Com um pé no Brasil e outro na França estou sempre  solicitada a comparações. Uma questão que volta sempre: por que o gosto do queijo de cabra no Brasil  é menos pronunciado que os  queijos franceses?

O mercado brasileiro não aceita queijos fortes, como me explicou um produtor de queijo de cabra?

Me pergunto se esta resposta reflete realmente  as preferências dos consumidores.

Nos meus inúmeros encontros com amigos e familiares em Paris observo que todos adoram o queijos fortes, os que envelhecem bem  secos e com um bom gosto do leite de cabra ou aqueles que com o passar do tempo se transformam em creme, protegidos por crostas cinzas e rugosas.

O gosto é um dom que deve ser construído. Se o paladar não é solicitado ele se atrofia e passa a aceitar somente sabores neutros e consensuais. Hoje em dia nosso paladar é construido via ação da indústria alimentícia que prefere incentivar o gosto banalisado.

Nas décadas passadas o gosto era formado pela família, pelas receitas passadas de geração em geração e que utilizavam produtos diferenciados oriundos de pequenas empresas da região.

Como conheci na infância frango ao molho pardo, hoje encaro com prazer o famoso pato no sangue do restaurante Tour d’Argent. Como fui iniciada por uma cunhada nos caminhos do quibe cru, hoje aprecio os carpaccios e os tartares. Graças às serras de Minas aprendi a gostar dos queijos curtidos e fortes. Nem o famoso queijo da Córsega, que quando cortado expele uma chuva de bichinhos brancos, me abateu.

E uma das belas recorações da minha vida foi o dia em que minha cara metade, na praia,  cortou um ouriço e me ofereceu o que tinha no interior: como gomos de cor laranja  extremamente iodados.

Descontos e presentes aos leitores do Conexão Paris

 

Inscreva-se na newsletter e receba as novidades do Conexão Paris