Por Zilda Figueiredo, guia para passeios a pé por Paris
Centenas de cadeados são diariamente dependurados em pontes espalhadas pelos rios da Europa. Não se sabe ao certo a origem desta prática, mas acredita-se que este ritual tenha sido inspirado de um livro italiano onde dois personagens apaixonados selam a imortalidade do amor, prendendo um cadeado em uma ponte e jogando sua chave no rio.
Em 2008, a tradição repercutiu mundo a fora, e mais que em outro lugar, em uma ponte no coração de Paris, o Pont des Arts.
Construída no século XIX, ela é uma ponte pedestre de madeira e ferro ligando os deuses das Artes do Louvre aos das letras no Instituto de França.
Cantada por Serge Gainsbourg, Alain Souchon e Philippe Clay, a ponte abriga longos beijos em encontros e despedidas, festeja o verão em piqueniques, memoriza momentos esboçados por pintores.
Milhares de casais se deslocam até lá para firmar esta espécie de pacto homenageando o amor. De longe pode-se ver o efeito colorido do mosaico desenhado pelo amontoado de cadeados nos parapeitos da ponte.
Porém, o romantismo esbarra no risco produzido pelo peso assustador da quantidade de cadeados, que segundo especialistas, ameaça a segurança dos transeuntes. Os poderes públicos cogitaram a possibilidade da retirada dos cadeados temendo que seu acúmulo provoque, em momento imprevisto, o desmoronamento dos parapeitos da ponte, podendo desabar sobre os que trafegam nos barcos no rio Sena. Além do risco eminente de uma catástrofe, alguns alertam sobre o gesto antiecológico de lançar as chaves do cadeado ao Sena.
Com a saturação, outras pontes e espaços começaram a abrigar as “juras de amor” dos casais. Para impedir que o problema seja transferido, a municipalidade pleiteia permissão para atracá-los em outros lugares como postes de iluminação ou muros.
A discussão sobre a decisão de retirar os cadeados obviamente não agradou aos casais apaixonados. Estes traduzem esta remoção como uma condenação e heresia ao símbolo do amor, um rompimento do mito.
Mas outros admitem que o “amor algemado” não é garantia de relacionamento bem sucedido.
A polêmica oscila entre razão e emoção.
As pontes são por excelência um vínculo que une dois lados. Independente do ritual dos cadeados, as pontes testemunham há anos histórias de encontros e de surpresas inesquecíveis.
De fato, o amor não abriga fardo e nem tranca, não aprisiona sentimentos ainda que em forma de celebração.
Zildinha é uma excelente guia de Paris. Se quiser saber mais sobre ela, clique aqui.
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26 Comentários
Debora
Lindooo
Jose Neto
Brega ou não são sentimentos e merecem ser respeitados. A municipalidade há de resolver o fato.
Herbert
Acho horrivel estes cadeados e a breguisse que o ato de colocá-los nas pontes se tornou em Paris. Vc passa numa ponte e centenas de turistas estao fazendo a mesma coisa, colocando cadeados nas pontes. Alguns nem sabem que a prefeirura depois tira os cadeados e que eles nunca ficarão para sempre lá, né? Ac que existem programas mais românticos em Paris que colocar cadeados nas pontes. Acompanhem o blog e descubram… Hehehehehe
Marcos
Paris é cadeado!
Nia
A ponte é charmosa e simbólica. Já está incorporada a Paris. O problema é a falta de limites. Permitir cadeados por todos os lados representa descaso e descuido. Penso que, extrapolando os limites da ponte, devem mesmo ser retirados. Tem cadeados até no topo da Torre Eiffel!!! E as autoridades não tiram… até atrapalhar a vista… Abraços!
Regina Vasconcelos
Uma pena, estragou a ponte!
Eddie
Eu sou da opinião que nem tradição isso é. No máximo um costume bobo e sem sentido, um modismo, nada mais.
Será que quem pratica esse “romântico” gesto, de gosto duvidoso e de uma originalidade incrível, acredita mesmo que tem Paris para sempre?
Marcos
Corretíssimo, Sophia, a julgar pelo que se vê, “nós NÂO teremos Paris para sempre”…
Sophia
Parabéns, Marcia Assis: foi viajar e largou seu lixo nas ruas da cidade visitada. Igual às pessoas que vão à praia e largam o lixo sobre a areia.
Zilda, lindo texto. Amor não aprisiona. Selemos nossos amores com beijos que aceleram o coração e abraços de perder o fôlego, e não com poluentes cadeados.
Tânia Ziert Baião
Cadeado para representar Amor??? Nunca consegui entender o nexo!!!!