Após a emoção e a tristeza diante da Notre Dame de Paris em chamas, chegou a hora de responder algumas questões.

Ontem o mundo assistiu perplexo à destruição de um dos monumentos mais conhecidos e amados da França, a catedral de Notre Dame de Paris. Local de peregrinação não só de cristãos mas também de apreciadores de arquitetura e história, a catedral sempre foi o monumento mais visitado da capital francesa.

A Notre Dame, cuja construção levou 87 anos (1163 a 1250), sobreviveu a inúmeras revoltas, revoluções e guerras e presenciou importantes momentos da história da França, como a coroação de Napoleão. Para saber mais sobre a Notre Dame leia nosso artigo completo.

Notre Dame de Paris: fachada. Foto:

O que provocou o incêndio?

Desde ontem, os trabalhos de renovação da catedral foram apontados como os responsáveis pelo desastre. A primeira hipótese seria o trabalho de soldagem executado na histórica e milenar estrutura em madeira da Notre Dame. Essa estrutura foi comparada pelos especialistas a um jogo de varetas gigante, um mikado. O processo de decomposição da madeira antiga que a deixa em estado esponjoso misturado à sua poeira cria um contexto facilmente inflamável. Basta uma faísca da solda ou um curto circuito para causar uma brasa invisível que se transformará em incêndio devastador horas ou dias mais tarde. Os peritos deverão encontrar a origem do fogo e determinar as responsabilidades e negligências.

Por que não houve intervenção de aviões ou helicópteros no combate ao fogo?

Em meio urbano, ainda mais na ilha Cité, onde os prédios residenciais são colados uns aos outros, seria extremamente perigoso – tanto para os civis como para os bombeiros que se encontravam no interior da catedral – soltar um grande volume de água. Paradoxalmente, a força da água poderia propagar o fogo no lugar de extingui-lo, além de sobrecarregar a estrutura já fragilizada da catedral.

Por que não vimos, no início do incêndio, vários jatos de água tentando apagar o incêndio?

Os bombeiros franceses preferiram salvar o que poderia ser salvo. Rapidamente eles perceberam que o teto de estrutura de madeira estava condenado. Duas ações foram rapidamente coordenadas. A primeira, salvar as obras de arte e os tesouros da Notre Dame. Retirar tudo que poderia ser retirado e estocar em lugar seguro. A segunda, salvar as duas torres.

Os bombeiros americanos possuem tática menos perigosa para eles próprios, ou seja, eles atacam o fogo pelo exterior. Os franceses, corajosos, atacam pelo interior. Em incêndio de prédios residenciais o objetivo primeiro é salvar vidas. No caso da Notre Dame o objetivo foi salvar o patrimônio artístico, visto que a igreja já estava vazia. Por isso a ausência, durante o início do incêndio, de lançamentos externos de água. Elas estavam concentradas no combate interno. Além do mais, um combate exclusivamente externo criaria o risco de empurrar chamas e gazes para o interior da catedral. A partir do momento que a queda da flecha da Notre Dame se tornou inevitável, os bombeiros tiveram pouquíssimo tempo para trabalharem internamente sem risco de vida.

Notre Dame de Paris

Notre Dame de Paris. Foto:

A Notre Dame possuía um sistema de proteção eficaz?

Os alarmes funcionaram corretamente. Eles foram acionados no início do incêndio. Mas é muito difícil equipar uma construção como a Notre Dame de um sistema de defesa automática contra o fogo. Esses dispositivos, acionados rapidamente, podem causar danos irreparáveis às pinturas.

Tarefas para os próximos dias, meses e anos.

Verificar a estrutura da catedral, ver se ela resistiu ao incêndio violento. Verificar os danos irremediáveis. O mundo inteiro está preocupado com a situação dos vitrais. Das pinturas, das esculturas. E o órgão? A catedral possui três órgãos, mas um deles é considerado um tesouro mundial.

Solidariedade

Vários mecenas franceses e internacionais, várias instituições francesas e internacionais, já contribuíram. Mas todos nós podemos reconstruir a Notre Dame. A catedral não é somente construída por pedras, ela é também construída por todos nós.

Leia o artigo do jornal Le Parisien.