Conheçam a história de amor Abelardo e Heloisa, acontecida séculos atrás, em Paris. Os dois estão enterrados no cemitério Père Lachaise em Paris.
Por Zildinha, guia responsável pelos passeios a pé por Paris e pelas visitas guiadas dos museus e de Versailles
Digno da posteridade, como os romances de Romeu e Julieta, na Itália, e Tristão e Isolda, na Grã-Bretanha, a história de amor trágico de Abelardo e Heloísa se passa na França, no século 12, entre o final da Idade Média e início do Renascimento. Paris, a capital de l’amour, foi o palco do romance.
Pierre Abelardo, nascido em 1079 e oriundo de família nobre, deveria seguir a profissão das armas como seus irmãos. Desde cedo, porém, o jovem escolheu os estudos de filosofia, teologia e letras e seguiu uma carreira na área de pedagogia.
A educação, no século doze, era monopólio da igreja católica que estabelecia normas aos seus professores e estudantes. Uma das imposições era a de que os professores jamais poderiam envolver-se com seus alunos. O desrespeito às regras era considerado crime, seguindo-se punições de acordo com a gravidade dos fatos.
Abelardo era um mestre reconhecido por seus alunos, erudito e sensível. Na sua maturidade intelectual, ele apresentou questionamentos e críticas aos pensamentos tradicionais, demonstrando afeição aos filósofos não cristãos. Aos 36 anos, Abelardo era um brilhante professor em teologia na Catedral Notre Dame de Paris.
Canon Fulbert, um senhor abastado de Paris, era o responsável pelo desenvolvimento intelectual da sua sobrinha Heloísa. Enquanto tutor de Heloisa, ele decidiu confiar a jovem ao renomado mestre Abelardo. Em troca dos ensinamentos feitos por Abelardo à sobrinha, Fulbert hospedou o professor em sua residência em Paris.
No início, o tio de Heloísa ficou temeroso de deixar a bela jovem a sós com o professor. Com o passar do tempo, o tio adquiriu confiança em Abelardo.
Heloísa, nascida em 1100 e educada em berço de ouro, bela e delicada, iniciou aos seus 17 anos os primeiros contatos com o professor Abelardo. Ela já o conhecia de nome e o admirava por sua fama e inteligência.
Bastaram os primeiros encontros entre o charmoso Abelardo e a bela Heloísa para que nascesse entre os dois um amor platônico. Um amor real seria impossível pelas regras sociais e políticas da época. Com o passar do tempo a paixão e o desejo carnal não puderam resistir às normas e o casal iniciou um grande relação amorosa. Alguns meses mais tarde, Heloísa ficou grávida.
Para impedirem um escândalo, Abelardo e Heloísa refugiaram-se na Bretanha. E assim, no norte da França, nasceu Astrolábio.
Abelardo, com suas ideias a frente do tempo, confiante de que seria possível unir o amor e os afazeres eruditos sem prejuízos para as duas partes, decidiu contar toda a verdade ao tio de Heloísa, pedi-la em casamento e oficializar toda a situação. Surpreendentemente o tio de Heloísa o perdoou e aceitou o pedido de Abelardo.
O casal deixou o filho com uma irmã de Abelardo e retornou para Paris. O casamento foi realizado em uma noite discreta, em pequena ala da Catedral Notre Dame.
Após o casamento, a sociedade iniciou um ataque de difamações direcionados contra o tio. Enfurecido, Fulbert denunciou Abelardo à igreja católica.
Para Abelardo, o inferno começou neste momento. Além do declínio profissional, como se não bastasse este fato, Fulbert contratou dois homens para executarem a castração de Abelardo. A mutilação ocorreu durante uma invasão noturna à casa do casal. Em seguida, os dois foram separados para sempre.
Abelardo se refugiou na Abadia de Saint Denis, onde tornou-se monge e dedicou sua vida aos estudos filosóficos. Heloísa foi para o mosteiro de Paraclet, onde se tornou abadessa do convento.
Abelardo e Heloísa se dedicaram à uma vida de trabalhos e estudos para suportarem a separação. Eles trocaram, o resto de suas vidas, cartas de amor. As memórias de Abelardo e Heloísa são uma troca intelectual que transcende o tempo e representam busca da espiritualidade.
Abelardo morreu em 1142, Heloísa em 1164. Hoje, a prefeitura de Paris mantém, no cemitério de Père Lachaise, os restos mortais do casal. Uma união póstuma resguardada e representada em um belo jazigo.
