As mulheres francesas estão fazendo um movimento para a retirada da escolha Mademoiselle (senhorita) dos formulários administrativos.
Ao preencher um papel ligado à administração do estado, os homens franceses assinalam simplesmente Monsieur (senhor). Termo empregado tanto para os casados como os solteiros.
Na mesma situação, as mulheres devem escolher entre Madame (senhora) para as casadas ou Mademoiselle (senhorita) para as solteiras.
Tenho encontrado na mídia artigos críticos à este movimento. Os argumentos avançados são conhecidos e sempre retirados das gavetas diante de qualquer novidade: “para que se preocupar com detalhes bobos”, “por que não atacar questões mais graves”. E lá vem a lista dos “verdadeiros” problemas: disparidade salarial, situação da mulher nos países árabes…
A linguagem reflete a realidade do mundo e o Mademoiselle é um termo condescendente e um dos símbolo das inegalidades. Por que definir a mulher em função da sua relação com o homem?
Nos Estados Unidos o Ms passou a ser utilizado após uma longa luta feminista. No Canadá o Madame para todas já era corrente, quando em 1976 foi oficialmente eliminado o Mademoiselle. A Alemanha já retirou dos papéis oficiais o Fräulein há muito tempo.
Em artigo recente, jornalista Claire Levenson manda um recado irônico aos defensores do Mademoiselle: o termo não reflete mais nenhuma situação real. Talvez ele seja utilizado, hoje, somente por sedutores que querem dizer à mulher que ela tem uma aparência jovem. Situação totalmente ultrapassada, out e demodée.
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32 Comentários
David
O homem e a mulher tem os seus papéis diferentes. E nunca serão iguais.
David
Temos que lembrar que homem não é igual a mulher, e que não devemos ser igualitários.
Deise Amaral
Começamos uma discussão sobre isso aqui no meu setor no serviço, o mesmo acontece com o tal do “presidenta” aqui no Brasil.. a sociedade não consegue definir o que quer ou não, como quer ser chamado/tratado uma hora esta tudo normal outrora reclama.
O “professeur” na frança não esta sofrendo estas mudanças? na minha aula de francês o professor falou que estavam aderindo a ideia no feminino “professeur+e” isso é verdade?
Marina
Concordo com a retirada dos documentos oficiais. Realmente o fato de estar casada ou não não deveria interferir no pronome de tratamento. Mas no cotidiano, eu defendo a permanência. Acho uma gracinha…
Sil
O “miss” em inglês já acabou faz tempo, foi substituído pelo “ms”. Ponto pas feministas! Esse tratamento é anacrônico, espero que mude. Ou eles cunham uma sigla indiferenciada, ou “madame” pra todo mundo. Quanto à juventudo, nunca houve um tratamento “jovial” pros homens. É Monsieur e pronto.
Melissa xavier
Sempre fui chamada de madame por todos desde a primeira vez que fui a frança em 2002,na epoca era bem jovem e ja me tratavam como madame.Realmente não se usa o mademoiselle
Heloísa
Demodê é o assunto, não interfere em nada.
geraldo falcao
Mademoiselle, um pronome de tratamento tão bonito, porque chamar uma garota de 14 anos de Madame? Mademoiselle, tem uma sonoridade mais bonita . Não vem ao caso uma questão de preconceito.
Márcia-blog Mulher Casada Viaja
Não acho bobagem essa discussão. A língua é viva e muda junto com a sociedade. Novas expressões surgem tão rapidamente quanto outras caem em desuso. Por outro lado, de nada adianta uma mudança sintética na língua, por força de lei, se o tratamento real entre homens e mulheres continuar a ser desigual, seja no trabalho, seja na vida social.
Tatiane
Eu particularmente não vejo no madame ou mademoiselle ar pejorativo.
mas acho sim muito estranho dizer Madame (Sobrenome do marido), Nome da pessoa. ao invés de Madame (nome da pessoa) como fazemos no Brasil. isso sempre me soa estranho, mas vejo como algo cultural, tradição e não como preconceito contra as mulheres casadas ou solteiras.
achava era engraçado quando perguntavam meu nome é eu dizia os 3 sobrenomes (da mãe, do pai e do marido). muitos achavam engraçado.
jessica
Mas Mademoiselle soa para mim como se estivessem me chamando de senhora, como se eu fosse uma velha, acho muito estranho um Madame para mim.
diso
eu não sei porque tanta preocupação com essa palavra mademoiselle,tem tanta outras coisas maior es no mundo para o povo se preocupar
evely
ola quero saber oque os garçon fala na entrada de restourante bonjour marmoserl alguma coisa assim
Enaldo
Questão interessante, mas fico na dúvida: um senhor ou uma senhora da terceira idade, por exemplo, deveria tratar as jovens estudantes por “madame”?
conexaoparis
Enaldo
Um professor trata suas estudantes por mademoiselle. Neste caso o termo não é utilizado em função de uma relação com o homem e sim em função da idade. Quando as adolescentes entram na idade adulta, deveriam ser tratadas por madame.
