Os franceses são alvos recorrentes da mídia internacional. Os artigos possuem sempre um traço humorístico na listagem das características e contradições destes seres singulares, os habitantes da França.
Este interesse excessivo não seria uma forma de amor? Talvez o french bashing esconda um inconfessável desejo de ser como o modelo criticado.
A última listinha do Buzz Feed, comentada em seguida pela Vanity Fair, começa o teste How French Are You com o tema clássico das greves:
. You’ve gone on strike at least once in your life
. You don’t remember why
Uma apresentação divertida que brinca com o grau de conscientização política do francês.
E que falta esta conscientização faz em certos momentos e em certas sociedades, não é mesmo?
Em seguida o tema da gastronomia vem à tona:
. You like your cheese stinky.
. Super stinky.
. Soul-crushingly stinky.
. You’ve tasted raw oysters.
. When you see a duck, you think about a duck confit.
Minha filha, recentemente, lembrando-se da sua adolescência em Paris, agradeceu ao meu marido todos estes queijos fedorentos que ele comprava para ela. É um prazer vê-la, hoje adulta, degustar um queijo “feito”, daqueles que escorrem pelas beiradas, daqueles que não podemos colocar na geladeira, não podemos deixar na cozinha e no final o alojamos no beiral externo de uma janela com vidros duplos transformada na ocasião em janela “anticheiro”.
E quando fico muitos meses no Brasil, festejo a volta para meu endereço parisiense com um delicioso confit de canard, a coxa do pato cozida e conservada na própria gordura. Sublime. Ou então com um imenso plateau de frutos do mar, alguns crus outros cozidos. E foi aqui que aprendi a degustar o melhor e o mais perfumado bichinho marítimo, o ouriço.
Continuando a listinha, o jornal pergunta:
. You don’t like rich people.
. Nor successful people
O verdadeiro francês preza a discrição e uma certa reserva. Ele não gosto de sinais exteriores de riqueza evidentes e de comportamentos sociais espalhafatosos. A distância é longa entre discrição e não gostar de ricos ou de pobres.
E a lista chega na questão fundamental:
. You don’t believe in God.
. But you believe in free healthcare.
. And free education.
Os franceses estabeleceram a separação entre Estado e Igreja, exemplo que deveria ter sido seguido por todos os países. Eles acreditam ainda ser possível educação gratuita e seguro social para todos. O Estado francês está endividado e a Comunidade Européia o pressionada no sentido da redução da dívida interna. Aguardamos todos a fórmula certa que será capaz de salvar um dos melhores sistema de saúde do mundo.
A lista é longa e eu paro por aqui. Leia os textos originais e, quem sabe, você também gostaria de ser francês.
LuciaC, antiga companheira de estrada neste blog, me enviou os links abaixo.
Veja o artigo completo da BuzzFeed aqui.
Veja artigo completo da VanityFair aqui.
Descontos e presentes aos leitores do Conexão Paris
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38 Comentários
Yrlla Ribeiro
Não sou francesa e nem quero ser! Quero ser brasileira, trabalhar por este país, pelas pessoas justas e com ética que aqui vivem, quero mostrar como é possível viver sem o “jeitinho brasileiro” e contribuir para ter uma vida melhor enquanto cidadã brasileira. Nada disso me impede de amar a França e de aprender muito com a sua cultura. Lá vivi 4 anos e aprendi que nada vale mais do que os seus direitos, do que a ética, que você pode ser feliz consumindo pouco e admirando muito. Podemos fazer muitas parcerias de vida (eu e Paris!!!!) e seremos muito felizes.
Maurício Christovão
Até o dia 07/05/14, em Londres, uma exposição(e venda) de fotografias de Paris na primavera. Vejam no link abaixo. Só feras: Doisneau, Bresson,etc…
http://www.beetlesandhuxley.com/exhibitions/paris-springtime.html
carlane
Como é impressionante esse amor, meio sem explicação que tenho pela França!!
Quando cheguei em Paris, pela primeira vez, tudo me parecia tão incrivelmente familiar, que me atrevo, algumas vezes, a pensar se em algumas das minhas vidas, não teria vivido e servido a esse país!!
Sou fascinada por história e por tudo que dela se extrai!!
Lina, a você agradeço de forma muito especial, por nos presentear, a cada matéria, com um pouco mais dessa linda terra, bjssss, Carlane
Vanessa
Lizama Campos eu entendo você. Passei 23 dias entre dezembro e janeiro deste ano e quando voltei, passei 1 mês triste e apática. Só saía de casa pra trabalhar. Chorava vez ou outra e firmava o pensamento nas lembranças dos dias vividos… desejo voltar para ver a primavera ainda este ano. Sempre amei o velho mundo e espero um dia viver lá… Brasil, só de férias. E olhe que eu moro em Natal…
Augusto
Significado de Caricatura
s.f. Desenho, pintura satírica ou grotesca de uma pessoa.
Deformação grotesca e exagerada de certos defeitos: fazer a caricatura de um meio social numa comédia.
Maurício Christovão
Dizem que um bom queijo fedorento é submetido a um teste do IFF(Institut Français Du Formage), e que para ser aprovado ele deve ter um deslocamento linear de pelo menos meio metro por hora, carregado pelos seus bichinhos residentes…
Ana Claudia Damé
Sempre gostei muito da Europa e adoro a Inglaterra. Deixei para conhecer Paris beeeem depois de outra cidades famosas por achar que não era muito do meu gosto…..qdo a conheci…Deus! Foi amor a primeira vista. Hoje, qdo lembro da cidade chego a sentir o cheiro de lá. Paris é única. Quero sempre voltar lá. A saudade dói qdo lembro o qto é linda, colorida e viva esta cidade. Minha família é de descendência belga/francesa e qdo lá coloquei meus pés pela primeira vez senti como se estivesse voltando para casa. Paris é minha segunda casa.
Aurea Borne
é muito clichê falar do amor pela França, mas fazer o que? deve estar no dna mesmo, minha vó era francesa, nunca a conheci, nem tinha uma vontade especial de conhecer o país (a Europa, como um todo, sim, pq adoro a história), mas foi só botar o pé aí e danou-se… fiquei ‘doente’ de amor.
Quanto a matéria, vamos combinar que a França fascina, instiga e até dá uma invejinha em alguns, acho que isso deve motivar tanta especulação em relação ao país.
soraia costa
Bonne nuit,….amei esse Pais desde o primeiro momento em que cheguei, tdo me era familiar…tudo que via me pareceu imagens ja vistas em algum lugar do meu passado,….amo a França e cada vez que a visito fico mais apaixonada, não tenho como explicar, deve ser paixåo de outras encarnações também,….rsrsrsrs,….bjs 1000 a tds..
Adriana Monteiro
Sou apaixonada por Paris desde sempre. Desde pequena queria conhecer, queria ir embora. Sabe aquela coisa de sentir saudades de um lugar que nunca fui???? Pois é. Fiz intercambio em agosto de 2012.
Passei 30 dias. E me senti em casa. Era como se conhecesse cada pedaço daquele chão. Chorei na frente da Dome como uma criança que reencontra a mãe. Era como se tivesse reencontrado minha casa. Então, não tem como dizer que não fui francesa em outra vida. Fui antes e sou agora. CHoro de saudades a cada vez que lembro. As vezes, sinto o cheiro e tudo mais. É uma saudade que dói. Não vejo a hora de poder voltar. E se eu pudesse ficar, seria ainda melhor!!!