Estamos caminhando para o outono. Por isso aproveitamos desesperadamente da praia e do sol. Isso explica o atraso da publicação do artigo de hoje. Explica também o meu interesse pela sociologia do turismo e das férias.
Entre o século XIX e o século XX , a praia para os franceses é um argumento medical. Ir à praia, mergulhar no mar, porque não, mas por questões de saúde, um banho remédio. Nesta época ninguém sabe nadar e logicamente todos tem medo da água.
A virada acontece no final da segunda guerra mundial quando a praia se transforma em prazer e o corpo um culto. Nas férias, os franceses descobrem que podem se divertir não somente nos casinos mas também nas ondas.
Esta revolução se acelera, nos anos 1950, com o Club Méditerranée e, nos anos 1960, com o aparecimento dos seios nús em Saint Tropez. A explosão dos movimentos de 1968 e a liberação sexual tornam definitivamente a praia um local de diversão e prazer.
A praia se transforma em espaço para ver e ser visto, espaço onde cada um pode medir seu poder de sedução. Ela se transforma em ponto de encontro e se especializa em função dos comportamentos: praia familiar, praia gay, praia nudista.
As praias do Atlântico, com grande maré, são praias familiares e esportivas onde todos pescam, andam de bicicleta, de char à vela, soltam papagaios. As praias do Mediterrâneo, menores, com pequenas marés são praias centradas sobre o sol e o torpor, sobre o bronzeamento e a paquera.
Elas se especializam de acordo com as classes sociais. As classes altas frequentam a Côte d’Azur e a Normandia. As classes médias o Languedoc-Roussillon e a Manche.
Hoje assistimos um retorno de uma certa inibição do corpo, de novos medos e da praia medical.
Não vamos à praia somente pelo prazer mas para tratarmos nossos problemas de saúde. Com as thalassothérapies o mar é um local para liberarmos do stress quotidiano e para tratarmos a coluna vertebral e nossas alergias urbanas.
E o medo do cancer mudou a relação de todos com o sol e com a praia.
Hoje os corpos estão mais vestidos e assistimos à um retrocesso das práticas dos anos 1960. Os seis nus, símbolo da liberação do corpo foram codificados. Eles são aceitos se a mulher está discretamente deitada na areia. Quando ela se levanta para nadar ou caminhar, ela se cobre **
** Jean Claude Kaufmann Corps de femmes, regards d’hommes. Sociologie des seins nus, Éditions Nathan, 1995.
Resumo de entrevista de Jean Didier Urban publicado pelo site Atântico.








26 Comentários
Beth
Mauricio
Risos!
Beth
Adriana
Morei/estudei no norte da Alemanha (mais frio do que aí), na França e na Costa Leste (WDC). Entre frio e calor, prefiro o frio…
Calor, para mim, só durante 2 semanas no ano e numa bela praia nordestina…
Bjs.
Maurício Christovão
Para trabalhar prefiro o ameno inverno fluminhoca(fluminense+carioca).
Mas no verão senegalesco do Rio, onde já vi (meninos, eu vi!!!) o termômetro de rua marcar 44ºC no Largo da Carioca, vou sempre pela sombra…
Piadinha ouvida no elevador: “Aqui no Rio a água congela a 18ºC!!!”, disse um sulista, incoformado com a quantidade de agasalhos e botas que as cariocas usam com qualquer friozinho.
Beth
Adriana
Sou carioca!
Risos e bjs.
Adriana
Sou da terra do frevo. Talvez, a relacao que tive com o calor boa parte da minha vida explique o fato de nao tolerar o frio. So quando foi novidade eu tolerei.
Beijos!!!!
Beth
Adriana
Eu não suporto calor, risos..
Tanto no hemisfério norte como no sul…
Bjs.
Adriana
Oi! Beth, nao senti nada. E na hora que aconteceu eu estava dirigindo. So soube do terremoto a noite quando cheguei em casa pelo canal NBC. Que surpresa. Pensei que so era possivel na outra costa.
Beijos!!!
Oi! Lina,
Nao suporto mesmo. Tambem virou um problema para mim. O outono, eu gosto, mas o inverno, eu odeio. Nao tolero mais. O proximo vou tentar passar no Brasil.
Beijos!!!
Beth
Adriana
Entendo!
Já passei inverno na Costa Leste, quando estudante.
É bem mais frio do que em Paris!
Deu para sentir o terremoto aí na sua cidade?
Abs.
Adriana
Oi! Beth, eu moro nos EUA. Mas, a situacao e a mesma. O meu inverno aqui em Massachusetts e terrivel. -15, -20, sempre abaixo de zero. No verao sempre vou a Paris no mes de junho. E o resto passo aqui em Boston ou em Cape Code.
Beijos!!!
Beth
Adriana
Mesmo morando em Paris vc ainda passa agosto na cidade?
Abs.