvador era fluente em português porque morou no Rio de Janeiro por cerca de 5 anos, quando se apresentava no Cassino da Urca, nos anos 50 (parece que residia no Copacabana Palce). Sua estréia foi ótima, continue assim Bj. TIDA
Jane Curiosa
Ué?! Sumiu.
E assim,fica melhor?
Ei s que a minha modorrenta tarde de sábado ganha novos contornos…
Sempre sinto imenso prazer quando leio sôbre a Bossa Nova.
Nasci quando a Bossa Nova já desabrochara,e me tornei adolescente quando ela já era adulta,por assim dizer.
Introspectiva que sou,desde a infância eu me encantava com aquele ritmo que aconchegava,discreto,porém insinuante.
Mais que isso,aliás:eu ficava embevecida com o apêlo poético de suas letras, com a maneira como eram cantadas,com seus versos sendo escandidos lentamente,prática magistral do mestre João Gilberto,que à minha maneira de ver foi realmente o agente aglutinador do que se convencionou chamar de Bossa Nova.
Bernardo,em post acima,diz que de filho bonito todo mundo quer ser pai.Concordo e acrescento:ou parente.Vejamos que até o delírios dos loucos
sempre tendem a se arrogar em “encarnações” de figuras de proa,que foram exemplos em suas épocas. Nunca ninguém é pobre ou anônimo em seus delírios.
Então,eu acho que a Bossa Nova,apesar das tentativas de descaracterização por parte de certos críticos,que a ligavam ao jazz oriundo daquele país imperialista,que já suscitava ódios por aqui,(aqui,por favor,sem juízo de valor),o que acredito não passar de mera tentativa de defesa à insegurança de estar no límiar de algo novo,e também na defesa de seus próprios interesses,o que é legítimo;considero a Bossa Nova,que dizem não ser um gênero musical,mas uma maneira de se tratar a música:seria estilo?,algo genuínamente nosso,brasileiro.
Aqui, peço ajuda ao Dodô,que me parece extremamente bem paramentado para nos orientar,e também à Pénelope,pois eu sou apenas uma curiosa no assunto.
Jane Curiosa
Donizeti
Excelente aparte!
Desde geniais compositores clássicos à performance atual,com especial reparo para a música eletrônica da atualidade. Fiuuu! dá pra ficar horas conversando.
Mas esperemos. A experiência musical do blog está apenas em su início.
Donizetti
Pois eu já acho que toda a história da música brasileira, americana e inglesa não vale um século da música alemã. É óbvio que a música americana, por exemplo, fez muito mais sucesso, sobretudo no século XX, porém, do ponto de vista histórico, isto é, nos últimos 500 anos, a Alemanha foi o berço de pelo menos uns cinco estilos.
Abraço,
Madá
Dodô, faço coro ao Eymard, adorei o resgate. Muito bom lembrar de Johnny Alf, o grande Mario Reis que influenciou Chico e o querido Mel Thormé de Porgy & Bess, lindo!
Jacqueline
Influências existem e muitas, mas quando resultam em coisas boas são válidas. Quanto à bossa nova, prefiro creditá-la a João Gilberto que é quem realmente fez a diferença com seu banquinho e o violão. Influenciado por algo ou alguém? Bendita influência, então.
Adorei o post. Merci.
eymard
Belo Dodo! Muito bom o seu resgate. Esse disco da Elisete, considerado o marco, foi regravado pela Rosa Passos. Rosinha. Rosa também é uma anjinha mais recente deste céu encantado da bossa nova, novissima!
MônicaSA
Penelope,
Parabéns pelo texto. Musical e suave como a bossa nova. E por falar nela, chega de saudade, recordar é viver. Valeu.
Samuel
Perfeito! Uma aula sobre música brasileira! Vou anotar tudo aqui e procurar para conhecer melhor!
Abs.
Dodô
Penélope & Lina,
Encore! Já pelo foco do primeiro texto, e pela mobilizaçao imediata da galera CP a respeito, dá para sentir quanta coisa boa vem por aí.