Jane Curiosa
Madá
É verdade.Nem havia pensado nisso.
Madá
Concordo com o fim da Mademoiselle no tratamento oficial.
Já a exigência de informar o nome de solteira vai permancer enquanto as próprias mulheres insistirem em mudar de nome ao casar, algo não obrigatório há mais de 30 anos no Brasil. A exigência dessa informação em formulários como vistos e passaporte é uma questão de manter a consistência entre documentos.
Mauricio Christovão
Mirelle: Entendi, e sou contra qualquer forma de discriminação. Acho válido que as mulheres tenham uma forma de tratamento independentedo seu estao civil. Entretanto, despersonalizar os currículos é um pouco forte, não?
As pessoas não são só os seus CVs.
Madame Jane Curiosa
Ih,foi.
Eu ainda acrescentaria algumas coisinhas,mas estou bem cansada e a minha idéia central está aí esboçada.
Jane Curiosa
Mirelle
Observo a situação de forma um pouquinho diferente.
Preencher um formulário,significa também proteger e ajudar o entrevistador a não
ferir nenhuma susceptibilidade do entrevistado. Eu,particularmente,acho gentil e elegante essa maneira dos franceses dirigirem-se às mulheres. Se ela já for avançada em idade e ainda não casou,talvez ela prefira que tudo fique resumido ali,na delicadeza de ser tratada como “mademoiselle”.Eu preferiria.Ponto.Concordo,que o mesmo poderia acontecer aos homens.Mas os homens possuem uma compreensão mais racional de como funciona o mundo, e além disso não os vemos como a parte sensível por haver se tornado um solteirão,vá lá.
Quanto ao demais tópicos,não considero sequer razoável convocar para entrevista uma pessoa da qual eu apenas tenha informações técnicas,por assim dizer.Isso é despersonalizar o ser humano.
Podemos dispensar tratamento indiferenciado à máquinas,não a homens e mulhees.
Madame Sophia
Bravo!
Deixemos o “mademoiselle” para os galanteios. Para os documentos, abaixo a identificação da mulher de acordo com seu vínculo matrimonial.
mirelle
Mauricio, O debate não é para tirar a palavra do uso cotidiano e sim dos documentos oficiais que preenchemos. Vou tentar explicar melhor o raciocinio. A França é o pais da igualidade, certo? E tenta (ou diz tentar) colocar leis que tratam de maneira igualitaria homens e mulheres, franceses e estrangeiros, e assim por diante. O que incomoda não é ser chamada de madame ou mademoiselle, é ser obrigada a contar pra todo mundo, ao preencher um documento, se você é casada ou solteira.
As mulheres francesas simplesmente querem ter o direito de não darem essa informação quando ela não é necessaria. Que diferença faz pra minha universidade se eu sou solteira ou casada? Sendo um ou outro, devo ter garantido os mesmos direitos que todos os outros alunos, certo? Então não tem razão de me perguntar na minha ficha de matricula se eu sou madame ou mademoiselle.
Pra você ter ideia de como isso é levado a serio por aqui, estao tentando fazer passar uma lei que proibe as empresas de perguntar ate mesmo o nome dos canditados nos curriculos. A tal lei diz que uma pessoa deve ser contratada por suas competências e não por ser homem ou mulher, francês ou arabe, novo ou velho. Então querem tirar dos CVs todas essas informações para dar assim, garantia de que você sera escolhido pelas suas competencias profissionais. A lei não passou mas seria o maximo, não? O RH recebe um curriculo e não sabe se você tem 24 ou 50 anos, se é homem ou mulher, se o seu sobrenome é super tradicional francês ou arabe e nem em que bairro você mora. So durante a entrevista ele vai saber. Todos com as mesmas oportunidades de chegar até cara a cara com o empregador, isso porque aqui na França, principalmente de uns tempos pra ca, que a crise voltou a crescer, tem rolado muita discriminação até mesmo nas entrevistas. Pessoas com sobrenomes arabes têm mais dificuldades de chegar até a fase da entrevista.
A França é um pais onde vc pode mudar tranquilamente o seu sobrenome, se for estrangeiro pode inclusive “afrancesa-lo” para que você não tenha problemas como este na procura por um emprego. Muitos arabes fazem isso, alias.
Se é o pais da igualdade, que seja da raiz até as pontas.
cham. O leitor françês
Pois é. E indo mais embora, poderíamos acabar com o Monsieur (Meu senhor) pois vivemos em democracias republicanas onde ninguém (normalmente) é o vassalo de qualquer outro. Qual seria o novo título democrático mais adequado?
