Sophie Calle é uma das artistas mais interessantes da cena artística internacional.
Ela faz da sua vida a sua obra e tudo que acontece com ela acaba virando assunto para as suas performances e exposições. Na bienal de Veneza 2007 ela apresentou uma obra interessante que está hoje exposta em Paris. Para desfrutarem desta obra é preciso saber o fato biográfico que deu origem a obra.
Um dia Sophie Calle recebeu uma carta de ruptura. Um namorado que rompe a relação amorosa por carta. Não sabendo como responde-la Sophie pede a 107 mulheres para lerem a carta. Foram 107 mulheres de nacionalidades diversas e profissões variadas que deram a resposta ao ex-namorado da artista. Grandissíssima idéia.
A exposição está na Bibliothèque Nationale e se chama Prenez soin de vous ou Cuide-se bem, a forma como o namorado terminou a carta.
As respostas foram filmadas e os vídeos estão colocados na sala de leitura da Biblioteca, que por si só já é um lugar mágico.
Arielle Dombasle lê a carta em francês,
Diam, uma jovem cantora de rap canta a resposta no estúdio de gravação,
Ingrid Caven em alemão…
Enquanto isto uma grande tela passa todos os vídeos, uns após os outros. O texto foi dançado por dançarinas , criticado por uma crítica literária, dissecado em todas as formas possíveis.
As vozes vindas dos vídeos e um fundo musical repetitivo cria um murmúrio que vai aos poucos hipnotizando os visitantes. Não percam.
A Biblioteca fica logo atrás do Palais Royal e não muito longe do museu do Louvre.
Bibliotèque Nationale de France – Site Richilieu – 58 rue de Richilieu 75002 Paris – metrô Bourse e Palais Royal.
Exposição aberta até 15 de junho.
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13 Comentários
maria antonia santos damasio
UMA QUESTÃO ESPECULAR
Vivemos em um mundo de infinitas possibilidades ou estamos fadados às mazelas do destino? Quem sabe faz a hora ou espera acontecer?
É quase impossível não se mobilizar diante do belo, capturado por diversas lentes, orientado pelo indiscutível primor estético de Sophie Callie. Para os menestréis da música, o canto, para os amantes da dança, o requinte de uma performance indiana, para os que se satisfazem com uma inquietante experiência literária a exposição é um banquete.
A arte como manifestação do humano é verdadeiramente sublime, indescritível, intangível, arrebatadora. Visitar a exposição é se colocar no plano do deleite, da re-significação. Vivencia-se ali, uma experiência de ruptura, de frustração, transformada em percurso pela estética do belo. Aquilo que é.
Mas do que se trata, afinal? De uma correspondência de despedida eletronicamente enviada e fadada ao sucesso. Mas de quem é a autoria? Um certo senhor x, que não por acaso se coloca como enigma frente ao qual Sophie responde como pergunta que não quer calar. O remetente, cujo papel social é de escritor, demonstra seu manejo equivocado com a língua, para não dizer que não falei de amores. O que presenciamos é um Tratado de imperícia com a Mulher. E não estamos falando de uma mulher qualquer.
Falamos de uma mulher inteligente, independente e bem sucedida. Uma legítima e distinta representante da horda das poderosas mulheres fálicas.Fato facilmente comprovado pelo acesso a outras, igualmente dignas, representantes dessa ordem. Mulheres que dizem a que vieram e que falam por Sophie num requintado jogo de como se… faz de conta que… e se eu fosse Sophie.
Se eu fosse Sophie, certamente me diria: cale-se bem. Diante daquela correspondência não haveria resposta possível, cabível, praticável. Há um entrave na Língua, não pode dizer tudo.
Olhando-me no espelho, sendo Sophie me diria “ como ousas me abandonar?”. Esse é o subtítulo que permeia a exposição. Há aí uma questão especular. Especulemos. O que faz de Sophie um ser tão especial que seria capaz de converter a doutrina do malandro sedutor em moira inabalável? Não se trata de uma ode aos cafajestes, mas de lançar um novo olhar, um olhar de novo sobre as velhas práticas, os antigos e incrustrados hábitos.
Um homem de muitas mulheres poderia, todavia, ser de apenas uma? E aí estamos no campo do desejo. O que permeia o desejo de Sophie, uma mulher elegante, talentosa, que certamente ao falar faz biquinhos? O desejo de se oferecer enquanto complemento desse Outro enigmático, parece arrebatador. A necessidade de ser-toda, única e suficientemente boa ultrapassa a barreira cultural.
Nesse sentido nós, mulheres, latinas, nos identificamos e nos solidarizamos com Sophie.Todo castigo para o Sr. X é pouco. Em nenhum momento ele deixou em
entrever sua faceta marota, sua impossibilidade de fazer de Sophie a sua mulher. O abandono foi absolutamente “surpreendente” Que outra alternativa Sophie ofereceu? Se diante do destino o Sr enigma sempre sucumbiu,porque com ela haveria de ser diferente?