Com relação ao que é ou não Bossa Nova, me vem à lembrança uma frase definitiva de Haroldo Costa: “Nem todo crioulo pulando é folclore”. (Antes que me chamem de politicamente incorreto, lembro que Haroldo Costa é negro, pesquisador, jornalista e, como excelente ator, representou “Orfeu da Conceição” na primeira montagem teatral, com texto de Vinicius e música do Tom, o que nos traz de volta ao assunto do post).
Eu diria diria que nem toda música com jeito de bossa faz parte do pacote, ainda que possa ser parente.
Convencionou-se que o lançamento fonográfico da BN aconteceu em 1958, com o bolachão de vinyl “Canção do Amor demais”, produzido pela “Festa”, do meu amigo Irineu Garcia, cantado por Elisete Cardoso e reunindo canções de Tom e Vinicius. Sem constar dos créditos, e discreto como é da sua natureza, o violão de João Gilberto. No entanto, não havia nenhuma coerência rítmica ou harmônica entre as faixas, que iam da seresta ( “Ai, a lua que no céu surgiu…”) ao tratamento realmente bossanovístico de um samba, determinado pelo violão: “Vai minha tristeza…”
Pessoalmente, acho que seria mais justo consagrar como viga-mestra do gênero o Samba do Desafinado ,arranjado, cantado e tocado pelo João. Música do Tom e uma incrível letra de Newton Mendonça, onde a expressão aparece pela primeira vez (… isso é bossa nova, isso é muito natural”).
Agora, deixando de lado o academismo dos rótulos e o pequenismo das precedências, vamos combinar: Henri Salvador,Tom Jobim, João Gilberto ,
Johnny Alf,Mário Reis e, quem sabe, Mel Thormé, são anjos da mesma núvem.
conexaoparis
Dodô
Você e Penélope poderão trocar muitas figurinhas. Obrigada por comentário de especialista. Abraços.
Jane Curiosa
Bossa Nova eu não discuto.Apenas ouço.
Penélope,muito obrigada.
Valéria
Oi Lina!
Oi Penélope!
Adoro a música de Henri Salvador, sua deliciosa voz, que atinge todos os nossos sentidos, uma viagem…
Começou bem, heim?rss
Seja bem vinda!
joe
Belissimo texto, excelente aquisição do Conexão Paris, muito bem vinda, Penélope.
Adriana Pessoa
Penélope,
adorei o vídeo e o post.
Parabéns.
Jane
Penélope
Sua estréia no CP foi ótima.Percebo que terei a oportunidade de aprender coisas que desconheço.Agradeço a você e ao CP.
eymard
Penélope, também sou fa de Henri Salvador (ja dizia a musica!). Ha um encontro dele com Rosa Passos que também marcou história. Quanto a Bossa Nova, bem…nao interessa quem começou a onda…o que interessa é que realmente ela é boa demais!
Kaka
Musica ótima, melodia encantadora, texto expressivo. Parabéns Penélope, continue a nos presentear com excelente trilha sonora assim, enquanto lemos e nos informamos, além de nos divertirmos ainda temos um fundo musical maravilhoso.
Vivian Mara Côrtes Camargo
Henri Salvador é sem dúvida um presente! sem entrar no mérito sobre quem inspirou quem, é música da melhor qualidade
E o seu texto, Penélope, foi inspiradíssimo, gostei muito.
Tania Baião
Belo texto de estréia, Penelope.
Também adoro Henri Salvador.
Antonio & Silvia
Tomei conhecimento do Conexão Paris este ano. Obvio que ainda não consegui visualizar tudo,mas cada visita uma nova descoberta. Nota 10.
Teresa Cristina Caldeira Lott
Um texto excelente, que da vontade de ler mais.. e a musica lindisima.
Parabéns Penélope
Claudia
Um texto leve, bem escrito e a música deliciosa. Parabéns Penélope.
Já seguia o Conexão Paris, agora ficou melhor ainda.
gabebritto
Henri Salvador é mestre.
Bernardo
De filho bonito todo mundo quer ser pai… Não meto a mão nessa cumbuca, mas o H. Salvador é demais. O último disco dele é das coisas mais legais de chanson française que ouvi nos últimos anos
Madá
Penélope, eu também sou fã do Henri Salvador. O Caetano também gravou Dans mon Île, acho linda essa música, tem versos que convencem mesmo do paraíso.