Com um pé no Brasil e outro na França estou sempre solicitada a comparações. Uma questão que volta sempre: por que o gosto do queijo de cabra no Brasil é menos pronunciado que os queijos franceses?
O mercado brasileiro não aceita queijos fortes, como me explicou um produtor de queijo de cabra?
Me pergunto se esta resposta reflete realmente as preferências dos consumidores.
Nos meus inúmeros encontros com amigos e familiares em Paris observo que todos adoram o queijos fortes, os que envelhecem bem secos e com um bom gosto do leite de cabra ou aqueles que com o passar do tempo se transformam em creme, protegidos por crostas cinzas e rugosas.
O gosto é um dom que deve ser construído. Se o paladar não é solicitado ele se atrofia e passa a aceitar somente sabores neutros e consensuais. Hoje em dia nosso paladar é construido via ação da indústria alimentícia que prefere incentivar o gosto banalisado.
Nas décadas passadas o gosto era formado pela família, pelas receitas passadas de geração em geração e que utilizavam produtos diferenciados oriundos de pequenas empresas da região.
Como conheci na infância frango ao molho pardo, hoje encaro com prazer o famoso pato no sangue do restaurante Tour d’Argent. Como fui iniciada por uma cunhada nos caminhos do quibe cru, hoje aprecio os carpaccios e os tartares. Graças às serras de Minas aprendi a gostar dos queijos curtidos e fortes. Nem o famoso queijo da Córsega, que quando cortado expele uma chuva de bichinhos brancos, me abateu.
E uma das belas recorações da minha vida foi o dia em que minha cara metade, na praia, cortou um ouriço e me ofereceu o que tinha no interior: como gomos de cor laranja extremamente iodados.
Descontos e presentes aos leitores do Conexão Paris
|
62 Comentários
Patrícia Venturini
Beth
Fiquei meio off do post, espero que você leia! O restaurante francês aqui de Porto Alegre que comentei é o Le Bateau Ivre, do chef Gérard Durand, que é francês nascido na Provence. Ele está sempre por lá, cozinhando em sua cozinha envidraçada, à vista de todos. Adoro a comida, o ambiente, o atendimento. Para mim, o melhor francês da cidade. Na sua próxima vinda à Porto Alegre, experimente!
Bj
Nice Bezerra
Gente, não estou discriminando minha região. Pelo contrário, tenho orgulho de ser daqui. Porém meus hábitos alimentares são mais neutros. Afinal, não como caranguejo, acarajé e comidas típicas senão esporadicamente. Aqui o dia-a-dia é regado a carne vermelha e frango, sem molhos exóticos. É muito bom, mas é diferente das comidas citadas por Lina. Falei isso despretensiosamente, sem imaginar que poderiam dar uma conotação pejorativa. Amei as dicas, Lina! Vc sempre generosa ao dividir suas memoráveis experiências.Obrigada!
salete pezzo
Lina, tudo é uma questão de educação, exposição e informação. Logo, você prestou um serviço de utilidade pública com este texto.
Beth
Thais
Vc vai encontrar scargots na maioria dos restaurantes, é um prato muito comum por lá. Quanto à maneiro de comê-los, não é nada complicada. Basta pegar o jeitinho, risos. Experimente o restaurante Vagenende, olhe o link abaixo.
Abs.
http://www.vagenende.fr/p1.html
André lira
Eu acho que o problema dos sabores de queijos e vinhos meio “neutros” é o que acontece tambem nos Estados Unidos, viajei para Nova iorque e fiquei por 2 meses e simplesmente era a mesma coisa do brasil, em lugares comuns como supermercados e feiras voce só encontra vinhos muito suaves e parecidos,e queijos de sabores suaves igualzinho no brasil ,claro que vc encontra os sabores mas forte mas somente em lugares mas especificos como em lojas de importados carissimos!Acho que os fabricantes tem medo de ousar nos sabores e não ter saida aí preferem se acomodar!
thais
Vou à Paris em março e gostaria muito de provar scargot, queria informações sobre restaurantes que ñ fossem muito sofisticados e tambem como se comportar na presença de um prato deste.
abraços.
conexaoparis
Thais
http://www.restoaparis.com/fiche-restaurant-paris/lescargot-montorgueil.html
Segure com o alicate o escargot e tire-o de dentro com o espetinho ou garfo próprio.
Kika Mello
Edu
para fazer tantas experiências gustativas tão diversificadas só mesmo sendo um ‘iluminado’ ( rsrs)! Um abraço.
P.S. Você Beth também faz parte de tão seleto grupo. Parabéns!
Beth
Edu
Somos dois, risos.
Inclusive a carde “cruda”. De scargot a foie gras, passando pelas trufas de qualquer cor, eu não rejeito nada! Oursin, buchada de bode, caviar, sarapatel, einsbein, haja diversidade…
Abs.
Eduardo Luz
Mâche? Tem no sex shop!
Quanto a gostos ainda acredito que além do treino, existe a propensão natural. Eu, por exemplo, como tudo! 🙂
Janaína Duarte
Vou passar um mês por lá e sei que vou ter dificuldades para comer. Em Buenos Aires, onde também passei um mês, quase morri com a parrillada. Só comi o filé e o pedaço de frango. Por isso, alugo apartamento e cozinho.