Onde está a responsabilidade da hábil escritora em sua escolha? Qual a parte que lhe cabe nesse imenso latifúndio? O “pobre” senhor fora acometido por uma implacável necessidade de se afastar, foi compelido para longe, por uma força magnética, que repele, com a mesma magnitude, todos os não-opostos.
Quem pode resistir ao desejo? Naufraguemos nele. O sr x sucumbiu.Sophie cuidou atentamente de si.
KELLY CRISTINA
SIMPLESMENTE MÁGICO!!!
UM BEIJO COM TRÊS CORES AO REDOR DA ALMA!!
KELLY
ellena
Sophie
Há algum tempo venho querendo lhe escrever e responder ao seu último e-mail. Ao mesmo tempo, me pareceria melhor conversar com você e dizer o que tenho a dizer de viva voz. Mas pelo menos será por escrito.
Como você pôde ver, não tenho estado bem ultimamente. É como se não me reconhecesse na minha própria existência. Uma espécie de angústia terrível, contra a qual não posso fazer grande coisa, senão seguir adiante para tentar superá-la, como sempre fiz. Quando nos conhecemos, você impôs uma condição: não ser a “quarta”. Eu mantive o meu compromisso: há meses deixei de ver as “outras”, não achando obviamente um meio de vê-las, sem fazer de você uma delas.
Achei que isso bastasse; achei que amar você e o seu amor seriam suficientes para que a angústia que me faz sempre querer buscar outros horizontes e me impede de ser tranquilo e, sem dúvida, de ser simplesmente feliz e “generoso”, se aquietasse com o seu contato e na certeza de que o amor que você tem por mim foi o mais benéfico para mim, o mais benéfico que jamais tive, você sabe disso. Achei que a escrita seria um remédio, que meu “desassossego” se dissolveria nela para encontrar você.
Mas não. Estou pior ainda; não tenho condições sequer de lhe explicar o estado em que me encontro. Então, esta semana, comecei a procurar as “outras”. E sei bem o que isso significa para mim e em que tipo de ciclo estou entrando. Jamais menti para você e não é agora que vou começar.
Houve uma outra regra que você impôs no início de nossa história: no dia em que deixássemos de ser amantes, seria inconcebível para você me ver novamente. Você sabe que essa imposição me parece desastrosa, injusta (já que você ainda vê B., R.,…) e compreensível (obviamente…); com isso, jamais poderia me tornar seu amigo.
Mas hoje, você pode avaliar a importância da minha decisão, uma vez que estou disposto a me curvar diante da sua vontade, pois deixar de ver você e de falar com você, de apreender o seu olhar sobre as coisas e os seres e a doçura com a qual você me trata são coisas das quais sentirei uma saudade infinita. Aconteça o que acontecer, saiba que nunca deixarei de amar você da maneira que sempre amei desde que nos conhecemos, e esse amor se estenderá em mim e, tenho certeza, jamais morrerá.
Mas hoje, seria a pior das farsas manter uma situação que você sabe tão bem quanto eu ter se tornado irremediável, mesmo com todo o amor que sentimos um pelo outro. E é justamente esse amor que me obriga a ser honesto com você mais uma vez, como última prova do que houve entre nós e que permanecerá único.
Gostaria que as coisas tivessem tomado um rumo diferente.
Cuide de você.
G
marcela
Fiquei curiosa!
Quero ler a carta =DDDDDDDDDD
RenataLo
A carta está disponível para levar pra casa na exposição no Sesc Pompeia. Depois, em Salvador.
Deise Carelli
Com questões autobiográficas, a arte aproxima as pessoas Temos experiências poéticas!!!!
Patricia Ferreira
Achei o trabalho muito profundo, um jeito maravilhoso de se sair por cima de uma situação como está.
Gostaria de poder ler esta carta também.
Clark, Luana
Bonjour, Sophie!
L’exposition m’a beaucoup plus, parce que j’ai vécu quelque chose et ma réponse à “il” et de tout homme qui, en fin d’une relation par email ou par téléphone comme cela a été mon cas, ce serait exactement égal à sa “LE SALON”, exposés à tous l’art d’être abandonnés et de gauche et tourner les choses.
Félicitations pour le succès!
Luana Clark
Rosa
Poesia Pura.
romulo andrade
Interessante o trabalho da moça. Tem até alguma poesia.
romulo andrade
Pois é interessante como a arte moderna, apartir das idéias de Duchamp veio desencadeando nas linguagens da arte contemporânea uma aproximação da vida real, avida como ela é. Existem coisas muito desagradáveis de se ver de tão banais, essa tem alguma poesia.