Em 1983, recém chegada na França para cursar o doutorado em Sociologia do Trabalho, resolvi seguir o conselho do meu diretor de tese e comprei a coleção ” Les Aventures du Juge Ti” do escritor Robert Van Gulik. De acordo com meu caro orientador, esta seria a maneira mais agradável e barata para aprender o francês.
Passei dois anos lendo todos os livros deste escritor holandês, grande erudito, poliglota, conhecedor da poesia e caligrafia chinesa e da filosofia budista. Se inspirando em um autêntico funcionário da época Tang ele escreveu vinte e quatro histórias policiais.
E foi assim que fiquei conhecendo muitos aspectos da vida social da China antiga e aprendi o francês.
As histórias são interessantes, o rítmo agradável e, o mais importante, um estrangeiro consegue seguir o Juge Ti nas suas pesquisas policiais sem grandes esforços. Nesta situação de leitura/aprendizado da lingua o texto tem que ser interessante e de fácil acesso senão o leitor/aluno abandona a tarefa.
Até hoje, de tempos em tempos, emprego expressões que aprendi com o famoso funcionário da corte chinesa.
Este relato me lembra a cena de um filme, cujo nome me esqueci, do diretor alemão Rainer Werner Fassbinder. A história se passa na Alemanha durante a segunda guerra mundial e a personagem principal – interpretada por Hanna Schygulla – se exprime na sua língua materna e em inglês. Em dado momento alguém pergunta onde ela tinha aprendido este inglês sem nota falsa e a resposta cai como uma bomba: na cama.
Bem menos romântico o meu caso. Aprendi lendo e na biblioteca.
Descontos e presentes aos leitores do Conexão Paris
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33 Comentários
Renata
Nossa, adorei saber disso….nunca imaginei ter sido assim a maneira como aprendeste. Vou procurar o livro, bien sûr!! Merci pour vos conseils…..toujours!!! ❤️
Alexandre
Obrigado por compartilhar a forma como você aprendeu esse fantástico idioma, e também pela dica. Para mim, os maiores desafios do francês são o desenvolvimento do ouvido e da pronúncia correta das palavras, que certamente exigem bastante dedicação.
Carla
Gostei muito desse artigo, melhor ainda é vir para os comentários e ler tantas “dicas” compartilhadas por estudantes e admiradoras do Francês assim como eu.
Marilene
Querida, estou aprendendo o francês também e um livro que achei bem fácil de também seguir é o L’Etranger. Abraço!
Katia Becho
Maria das Graças,
obrigada pelo incentivo. Também ando com o dicionário o tempo todo e sempre que vejo uma palavra nova, pesquiso e busco memorizá-la. E obrigada pelo link.
Maria Lina,
vou tentar comprar o Juge Ti e ver no que dá. Bj e obrigada por tudo.
Jose Mauricio
O meu francês é do colégio e de leituras variadas, filmes e quando viajo, dos livrinhos da Berlitz e da Folha, que são bem fornidos do vocabulário do dia a dia. Confesso que me apaixonei pela França lendo Julio Verne, apesar da maioria dos seus heróis serem ingleses ou americanos. Queria ser um fotógrafo como Felix Nadar, que fez a primeira foto aérea do mundo, a bordo de um balão.
Beth
Helena
Vc ainda lembra como nós melhoramos nosso vocabulário em alemão?
Olha que este mês tem casamento de pricesa, risos.
Bjs.
Maria das Graças
Mariana, tem um site que leio “polar” e gosto muito. Tem a mesma estória em níveis de aprendizado diferentes. É ótimo para melhorar o vocabulário e ir se acostumando com um linguagem mais elaborada. Ai vai o link para quem se interessar: http://www.polarfle.com/index.html
Helena Bäuerlein
Part vite et reviens tard, é ótimo !
Quantas vezes temos vontade de soltar essa frase !