Nas minhas primeiras férias francesas, em julho 1986, fiquei surpresa com o ritual de verão “cartão postal” dos meus amigos. De tempos em tempos, a tarefa principal era encontrar um café com varanda agradável e ao lado da pression gelada, a pilha de cartões postais enviados aos amigos, colegas de trabalho e família.
Para vocês terem uma idéia da importância do cartão postal naquela época, mesmo com os emails, SMS e cyber-cartões, mesmo diante de uma queda de 70% da venda dos cartões, os franceses ainda colocam no correio, hoje, 600 milhões de unidades ou seja 10 cartões por ano e por habitante.
No Brasil, o cartão postal nunca fez parte dos rituais de verão da minha família e permaneci impermeável à esta prática. Mas presenciei durante todos estes anos cenas de choros e caras amarradas dos netos diante da tarefa obrigatória: o cartão postal para os avós. Presenciei também o prazer de respeitar este gesto tradicional, o prazer em escolher com carinho uma carte postale fora do comum e sobretudo, presenciei o prazer em receber um belo cartão com palavras carinhosas.
Neste verão, nas minhas férias ilhadas na Córsega, convivi alguns dias com adolescentes-geeks suiços, netos de um vizinho parisiense. Qual não foi a minha surpresa ao vê-los, entre a praia e os cursos de esporte de verão, respeitaram com aplicação o envio de cartões postais – reais e não virtuais – aos amigos suiços e parentes franceses.
Desejo muitos anos de vida aos pontos de venda de fotos da torre Eiffel e de pôr do sol no Mediterrâneo e me pergunto se no Brasil ainda enviamos cartões postais.
Descontos e presentes aos leitores do Conexão Paris
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42 Comentários
Aline
Linaaa… amei esse post!! Sou apaixonada por cartões postais e envio de cartas pelo correio!! Acho que tem um charme todo especial!!! Em Paris é fácil o envio? Sabe me dizer o horário de funcionamento dos correios? E se os localizo facilmente? hehehe Muito obrigada, beijão.
Lina
Aline
Os correios chamam La Poste. Você os encontrará em todos os bairros. Pergunte no seu hotel o mais próximo.
Jacqueline
Escrevo no IPad e não encontrei acento para vovo, sai assim ou vovó . Pode? mas ia dizendo que , morto o destinatário , os parentes devem ter jogado tudo fora, inclusive as recordações. E eu as guardo com carinho e imaginação .
Jacqueline
Os cartões de Paris que guardo com zelo há muito tempo, não sei de quem são nem conheço aquele a quem se destinaram. São cartões de uma neta que estava estudando em Paris e descrevia seus dias com um fascinante encantamento. Foram achados na rua por uma pessoa que sabia de minha adoração
por essa cidade. Qual será a história? Morto talvez o vovo
Nilza Freire
Lina, eu sou apaixonada por cartões postais, doida varrida. Coleciono postais franceses e de outros países, mando para amigos quando estou fora (mas dentro de envelopes, acho que preserva a privacidade de ambas as partes). Faço o mesmo no Brasil, e, como todo mundo tem manias, levo algumas dezenas variadas de postais do Rio quando viajo para presentear a quem eu encontrar e gostar pelo caminho e ao mesmo tempo divulgar o nosso pais, que também eh lindo!
Lenna
Sou fascinada por cartões postais! Fico um bom tempo olhando e escolhendo em todos os lugares que vou. Em Paris, prefiro os de Montmartre, onde acho que tem os souvenirs mais diferenciados da cidade. Mas, dificilmente envio. Eles fazem parte da minha coleção, para enriquecer meus álbuns de viagem.
Maíra Teixeira
Que pena que é costume fazer mais isso…
terezinha
Já mandei mtos, mas, hoje, com a internet… Compro-os para mim como lembrança de viagem. Mas o que adoro mesmo é uma papelaria charmosa com cartões lindos, que uso qdo presenteio em datas especiais, ou cartões de agradecimento, etc. Alguém poderia me dar algumas dicas? Obgda e boa semana.
Cláudia Oiticica
Interessante saber esse hábito dos franceses. Antigamente já mandei vários e adorava receber de amigos e parentes quando viajavam. E também dos penfriends, rs. Será que ainda existe isso?
Apesar de não enviar mais, continuo comprando dos lugares que visito.
Helio Jr
Lina,
Aproveito o mês em que aniversario para viajar. Algumas vezes compro três ou quatro cartões e envio a pessoas queridas. Na ultima vez em Paris, foram escritos ao final de um almoço no Le Jules Verne, durante os petits fours. Poucas palavras, apenas a lembrança e um carinho. Pena terem levado alguns meses para chegar aos destinatários…
Tania Baiao
Tenho muita saudade dos cartões postais. Quando morei na Europa, lá nos anos 76/77 mandava muitos deles diariamente. Todas as noites passava pelo menos uma hora escrevendo.. E, como bem lembrou a Beth, várias vezes sentava em um café para escrever alguns e, no verão, na grama dos belos jardins, enquanto tomava sol.
Quando voltei, minha mãe tinha feito um álbum maravilhoso com todos eles. Ficou quase como um diário de viagem. (O correio demorava tanto para entregar que muitos deles, principalmente os últimos de Budapeste ela recebeu quando eu já estava aqui de volta).
Tenho uma grande amiga, suíça, que ainda usa muito… Recebo mensalmente um relato da sua vida contada em belíssimos postais.