O presidente da famosa marca Guerlain, em recente entrevista, declarou: eu trabalhei como um nègre, eu não sei se os nègres sempre trabalharam muito, enfim…
Na França, a palavra nègre é pejorativa.
Audrey Pulvar, jornalista francesa, responde no seu blog: Nègre eu sou e nègre serei. E cita o grande poeta francês Aimé Césaire, originário da Martinique. Diante de um insulto racista, Césaire respondeu: Eh bien, le nègre, il t’emmerde. Esta expressão poderia ser traduzida por ele te enche o saco. O negro responde ao branco racista: eu te encho o saco.
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19 Comentários
solange
O preconceito é frequente contra o diverso, o outro que difere de nós e de nossa matilha, a que nos garante a segurança. Exemplos brasileiros? não faltam.Senão vejamos alguns estereotipos culturais:
Carioca: irresponsavel, superficial, malandro.
Paulista: cascateiro, gosta de contar vantagem
Nordestino: aproveitador, ” entrão” , voce dá o dedo e eles querem o braço
Mineiro: manhoso, fingido, espertalhão, traiçoeiro
Gaucho: fanfarrão, metido a valente
E por aí vai.
Carla B.
Ricardo,
Seu relato me lembrou uma entrevista de Chico Buarque, onde ele relatou agressões à residência de sua filha e Carlinhos Brown no Rio de Janeiro. Eles se mudaram e Chico disse que quando o casal vai ao Rio fica hospedado na casa de Marieta. Tenha certeza que a carteira de Brown é igualmente recheada. Talvez o negro rico seja mais aceito socialmente, mas infelizmente acho que o preconceito ainda permanece forte em nosso país.
Ricardo
Sem dúvida o preconceito não é só contra o negro. Há também preconceito contra as mulheres, contra religiões, etc. Mas discordo que o preconceito seja contra o pobre, e que a conta bancária resolve tudo. Assisti a um depoimento do Gilberto Gil em que lhe foi negada a compra de uma casa em um bairro nobre de São Paulo, por racismo (há dúvidas sobre o quão recheada é sua conta bancária?).
solange
Acho curioso que de repente- e é recente, parece até que num registro ideológico- desapareceram os mulatos de nosso Brasil ” enzoneiro”, mestiço até onde se possa ser.
E musicas tradicionais- Mulata assanhada, Nega do cabelo duro, etc, tornaram-se anátema.Ai de quem cantar!!!!! Agora, se voce tiver uma gotinha que seja de sangue negro- e quem não tem, por acá????_ virou “Negro”, com orgulho e letras maiusculas.
Mulatos de todo o Brasil, unamo-nos!!!!! Chega de exclusão!!! porque o ” sangue” ( na verdade, a pele com algum resquicio visivel de melanina) negro tem de predominar sobre os demais????
jose mauricio
Em português antigo dizia-se: “Trabalhar como um mouro”, e os mouros não eram escravos na Península Ibérica, ao que eu saiba. Talvez “mouro” fosse um eufemismo para negro, por terem a pele mais escura que os portugueses. Preconceitos, é difícil não tê-los, mas a gente se esforça…
Walter Leite
NÃO SOU NEGRO MAS A PARTIR DE HOJE NÃO COMPRO NADA DA MARCA GUERLAIN.
Rogéria
Morei em Paris por 2 anos.
Sou brasileira, branca, mas o tempo todo senti o preconceito.
Os franceses são tão preconceituosos como nós brasileiros…
C’est la vie…
HÉLIO JR
O preconceito por alguns na França não é apenas em relação aos negros…Conversando com uma jovem brasileira, de origem coreana e estudando em Paris há alguns meses, percebi o descontentamento da moça em relação ao tratamento dispensado a ela, que desconsolada setenciou: “Talvez seja por minha raça…”
Cláudia Oiticica
O preconceito existe em todo lugar. Já ouvi diversas vezes a expressão “Paris et la province”, como se a França fosse só Paris e o “resto”.
Mas o Jorge tocou no ponto principal; a conta bancária é o melhor antídoto
para qualquer um deles, seja de origem racial ou regional.