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33 Comentários
Thays
Alguém sabe interpretar o início do filme Em nome de Deus, quando Heloisa diz: “eu entendo” ao tirar a pena do crucifixo? A pena eu entendi, mas a frase dela não consigo entender.
Rodrigo Lavalle
Thays, espero que algum dos nossos leitores consiga te explicar a cena.
viviane
Jamais me cansarei de rever um filme lindo como esse!
viviane
Já vi e revi o lindo filme mais…perdi as contas um dos melhores filmes para mim.
Roseane Lima
BREVE BIOGRAFIA DE ASTROLÁBIO, FILHO DE ABELARDO E HELOÍSA
Um personagem que passou como secundário na história de Abelardo e Heloísa foi seu filho Astrolábio. Digo “passou como”, mas, na verdade, foi importante na vida deles, pois há filhos e filhos e esse foi um dos bons, tanto que a historiadora Brenda Cook o qualificou como “segundo Abelardo”, o que significa que exerceu um papel destacado no seu tempo.
Mas qual foi esse papel?
Vamos analisar por partes.
Primeiro devemos considerar que nasceu quando seus pais ainda eram solteiros. Alguns historiadores procuraram estigmatizá-lo dizendo que era filho espúrio, mas trata-se de puro preconceito, uma vez que, como dito, seus pais eram solteiros e ninguém era espúrio pelo fato dos pais serem solteiros.
Viu a luz em Le Pallet, na Bretanha, na casa da sua querida tia paterna Denise, a qual era casada com Louis.
Depois do nascimento, sua mãe acompanhou o pai, sendo que o casal passou a morar em Paris, onde se casaram pouco depois. Astrolábio continuou morando na companhia da tia até por volta dos 20 anos de idade.
Estudou na Bretanha, onde assimilou os conceitos do Cristianismo e do Celtismo, inclusive por influência do pai, que, em certa fase da vida, voltou a morar na Bretanha.
Por volta dos 20 anos de idade foi ver a mãe no Paracleto, quando a mesma já era abadessa dessa instituição destacada. A partir daí, sua convivência com a mãe tornou-se assídua.
Para resumir, três pessoas o influenciaram profundamente: o pai, a mãe e Pedro, o Venerável, este último que era abade em Cluny.
Astrolábio era um homem erudito e escreveu muito, mas seus escritos foram destruídos, porque contrariavam os interesses da Igreja Católica, da qual passou a fazer parte.
Em determinado momento da vida, seus amigos entenderam que deveriam simular sua morte, porque estava sendo caçado pelos adeptos de um nobre que fora morto por motivações políticas, sendo que Astrolábio estava envolvido nessa luta radical.
A interferência do amigo Pedro, o Venerável, foi decisiva para Astrolábio tornar-se abade em Hauterive, na Suíça.
Permaneceu como abade por pouco tempo, durante o ano de 1162, sendo que sua queda deveu-se à morte da sua prestigiosa genitora, que o sustentava politicamente.
Continuou em Hauterive até a morte em 1171, tendo sido a “causa mortis” o envenenamento lento de que foi vítima. Ninguém ousa afirmar esse envenenamento, mas foi o que aconteceu.
Seus escritos, como dito, foram destruídos, porque falava no Celtismo e nas manifestações dos mortos, como ocorria no início do Cristianismo, na época de Paulo de Tarso.
http://cienciacosmica.com.br
Ayrton de Moraes Barbosa
São de histórias desse teor as de que mais necessitamos. Principalmente nos tempos atuais onde – apesar de toda tecnologia nas comunicações e o advento da Internet – o vazio existencial e o materialismo como meio e fim em si mesmo, parece nortear as aspirações humanas. O “amor” humano, esse sentimento que dá sentido à existência parece cada vez mais raro, piegas, ultrapassado… O sentimento do homem dá lugar às máquinas robóticas que não muito longe substituirá o trabalhador em seu afazeres, roubando-lhe o emprego e o sustento. Porém, a maior perda da criatura humana é a de não saber que o que dulcifica a vida e lhe dá significado é a presença do amor no coração dos homens.
Tereza Cristina Coelho
Gostaria de saber o que aconteceu com o filho do casal, o pequeno astrolábio!
Leila
Linda e triste mas absolutamente amorosa. Não conheço Paris….se um dia for, irei visitar o jazigo.
Karla silva
Amo esse romance, mas gostaria de saber o que acontece com astrolábio, o filho deles após sua morte !