Cara, mano, irmão,homem, mulher,brother,……?
Mauricio Christovão
Indo nessa direção, podemos acabar também com o “miss” em inglês e o “senhorita” em português…
eidia
Gostei disso. Não tinha pensado a respeito.
eidia
cham. O leitor françês
Brincando com problemas semânticos , esqueci lhes apresentar um livro escrito por uma das nossas maiores jornalistas francesas Christine Ockrent e traduzido por minha prezada amiga Nicia Bonatti, agora disponível no Brasil:
“O livro negro da condição das mulheres”
http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/as-principais-violacoes-aos-direitos-das-mulheres-no-mundo
cham. O leitor françês
O distraído do assunto é que ainda algumas mulheres insistem em serem chamadas Mademoiselle, precisando deste modo que elas não estão atadas a qualquer homem e ficam livres de toda forma de dominação masculina.
O significado de Mademoiselle foi deformado pelo tempo e o uso, pois designava à origem uma mulher casada ou não que não era nobre. A palavra “Dame” (Madame) era reservada às mulheres da aristocracia.
No teatro e especialmente à “Comédie française” ou as vezes no cinema a tradição quer que chamem as atrizes Mademoiselle. Mademoiselle Catherine Deneuve,….
Acho que nos formulários administrativos esta diferenciação deveria ser retirada, porem Mademoiselle não merece desaparecer da nossa língua, pois a palavra usada com inteligencia pode também ser uma forma de homenagem.
Raissa
Eu também andei acompanhando a discussão e sou completamente a favor do fim do uso de ‘mademoiselle’. Além de todos os argumentos magnificamente citados acima, eu ainda acrescento um: estamos pedindo a retirada dos documentos oficiais. Não estamos falando que alguém, quando quer nos elogiar, não deva nos chamar de mademoiselle. Não estamos tentando acabar com o romance. Não estamos sendo chatas. Estamos pedindo igualdade de tratamento: é monsieur e madame e fim de papo.
[E espero que tirem a babaquice do nom de jeune fille do papel também.]
Leandro Ramos
Muito interessante o post. Se há constrangimento, que saia já de todos os formulários e sobretudo de qualquer conotação que possa fazer lembrar algum dissabor a que já viveu. Fiquemos com a graciosidade do musical mademoiselle em relações de gentileza e admiração à mulher. À bientôt
mirelle
O buraco é muito, muito mais embaixo. Participei de um debate aqui em Lyon sobre o tema. Um encontro maravilhoso com feministas de varios paises, todas contra o uso do mademoiselle. Vale lembrar que existe uma palavra equivalente para os homens, o damoiseau – que ninguem mais sequer conhece, muito menos usa.
Outra coisa que vale informar aos leitores é que mademoiselle não tem nenhuma validade legal, ja que ha muito existe uma lei que diz que orgãos do governo não devem fazer diferença alguma no tratamento de homens e mulheres. O problema é cultural. Os franceses se recusam a deixar mais uma tradição (machista, muito machista) se perder. A tal lei diz que os documentos oficiais devem conter apenas madame e monsieur. Por que não fazer como no Brasil, onde devemos apenas responder nome e sobrenome e depois colocarmos o sexo e estado civil? Todos preenchem o mesmo formulario, respondem às mesmas questões – homens e mulheres.
E discordo totalmente do argumento de que ha coisas mais importantes para discutir. Não vejo porque devemos deixar de lado uma causa “menor” por outras “mais importantes”. Somos tão limitados que não podemos discutir tudo de uma so vez? E mais, as mulheres foram consquistando espaço na sociedade atraves de “pequenas lutas” por igualdade como essa. Se existem duas formas de se dirigir aos homens e duas para as mulheres, porque aplicar apenas às mulheres as formas que fazem diferença de estado civil?
O que eu mais gostei nessa campanha toda foi ter a esperança de finalmente acabar com o infeliz “nom de jeune fille” nos formularios, o nome de mocinha. Isso sim, é extremamente démode.
Abraços,
cibelly
De fato, mademoiselle é, para mim, uma das mais charmosas e sonoras palavras do francês. Seria uma pena deixar de ouvi-la…
E concordo que há temas muito mais relevantes do universo feminino francês a serem tratados…
Fernanda H.
Assunto polêmico, né, Lina. Realmente é idiota esta diferenciação, ainda mais hoje em dia aqui na França, em que as pessoas se casam oficialmente cada vez menos (a maioria dos meus amigos é “juntado” mesmo, nem pax não faz).
Mas olha, é bobo e ultrapassado, eu sei, mas eu tenho que confessar que gosto de ouvir um “Bonjour Mademoiselle” – que mulher não gosta de se sentir jovem? E tb adoro a sonoridade da palavra! Sera’ que não se poderia abolir o Madame e ficamos todas Mademoiselles? 😉