O “efeito Veblen” ou “efeito do esnobismo” é uma teoria do economista e sociólogo Veblen que pode ser traduzida da seguinte maneira: na área do consumo dos bens de luxo, a alta do preço de um produto o torna mais desejável ainda. De uma maneira inversa, a queda do preço do produto se traduz por uma queda do interesse dos compradores potenciais.
O efeito Veblen foi utilizado recentemente para explicar porque os grupos ligados à venda de vinhos prestigiosos levaram 10 anos para denunciarem um falsário brilhante.
Rudy Kurniawan, jovem indonesiano rico e elegante, montou uma cave de vinhos descrita como a melhor cave do mundo. Sua coleção chegou a 50.000 garrafas com uma preferência pelos antigos vinhos de Bordeaux e Bourgogne. Uma vez aceito pelo ultra fechado club de amadores de vinhos, ele passou à leiloar suas caríssimas e…falsas garrafas.
Alguns enólogos desconfiaram desde o início da autenticidade dos vinhos de Kurniawan mas seus principais clientes agiram de acordo com a efeito Veblen: se um Pétrus 1961 custa tão caro é porque é excelente, mesmo que não tenho o gosto esperado.
O FBI o prendeu no início deste ano após encontrar na sua casa etiquetas falsas de grandes vinhos como Romanée Conti e Pétrus, rolhas e todo o material necessário para contrafação das velhas garrafas.
Este é um caso exemplar que prova mais uma vez a tese de Veblen: se é caro é bom.
Na França, há alguns anos atrás, um conhecido nosso comprou um “montinho de balas embrulhadas em papel de alumínio” por um preço equivalente à um quarto e sala em Paris. Efeito Veblen! Até hoje ele está convencido ter comprado uma obra de arte.
E quando vejo os preços de certas bolsas e sapatos me digo que este efeito possui um vasto campo de ação.
Descontos e presentes aos leitores do Conexão Paris
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48 Comentários
Beth Lima
O “efeito Veblen” parece ser uma associação da ganância com a valorização do supérfluo. Aí está a inversão de valores.
Maurício Christovão
Indo nessa linha, antigamente um bom relógio era caro, por ser feito a mão por relojoeiros suíços e por alcançar uma precisão invejável. Com o advento do relógio a quartzo, a hora precisa ficou ao alcance de todos, por pouco dinheiro. Qualquer relógio digital razoável é tão ou mais preciso que os cronômetros mecânicos de um passado recente. Como justificar o preço de um Rolex, se você está bem servido com um Citizen, por exemplo? Luxo, é claro(e caro)!!!
Horacio Lima
Ótimo artigo. Estive na Itália há um mês atrás e ,em Roma ,olhando vitrines de lojas de grifes italianas pude comprovar este fato. Em uma Europa que se diz em crise econômica,soa como piada as etiquetas nestas vitrines
Cesar Barroso
Essa é mais uma forma de explorar a vaidade humana para ganhar facilmente muito dinheiro. Documentário recente da NBC comprovou que os preços dos produtos de luxo triplicaram em menos de 5 anos.
Katia Becho
Certa vez, ouvi do especialista brasileiro em luxo, Carlos Ferreirinha, que o que define o luxo é o preço. Se não é caro, não é “de luxo”. Essa é a lógica simples desse mercado (e, espera-se, qualidade “compris”). O preço define a exclusividade do produto. Quem quiser se sentir único, que pague (como eu não conheço ninguém igual a mim e não tenho irmã gêmea, me considero livre desse dilema mortal 🙂 ).
Eymard
Falsários existem em todas as áreas. Alguns compram pela sensação de poder. Outros para mostrar. Foi sempre assim. Basta dar uma passadinha nos museus….
Evandro Barreto
Snob, mesmo, foi a resposta de Grouxo Marx, convidado a associar-se ao club mais fechado da California: “Eu me recuso a frequentar um club que me aceite como sócio”.
Dodô, aquele que gostaria de ter um Bentley, porque Rollls Royce todo mundo tem.
Tania Baiao
Que total inversão dos bons valores: é mais importante ter do que ser…
Sil
Eu digo que, uma vez cientista social é para sempre…rs. Só o feito Veblen, esse consumo conspícuo (termo dele) pra explicar que alguém se mate pra ir a uma Sephora que abriu em São Paulo posando de chic…. teve até fila de peruas, quando aqui tem em todos os bairros e é simplesmente uma boa loja de cosméticos!
Nick
Com a chamada “democratização do luxo” que os grandes conglomerados de moda estão promovendo há algum tempo, ser caro já não é o grande atrativo, tem que ser realmente exclusivo. E é aí que algumas marcas atingem preços estratosféricos, como a grife que além de esperar um tempão para ter uma bolsa, vc tem que ser apresentado por um outro cliente, para poder entrar nessa “fila” insana !!!