Alguém se lembra do pedido de desculpas do diretor da Hermès à Oprah Winfrey?
Alexandre
Talvez o preconceito fosse mais evidente algumas décadas atrás, hoje ele é mais camuflado ou vigiado. Nós, no Brasil, estamos deixando de ser uma nação miscigenada para ser meramente branca ou negra. E isso é péssimo. Mas como disse o Antônio, o preconceito, na realidade, é contra o pobre.
É um assunto delicado e facilmente explosivo. Preconceito não é coisa do passado, todo mundo tem e todo mundo sofre (independente do quão civilizado, da etinia, cor da pele, religião, sexo etc). Acredito também que dificilmente deixará de existir, mas é preciso dialogar para se conviver melhor – e por enquanto, todo mundo está apenas gritando.
Emilie, não entendi seu comentário.
Claudia Amado
Adorei o post monsier Guerlain com certeza derrapou. Resta saber se o tal perfume criado e que tanto trabalho lhe deu tenha aroma melhor do que a declaração.
Ha!!! Os negros trabalharam muito sim e com muito de sua cultura nos deram lições de resistência e coragem.
jorge fortunato
Continuando
Embora, independenetemente da cor, os brasileiros sofrem preconceito, pelo simples fato de serem brasileiros.
jorge fortunato
Emilie
Não entendi “os brasileiros jogam a poeira para de baixo do tapete”.
Eu não tiro meu corpo fora. Até porque, como negro, sei bem o que passo em alguns lugares, onde é necessário enfrentar os preconceitos. Tenho enfrentado isso desde sempre, seja no Brasil ou em terras estrangeiras. Porém, sabemos que o preconceito “desaparece” de acordo com a conta bancária.
Emilie
É engraçado que nenhum dos comentários acima,conseguiu chegar no ponto da matéria citada. E assim como os que comentaram aqui, a maior parte da sociedade brasileira tira o corpo fora de algo tão absurdo. Mais uma vez, os brasileiros jogam a poeira para de baixo do tapete.
Mariana
Acho que esse senhor faz até um favor mostrando que preconceitos existem… e devem ser combatidos.
mas nao estou muito segura de que a traduçao seja “eu te encho o s… “, acho que é “vai se f…”, um jeito de mandar o outro pastar… enfim, nao tenho certeza e nem é importante.
O artigo dela é ótimo mesmo. Adoro ouvir rádio!
Cláudia Oiticica
Não vou generalizar e dizer que a sociedade francesa é racista, mas a maneira como eles chamam ghost-writer tem essa conotação.
Estranhei muito quando assisti ao ótimo filme de Claude Lelouch, Crimes de Autor (Roman de Gare), e descobri que ele usam a palavra “nègre” para essa função. No mínimo é de mau gosto.
Antonio Ferro
Explodem em todo o mundo dito “civilizado” manifestações de preconceito contra o origem e descendência de pessoas. Nunca, nos tempos atuais esteve tão em evidência falar de preconceito. Na Europa contra os imigrantes, nos Eua contra os asiáticos em geral e no Brasil como sempre, contra os Nordestinos. No fundo mesmo o preconceito é contra o pobre, seja ele de qual nacionalidade, cor ou etnia for. Estamos vivendo um perído muito parecido como que antecedeu as duas grandes guerras mundiais. Tomara que essa “onda” passe logo.
jorge fortunato
Em tempo: adapatar-se à sociedade falsa, mas sempre combater os preconceitos de todo ordem.
jorge fortunato
Lembro aqui no Rio de uma socialite, cujo nome, prefiro não dizer, que falou a mesma coisa “trabalhei como uma negra”. De certo, devem fazer referência ao período da vergonhosa escravidão, quando negros trabalhavam sem parar. Em português acho que o pejorativo seria o “crioulo” ou preto, já o correto é chamar negro. No Brasil somos todos mestiços. Até FHC disse ser mulato. O fato é que o preconceito racial, social e sexual existe e sempre existirá. Vivemos numa sociedade falsa. O jeito é ir se adaptando.