Elza Izabel da Silva leite
Amo esse filme e um dia vou a Paris visitar seus túmulos
maria celia
parece que não consigo achara a autoria do romance !?
ANTONIO FALCÃO
GOSTARIA DE FAZER UMA CORREÇÃO. A CASA DE ABELARD QUE APARECE NA FOTO NÃO É NO MARAIS. É NA ILE DE SAINT LOUIS, LOGO ATRAS DA NOTRE DAME
Rodrigo Lavalle
Antônio, obrigado pela correção.
Karen
O que vale a pena saber é o que aconteceu com a criança? Abandonada por todos?
Fernando Martins
O fim da idade média situa-se no seculo XV e não no seculo XII, e o renascimento inicia-se no fim século XIV.
Abcs,
Fernando Martins.
Virgínia
Assisti à um filme que retrata esta triste história de amor. Chama – se ” Em nome do pai “.
cristina paziani
Não conhecia esta história, é bonita e triste, mas mostra o verdadeiro amor.
Tatiana
A segunda vez q fui a Paris, fui sózinha ( na primeira estava coma minha filha e mal conhecia a cidade!). No segundo dia da minha chegada um dos lugares q fui conhecer foi o Père Lachaise e procurei o túmulo de Abelardo e |Heloisa. A história deles é fascinante e linda. Também ví e tirei fotos da casa em que moraram. Não canso de assistir o filme “Em Nome de Deus”, q conta a história deles.
Heloisa
Meu nome foi escolhido por conta do livro As Cartas de Abelardo e Heloisa que minha mãe leu quando jovem <3
joze.bezerra
olha o picole
Heloísa
Obrigada pelo belo artigo! Adoro o meu nome e sou encantada com a história de Abelardo e Heloisa. Já os visitei em Père Lachaise, mas agora quero ver sua suposta casa. Como moro na Alemanha, quase nunca o meu nome é pronunciado certo, então eu pergunto: Não conhecem a Heloise, e suas cartas para o Abelard, na França? Pois assim é o meu nome!
Marcia Lube
Linda e triste história.
E que hino ao amor.
Foi muito bom ler o texto, muito bem escrito e relembrar de Abelardo e Heloisa.
Tony Zax
Maravilhosa a história de amor dos dois, mas como são dignas histórias para a posteridade, mencionaria além de Romeu e Julieta e Tristão e Isolda, não deixaria de fora a história de Inêa de Castro e El-Rei, nosso Patrício nobre que se tornou rei de Portugal, D. Pedro
Mage Santos
Legal vc ter escrito esse post, Zildinha.
Eu ja’ conhecia a historia e qdo decidi colocar o nome da minha segunda filha de Eloisa, li as cartas trocadas por eles nos anos em que viveram separados… São lindas e eu recomendo.
Cristina
Bonjour Zildinha parabéns por mais esta história de amor. ( histoire d’amour ). Não conhecia mais com a Conexão Paris me sinto na França e em Paris tout les jours, merci.
Feliz em saber que esta história teve fruto de um amor sincero apesar das dificuldades da época.
Paris é bem assim um romance um amor a cada segundo (La ville d’amour). merci beaucoup ma cher Zildinha.
Walfredina
Linda história de amor.
Angela
Ha 3 anos, conexão Paris me permitiu conhecer Paris orientando nossos passeios a pé.
Hoje vocês são meu livro de cabeceira. Amo suas histórias e post.
Maria Emilia
Belo post. Também tenho curiosidade a respeito do filho deles!
Estevão Lucio
Artigo muito bem escrito e ilustrado com belas fotos de Paris. Parabéns!!!
Denise Simonetto
Tenho um filme em DVD sobre essa história… é lindo… Chama-se “Em nome de Deus”.
Karin
O que aconteceu ao filho de Abelardo e Heloísa? Ele se casou, teve filhos, deu continuidade ao nome de Abelardo?
Mauricio Christovão
Bela pesquisa da Zildinha. Parabéns!!! Já conhecia essa bela e triste história, mas não com tantos detalhes.
Joe
Só complementado o belo artigo da Zildinha, o endereço da suposta antiga residência de abelardo e Heloíse é: 9-11, Quai aux fleurs, IV arrodissement. Já o endereço do furioso tio de Heloíse, Monsieur Fulbert, é o 1, Rue des Chantres, quase ao lado da casa em que o casal teria vivido. Parabéns mais uma vez pelo excelente artigo Conexão.